Anexo
JOAQUIM DOMINGOS RORIZ
ANEXO I
ESTUDO: POTENCIAL TURÍSTICO DE PLANALTINA-DF
1-ASPECTOS GERAIS
A Região Administrativa de Planaltina situa-se a 42 quilômetros de Brasília, na parte nordeste do Distrito Federal e possui uma área total de 991, 99 km². Limita-se ao norte com Planaltina de Goiás (Brasilinha), ao sul com o Paranoá (RA VIII ), ao leste com Formosa-GO e a oeste com Sobradinho (RA V).
Planaltina é uma cidade centenária, outrora pertencente ao Estado de Goiás e cuja fundação remonta aos idos de 1790. Entretanto, a fundação oficial de Planaltina foi feita a 19 de agosto de 1859 pela Lei nº 03 da Assembléia Provincial de Goiás, que criou o Distrito de Mestre d’Armas . A referida data foi, portanto, adotada como o dia de aniversário da cidade.
A mais antiga das regiões administrativas do Distrito Federal conserva, ainda, alguns centenários casarões da época colonial, que testemunharam, em 1892, a passagem da Missão Cruls, encarregada de estudar a futura localização da capital do País.
O local foi chamado, na época, de Vila Mestre d‘Armas devido a um armeiro que morou na região. Era o ponto de escoamento do ouro retirado de Goiás e esteve, também, associado ao ciclo do gado, pois ali se instalaram fazendeiros abastados que criavam grandes manadas. Em 7 de setembro de 1922, ano do primeiro centenário da Independência, foi lançada, no local, a Pedra Fundamental da futura Capital da República pelo então Presidente Epitácio Pessoa.
Com o advento da inauguração de Brasília, Planaltina foi incorporada ao quadrilátero do Distrito Federal, o que atraiu novos moradores e provocou um surto de desenvolvimento da cidade. Hoje, com 144 anos e mais de 180 mil habitantes, Planaltina não se restringe somente àquelas ruas estreitas, de casario colonial (batizado de Setor Tradicional). Suas casas históricas, infelizmente, estão desaparecendo ou se desfigurando pela ação do tempo, em virtude da falta de vontade ou de condições financeiras dos seus proprietários para conservá-las.
A cidade não pára de crescer. Vários loteamentos a assentamentos populacionais contribuíram para a expansão da Área urbana e para o crescimento demográfico. Hoje, a área urbana da bela e pacata Planaltina já passa dos 20 km², dos quais cerca de 85% das áreas regularizadas já são dotadas de infra-estrutura, com asfalto, redes de luz, de água e de esgoto.
Entretanto, ao lado da modernidade, Planaltina conserva ainda suas tradições e raízes, herança cultural do passado e de pioneiros vindos de vários pontos do país, que ajudaram a erguer a cidade. A festa da Páscoa, a Festa do Divino, a Folia de Reis, a Coroação de Nossa Senhora, a Festa de São Sebastião, a Cruzada Evangélica, a catira, as festas juninas, são exemplos de suas manifestações culturais e religiosas que estão impregnadas da cultura goiana.
Planaltina também é rica em atrativos naturais. Localizando-se em áreas de cerrados, é entrecortada por vários rios, ribeirões e córregos perenes, dos quais destacamos os Rio Preto e São Bartolomeu, que fazem parte, respectivamente, das Bacias do São Francisco e Platina. Dá área total de Planaltina, 841 km² fazem parte da Área de Proteção Ambiental do Rio São Bartolomeu. Em Planaltina, localizam-se colônias agrícolas e núcleos rurais responsáveis pela produção de cerca de 80% dos grãos comercializados no Distrito Federal, além de significativa produção de hortifrutigranjeiros.
Quanto ao setor terciário, cumpre destacar o desenvolvimento do comércio e da prestação de serviços, que são os maiores geradores de emprego no local. Já a atividade industrial e inexpressiva, sendo quase totalmente formada por pequenas agroindústrias.
