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Decreto Estadual de Minas Gerais nº 44.972 de 02 de dezembro de 2008

Regulamenta as ações da Política Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais e dá outras providências. (O Decreto nº 44.972, de 2/12/2008, foi revogado pelo art. 14 do Decreto nº 48.139, de 25/2/2021.) O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso de atribuição que lhe confere o inciso VII do art. 90, da Constituição do Estado, e tendo em vista o disposto na Lei nº 16.296, de 1º de agosto de 2006, Lei Delegada nº 118, de 25 de janeiro de 2007, o art. 2º e inciso XVI, do art. 11 do Decreto nº 44.757, de 17 de março de 2008, e a Portaria Interministerial nº 200, de 3 de agosto de 2004, DECRETA:

Publicado por Governo do Estado de Minas Gerais

Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 2 de dezembro de 2008; 220º da Inconfidência Mineira e 187º da Independência do Brasil.


Capítulo I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º

– A Política Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais instituída pela Lei nº 16.296, de 1º de agosto de 2006, visa ao fortalecimento das economias regionais por meio da integração e da complementaridade das cadeias produtivas locais e da geração e promoção de processos permanentes de cooperação, difusão e inovação.

§ 1º

– Considera-se Arranjo Produtivo Local – APL, a aglomeração produtiva horizontal de uma cadeia de produção de determinada região do Estado, que tenha como característica principal o vínculo entre empresas e instituições públicas ou privadas, entre as quais se estabeleçam sinergias e relações de cooperação.

§ 2º

– Os APLs são identificados pela concentração espacial de empresas de um determinado setor da atividade produtiva, que se caracteriza principalmente pela intensidade das relações comerciais e de cooperação intra-aglomeração, com o ambiente institucional voltado para dar suporte ao seu desenvolvimento.

Art. 2º

– Os recursos a serem aplicados pelo Governo do Estado nos APLs serão definidos no orçamento fiscal por intermédio de ações e programas instituídos para esse fim.

Capítulo II

DOS OBJETIVOS E DE SEUS INSTRUMENTOS

Art. 3º

– São objetivos da Política Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais:

I

fortalecer a atividade produtiva regional por meio do estímulo à complementaridade das cadeias produtivas locais;

II

estimular o desenvolvimento da capacidade de inovação e da eficiência coletiva em âmbito regional;

III

divulgar, em âmbito regional, as oportunidades de aproveitamento de ocorrências externas favoráveis à atividade;

IV

favorecer o crescimento da economia mineira, com o aprimoramento da distribuição de riqueza ao longo das cadeias produtivas e o reinvestimento produtivo; e

V

facilitar o aumento e a distribuição da renda e das oportunidades de trabalho, bem como a melhoria da qualidade do trabalho.

Art. 4º

– Para a consecução dos objetivos da Política Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais, incumbe ao Estado:

I

apoiar e consolidar nas aglomerações produtivas, a atuação das micro, pequenas e médias empresas locais mediante a cooperação mútua e com instituições de pesquisa, de apoio e de prestação de serviços;

II

criar um ambiente favorável ao desenvolvimento sustentável dos APLs em Minas Gerais;

III

articular junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio – MDIC, responsável pela política nacional dos APLs, visando desenvolver ações integradas que consolidem os APLs em Minas Gerais;

IV

promover ações que viabilizem a realização de negócios com os APLs mineiros;

V

outras atividades e ações correlatas.

Art. 5º

– São instrumentos da Política Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais:

I

a pesquisa e o desenvolvimento de estatísticas e de tecnologias voltadas para a organização institucional de APLs potenciais e o aprimoramento dos existentes;

II

assistência técnica e tecnológica;

III

fomento e financiamento de atividades;

IV

investimentos em infra-estrutura e logística;

V

investimentos em programas de qualificação que priorizem demandas específicas de cada APL; e

VI

o investimento em campanhas de sensibilização e conscientização dos envolvidos, visando à divulgação dos princípios do cooperativismo e de suas características de gestão compartilhada dos negócios.

Parágrafo único

– Na implementação da Política Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais serão observadas as diretrizes de inovação, cooperação e promoção dos APLs.

Art. 6º

– Os instrumentos arrolados no art. 5º poderão ser operacionalmente subsidiados pelas seguintes ações:

I

apoio à comercialização;

II

apoio à prospecção estratégica de mercados e de tecnologias aplicadas aos APLs;

III

indução à pesquisa tecnológica aplicada aos APLs;

IV

promoção, realização e incentivo à participação em feiras, exposições e outros eventos vinculados aos setores de atividades produtivas dos APLs;

V

desenvolvimento de ações visando à regulamentação, certificação e normatização de empresas, processos e produtos vinculados aos APLs; (Vide inciso V do art. 29 do Decreto nº 47.785, de 10/12/2019.)