2 - POTENCIAL TURÍSTICO DE PLANALTINA-DF
A região de Planaltina é privilegiada pela beleza da sua natureza. O cenário natural, nos arredores da cidade é constituído por pequenos morros (Morro do Centenário, Morro da Capelinha e adjacentes), recobertos por densa vegetação típica do cerrado, entremeado por grotas e fios d’águas cristalinos. Foi em um desses recantos naturais que, em 1922, erigiu-se a “Pedra Fundamental de Brasília”, que descreveremos mais adiante.
Os rios, ribeirões e córregos perenes da região são admiráveis, apesar da poluição que já toma conta de alguns deles. Em alguns de seus trechos, existem corredeiras que deslizam entre pedras, formando cachoeirinhas. Ao longo das margens desses rios e córregos, levantam-se densas matas tropicais, com buritizeiros, pequizeiros, bálsamos e até arvores de maior parte. Ali, pássaros e inúmeros outros animais convivem harmoniosamente com a natureza.
Muitos habitantes do local, tão carentes em atividades de lazer, sentem-se atraídos Por esse cenário natural, onde passam os fins de semana ensolarados, tomando banhos de águas e de sol, num salutar contato com a natureza. Até mesmo visitantes já descobriram o potencial ecológico de Planaltina e, sempre que visitam a cidade, freqüentam as margens de seus rios que já se tornaram verdadeiros balneários toscos e sem infra-estrutura, mas agradáveis e belos. Assim, tal ambiente é ideal para o desenvolvimento e incentivo do ecoturismo na região administrativa de Planaltina.
Eis os pontos turísticos que se destacam, seja pela sua representatividade histórica, seja pela sua beleza, ou pela capacidade de atrair estudiosos, curiosos, visitantes e a própria população local:
. Cachoeirinha do Pipiripau;
. Pedra Fundamental (Morro do Centenário);
. Morro da Capelinha (Via-Sacra);
. Vale do Amanhecer;
. Estação Ecológica de Águas Emendadas;
. Cachoeirinha do Cariru;
. Cachoeirinhas do Rio Maranhão;
. Lagoa da Piteira e Áreas de Córregos e Cerrados;
. Córrego Quinze e Áreas Verdes do Núcleo Rural Santos Dumont;
. Bica do DER e Lagoa Joaquim Medeiros;
. Museu Histórico e Artístico;
. Igrejinha de São Sebastião.
Além dos pontos turísticos já citados, a cidade é rica em eventos e manifestações religiosas, culturais e folclóricas, que constituem atrativos para turistas e população local. Dentre tais eventos, destacamos:
- Festa do Divino;
- Folia da Roça;
- Folia de Reis;
- Via-Sacra ao Vivo;
- Cruzada Evangélica;
- Artesanato;
- Músicas e Danças Típicas.
Na seqüência desse estudo, traçaremos um breve perfil dos pontos turísticos e eventos aqui arrolados. Quase todos os perfis são seguidos de sugestões para empreendimentos e/ou ações governamentais no local, no que se refere a esporte, turismo, lazer e conservação da natureza, haja vista o inter-relacionamento de tais temas.
2.1 - CACHOEIRINHA DO PIPIRIPAU
Situada a nove quilômetros de Planaltina (DF230), a Cachoeirinha do Pipiripau atrai pessoas da própria cidade e de outras localidades vizinhas.
Trata-se de corredeiras do Ribeirão Pipiripau que passam entre várias pedras, formando pequenas quedas d’água (daí o nome “cachoeirinha”).Tudo isso ladeado por rica vegetação rasteira e arvores de pequeno e médio portes; seguindo o percurso do ribeirão, formam-se matas frondosas que abrigam os mais diferentes espécimes animais, entre aves, mamíferos e répteis. A mata está cada vez mais rarefeita, em função do desmatamento provocado por lavradores inescrupulosos ou ocupações indevidas e ilegais, o que está afugentando os animais.
No local, há um barzinho rústico, onde se vendem alimentos e bebidas, e uma minúscula área para jogos e brincadeiras. Apesar de ser, na pratica, um balneário bem freqüentado e agradável, não existe ali qualquer infra-estrutura, o que seria essencial para torná-lo mais atrativo e confortável, por força de sua beleza natural.
SUGESTÕES: Sugerimos que o parque ecológico e vivencial da Cachoeira do Pipiripau (criado pela Lei 1299/96 de nossa autoria) seja dotado de estrutura básica para a comunidade melhor desfrutar o ambiente, proibindo o desmatamento, a caça e a poluição do ambiente; que a instalação de restaurante ou bares seja devidamente autorizada, registrada, fiscalizada e controlada.
2.2 - PEDRA FUNDAMENTAL (MORRO CENTENÁRIO)
Situada a nove quilômetros da cidade de Planaltina (estrada VC-129, logo após o Colégio Agrícola de Brasília), a Pedra Fundamental constitui um marco relevante na história do Brasil e de Brasília. No ano do Centenário da Independência do Brasil, em 1922, o Deputado Americano do Brasil apresentou um projeto incluindo entre as comemorações a serem celebradas o lançamento da Pedra Fundamental, da futura Capital da Republica, no Planalto Central.
O então Presidente da Republica, Epitácio Pessoa, baixou o Decreto nº 4.494, de 18 de janeiro de 1922, determinado o assentamento da Pedra Fundamental no local onde seria construída a futura Capital do País.
O Ministro da Viação, na época José Pires do Rio, na segunda quinzena de agosto de 1922, designou para a missão o Engenheiro Balduíno Ernesto de Almeida, Diretor da Estrada de Ferro de Goiás, com sede em Araguari.
Em 7 de setembro de 1922, ao meio-dia, foi assentada a Pedra Fundamental no Morro do Centenário, Serra da Independência, local de rara beleza e de onde se tem uma visão magistral da paisagem.
Em 7 de setembro de 1982, ao meio-dia, o Governador José Ornellas de Souza assinou o Decreto nº 7.010 que determinou o tombamento da Pedra Fundamental.
SUGESTÕES: Sugerimos que seja construída a “Praça da Pedra Fundamental”, com o cercamento do quadrilátero definido pelo decreto do tombamento, criação de um pomar, fontes d’água e ajardinamento; que sejam incentivados passeios, excursões e realização de eventos no local; que com a criação da Praça possa ser instalado no local um sistema de vigilância para evitar possíveis depredações e mau uso do ambiente; que sejam feitas manutenções periódicas nessa relíquia de nossa história, pois a ação do tempo já está se fazendo sentir nas rachaduras que há no piso.
2.3 - MORRO DA CAPELINHA (VIA-SACRA)
Local onde todos os anos, na Sexta-feira Santa, um grupo de atores amadores de Planaltina encena a Via-Sacra de Cristo.
Além da beleza natural desse morro e dos outros adjacentes, há a beleza dos cenários construídos nos últimos anos, que procuram reproduzir detalhes da cidade de Jerusalém.
No topo do morro, existe uma capelinha, tão singela quanto bela, erguida há muitos anos em homenagem à Nossa Senhora de Fátima, o que transformou o morro em local de peregrinações. Chega-se ao Morro da Capelinha pela BR-020 (primeira entrada à direita, antes da entrada oficial da cidade). Pelas rodovias DF-130 e DF-140, também se chega lá.
Atualmente a encenação da Via-Crucis é dotada, além dos cenários já mencionados, de recursos de iluminação e de som, que tornam o espetáculo mais bonito ainda. Acrescente-se a isso o calçamento do caminho seguido pelos fieis até o topo do morro.
A encenação começou há mais de vinte anos e, hoje, leva um público de mais de 200 mil pessoas ao local, vindos de vários lugares do Distrito Federal e de outros estados. Entre atores e organizadores ,o grupo responsável pela realização do evento conta com mais de 900 pessoas. Além da Paixão de Cristo no morro, o grupo encena, em Planaltina, o Domingo de Ramos e a Santa Ceia, dentre outras apresentações em missas e participações na Festa da Páscoa, também tradicional na cidade.