VI

contribuição para a criação e consolidação de estruturas de governança com capacidade de promoverem a articulação e sinergia entre os diversos atores que realizam ações nos APLs;

VII

uso do poder de compra do Estado, nos casos cabíveis, nos termos do Decreto nº 44.630, de 3 de outubro de 2007; e

VIII

apoio à internacionalização dos APLs.

Capítulo III

DOS GESTORES E SUAS COMPETÊNCIAS

Art. 7º

– Fica criado o Núcleo Gestor de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais de Minas Gerais, com o objetivo de articular as ações governamentais visando ao apoio integrado aos APLs, composto por um representante de cada um dos seguintes órgãos e instituições:

I

(Revogado pelo inciso I do art. 12 do Decreto nº 47.590, de 28/12/2018.) Dispositivo revogado: "I – Secretaria de Estado Extraordinária de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais – Seedif;" (Inciso com redação dada pelo art. 29 do Decreto nº 47.094, de 28/11/2016.)

II

Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – Sectes;

III

Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Seapa;

IV

Secretaria de Estado de Fazenda – SEF;

V

Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – Seplag;

VI

Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais – Indi;

VII

Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A. – BDMG;

VIII

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais – Sebrae-MG;

IX

Sistema Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – Fiemg; (Inciso com redação dada pelo art. 1º do Decreto nº 45.916, de 24/2/2012.)

X

Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais – Faemg.

XI

Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais – Fecomércio Minas. (Inciso acrescentado pelo art. 1º do Decreto nº 45.362, de 7/5/2010.)

XII

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana – Sedru. (Inciso acrescentado pelo art. 1º do Decreto nº 45.916, de 24/2/2012.)

§ 1º

– O representante da Sedectes será o presidente do Núcleo Gestor e sua secretaria executiva será coordenada pela Superintendência de Apoio ao Empreendedorismo e aos Arranjos Produtivos Locais da Subsecretaria de Desenvolvimento Econômico, cujo representante participará das reuniões sem direito a voto; (Parágrafo com redação dada pelo art. 7º do Decreto nº 47.590, de 28/12/2018.)

§ 2º

– Os membros do Núcleo Gestor serão designados por ato do Secretário de Estado Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a partir da indicação dos órgãos e instituições que o compõem; (Parágrafo com redação dada pelo art. 7º do Decreto nº 47.590, de 28/12/2018.)

§ 3º

– O mandato dos membros do Núcleo Gestor coincidirá com o do Governador do Estado, permitida a recondução.

§ 4º

– Cada membro do Núcleo Gestor poderá indicar ao Presidente dois suplentes, um dos quais o substituirá em seus impedimentos.

§ 5º

– As funções exercidas pelos integrantes do Núcleo Gestor são consideradas de relevante interesse público e não são remuneradas.

§ 6º

– As decisões do Núcleo Gestor serão tomadas por maioria simples de seus membros presentes à reunião, cabendo ao Presidente o voto de qualidade, no caso de empate.

§ 7º

– Poderão ser convidados pelo Núcleo Gestor representantes de outros órgãos da administração pública, da iniciativa privada, órgãos de classe e pessoas físicas dedicadas às causas do desenvolvimento das atividades vinculadas aos APLs ou a elas integradas, para participar das reuniões, sem direito a voto.

§ 8º

– O Núcleo Gestor será o representante legal junto ao Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais – GTP – APLs, coordenado pelo MDIC, de que trata a Portaria Interministerial nº 200, de 3 de agosto de 2004.

Art. 8º

– Compete à Sedectes, na condição de coordenadora da Política Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais: (Caput com redação dada pelo art. 7º do Decreto nº 47.590, de 28/12/2018.)

I

promover a articulação e a integração dos diversos atores do Estado e do Governo Federal envolvidos com o Programa de Arranjos Produtivos Locais;

II

definir as políticas estaduais de apoio aos APLs;

III

definir a proposta orçamentária anual, observadas as diretrizes aprovadas pelo Núcleo Gestor, sob orientação do órgão estadual responsável pela elaboração do orçamento fiscal do Estado;

IV

definir a aplicação de recursos orçamentários, tendo em vista os programas e ações aprovadas pelo Núcleo Gestor;

V

articular junto a agências e instituições estaduais, nacionais e internacionais visando à captação de recursos financeiros e tecnológicos;

VI

articular e celebrar convênios e contratos para o atendimento dos programas e ações de apoio aos APLs de responsabilidade do Estado;

VII

coordenar investimentos governamentais de suporte aos APLs em infra-estrutura, laboratórios de apoio e em novas tecnologias;

VIII

participar das câmaras setoriais e de cadeias produtivas vinculadas aos APLs; e

IX

celebrar contratos, convênios, acordos ou ajustes com órgãos e entidades afins, visando ao desenvolvimento dos APLs.

Art. 9º

– O Núcleo Gestor tem como principal atribuição elaborar e propor diretrizes gerais para a atuação coordenada do poder público no apoio aos APLs, em todo o Estado, além de:

I

identificar e definir os APLs que serão foco de sua ação estratégica; (Vide inciso V do art. 29 do Decreto nº 47.785, de 10/12/2019.)

II

definir critérios de ação conjunta governamental e do setor privado para o apoio e fortalecimento de APLs;

III

desenvolver ações que visem atender as necessidades dos APLs, em consonância com as diretrizes da política estabelecida pelo Governo Federal;

IV

construir um sistema de informações para o gerenciamento das ações de apoio aos APLs em parceria com órgãos e instituições públicas e privadas;

V

propor parcerias com órgãos e instituições públicas e privadas no âmbito federal, estadual e municipal;

VI

articular a inserção de ações de apoio aos APLs do Estado nos programas federais e na captação de recursos para o desenvolvimento dos planos de ação dos APLs mineiros; e

VII

exercer a função de representação do Estado no atendimento das ações de apoio aos APLs sob a coordenação de instituições federais.

Art. 10

– Compete ainda ao Núcleo Gestor em ação conjunta com outros órgãos e instituições:

I

articular, junto aos órgãos e instituições públicas e privadas, as ações de apoio aos APLs, em especial os que atuam nas áreas de agricultura, pecuária e abastecimento, industrial, comercial e de serviços, cooperativismo, artesanato, ciência e tecnologia, meio ambiente, infra-estrutura, turismo e desenvolvimento regional e políticas urbanas;

II

articular, junto às instituições de fomento, linhas de crédito destinadas aos APLs;

III

identificar, captar e divulgar novos negócios que complementem as atividades de interesse e que ampliem a competitividade dos APLs;

IV

desenvolver estratégias visando ao aprimoramento de serviços de inteligência comercial;

V

desenvolver ações para viabilizar a realização de cursos para qualificação de mão-de-obra, de acordo com a demanda dos APLs;

VI

viabilizar a realização de consultorias para o atendimento às necessidades dos empreendimentos;

VII

desenvolver programas e projetos na área comercial;

VIII

mobilizar empresas para participação em eventos nacionais e internacionais;

IX

elaborar propostas que facilitem e consolidem a atuação do governo;

X

estabelecer parcerias visando a realização de pesquisas, diagnósticos e avaliação das necessidades das empresas;

XI

apoiar a realização de feiras e visitas técnicas;

XII

promover o acesso das empresas a laboratórios de certificação de qualidade; e

XIII

apoiar a internacionalização dos APLs.

Capítulo IV

DOS CENTROS GESTORES DE INOVAÇÃO

Art. 11

– O Poder Executivo apoiará a criação, em cada APL, de um Centro Gestor de Inovação, constituído como organização sem fins lucrativos, com a função de coordenar, orientar, executar e dinamizar a produção e a difusão da inovação em produtos, processos, gestão, comercialização.

§ 1º

– O Centro Gestor de Inovação desenvolverá suas atividades com a cooperação dos agentes produtivos empresariais, das organizações de trabalhadores e de instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos prestadoras de serviços de apoio aos Arranjos Produtivos Locais.

§ 2º

– A criação de Centro Gestor de Inovação observará as diretrizes e recomendações estabelecidas na Lei nº 17.348, de 17 de janeiro de 2008, que dispõe sobre o incentivo à inovação tecnológica do Estado, assim como competitividade e internacionalização.

Capítulo V

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 12

– Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.


AÉCIO NEVES Danilo de Castro Renata Maria Paes de Vilhena Raphael Guimarães Andrade Gilman Viana Rodrigues Alberto Duque Portugal ================================ Data da última atualização: 26/2/2021.

Decreto Estadual de Minas Gerais nº 44.972 de 02 de dezembro de 2008