Mais que um evento religioso, a Via-Sacra de Planaltina já se tornou uma grande atração turística do Distrito Federal. Tanto é que, em 1987, o então Governador José Aparecido sancionou o Decreto nº 10.339, pelo qual a Via-Sacra do Morro da Capelinha passou a fazer parte do Calendário Oficial de eventos do Distrito Federal.
SUGESTÕES: Sugerimos que a encenação da “Santa Ceia” e da “Prisão de Cristo no Horto das Oliveiras” sejam feitas no próprio morro da Capelinha, na Quinta-Feira Santa. A Igreja organizaria uma grande procissão, aproximadamente às 16 h, quando teria o inicio o espetáculo. Às 18 h os fiéis acenderiam velas e tochas, perfilando-se nas duas margens da estrada que leva ao topo do morro, onde seria celebrada rápida missa. Além de um evento religioso, seria um belo espetáculo que atrairia mais a atenção do público e visitante ao local, para o que já mantivemos contato com o Grupo “Via-Sacra ao Vivo” no sentido de implementar tal sugestão. Sugerimos, ainda, que sejam feitas outras atividades no morro e nas áreas adjacentes, tais como passeios, excursões, eventos esportivos e, mesmo, festivos.
2.4 - VALE DO AMANHECER
Tido como o maior e mais impressionante fenômeno de sincretismo religioso do país, o Vale do Amanhecer cultiva rituais e entidades de religiões afro-brasileiras, indígenas, egípcias, ciganas, incas, astecas e maias. Lá se realizam cotidianamente mais de cem rituais. Os trajes dos médiuns e as imagens de entidades, expostas ao ar livre e no Templo, fazem do Vale um cenário quase surrealista. Foi fundado em 1969 pela sergipana Neiva Chaves Zelaya, mais conhecida como tia Neiva, uma ex-motorista de caminhão, com poderes extra-sensoriais. O Vale do Amanhecer fica localizado no km 10 da Rodovia DF-15, a cerca de cinco quilômetros da cidade de Planaltina.
2.5 - ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ÁGUAS EMENDADAS
Por ser uma área de grande importância para a preservação dos ecossistemas naturais, a região de Águas Emendadas foi alçada à condição de estação ecológica pelo Decreto Distrital nº 11.137, de 16 de junho de 1988. Por isso, a visitação ao local só é permitida a pesquisadores, mediante prévia autorização da Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia.
Com uma área de aproximadamente 10.000 hectares, é a mais importante reserva natural do Distrito Federal. Lá ocorre o fenômeno singular da união das duas maiores bacias da América Latina, a Amazônica e a Platina, perfazendo uma vereda de 6 km de extensão. É um dos acidentes geográficos de maior expressão do Brasil e do mundo.
Compreende a Lagoa Bonita e uma extensa área de cerrado quase intacta, rica em espécimes vegetais e animais típicos das duas bacias. Lá, ainda se encontram animais ameaçados de extinção, como a anta, a onça e o lobo-guará.
2.6 - CACHOEIRINHA DO CARIRU
Situada a 42 quilômetros de Planaltina, na Colônia Agrícola Cariru, essa cachoeirinha é muito parecida com a do Ribeirão Pipiripau: corredeiras que deslizam entre pedras e formam pequenas quedas d’água. É um local muito bonito e procurado pelos banhistas, sobretudo nos finais de semana. Ao longo do curso da água, estende-se uma considerável vegetação típica do cerrado, que abriga pequenos animais silvestres. O local já foi muito devastado pela ação dos agricultores daquela colônia agrícola. Chega-se lá pela DF-130, DF-260 e DF-120.
2.7 - CACHOEIRINHAS DO RIO MARANHÃO
São quedas d’água também pequenas das ramificações do Rio Maranhão, localizadas a 12 quilômetros da cidade de Planaltina, no Condomínio Rural Morumbi. Também é um local muito procurado pelos banhistas e pelos adeptos do turismo ecológico, em virtude da beleza de sua flora e da limpidez de suas águas.
2.8 - LAGOA DA PITEIRA E ÁREAS DE CÓRREGOS E CERRADOS
Lagoa, córregos, brejos, matas e áreas de cerrado, situados paralelamente à Av. Maranhão e ao Setor Sul estendendo-se até o Bairro Nossa Senhora de Fátima. Região que antigamente era constituída de fauna e flora exuberantes, hoje encontra-se poluída e quase totalmente devastada. É uma pena que uma região tão bonita acabe assim pela ação descontrolada do homem. O esgoto cai nas águas do Ribeirão Mestre d’Armas, sem nenhuma espécie de tratamento; chacareiros inescrupulosos desmatam a região; os animais são destruídos por caçadores e pela ação do esgoto. Mas ainda há o que salvar junto “aqueles cursos d’água e áreas pantanosas: sobram pequenas manchas de matas e ainda são vistos muitos animais outrora abundantes, tais como: capivaras, coelhos, preás, patulis, vários anfíbios jacarés e outros. É uma mostra significativa da fauna e flora típicas do cerrado, tão próxima da área urbana.
SUGESTÕES: Sugerimos a implantação de um projeto de despoluição dos rios e córregos localizados no perímetro urbano de Planaltina; que o esgoto receba prévio tratamento antes de ser lançado no ambiente; que sejam criadas unidades de conservação da natureza e que se proíba definitivamente o desmatamento e atividades atentatórias ao meio ambiente; que se promova um estudo aprofundado do potencial ecológico da área citada nesse item, para servir de sinalização para futuras atividades governamentais que visem à conservação do ambiente natural e incentivo ao turismo ecológico.
2.9 - CÓRREGO QUINZE E ÁREAS VERDES DO NÚCLEO RURAL SANTOS DUMONT
Situado no Núcleo Rural Santos Dumont, o Córrego Quinze é também muito procurado pelas pessoas que admiram recantos agradáveis da natureza, onde possam tomar banho de sol, pescar e, até mesmo, acampar. A vegetação dos seus arredores continua rica e bela, apesar do desmatamento provocado pela atividade agrícola do núcleo rural. Outrora, a flora e a fauna da região eram mais exuberantes e admiráveis ainda, razão por que a área verde restante precisa ser efetivamente preservada.
O Núcleo Rural Santos Dumont situa-se a sete quilômetros da cidade de Planaltina, logo após o Vale do Amanhecer. É uma região que possui extensas áreas verdes, recortadas por córregos e regos d’água muito atraentes. Possui elevações belíssimas, recobertas por densas matas que abrigam vários espécimes da fauna da região.
SUGESTÕES: Sugerimos que sejam incentivadas excursões, prática de esporte e atividades de lazer no local, transformando o Córrego Quinze num balneário com estrutura para a pesca esportiva e o camping; que se desenvolvam ações no sentido de realmente preservar esse ambiente natural, protegendo-o sobretudo do desmatamento e da poluição, incentivando o trabalho dos produtores do Núcleo Rural Santos Dumont, que vêm lutando pela preservação daquele local.
2.10 - BICA DO DER E LAGOA JOAQUIM MEDEIROS
Essa bica ficou assim conhecida pelo fato de a água ter sido tubulada até o local pelo Departamento de Estradas de Rodagem – DER, para carregamento de caminhões pipa.
Várias pessoas, por não terem outra opção de lazer, dirigem-se até lá, em dias ensolarados, para se refrescarem naquelas águas. Nas adjacências, há uma área de mata e cerrado muito bonita, entrecortada por grotas, regos e minas d’água.
No local, há um barzinho rústico que serve bebidas e tira-gostos para as pessoas que usam a bica como balneário e, até, como lavatório de carros. Não existe fiscalização e, por isso, esse barzinho deixa muito a desejar em termos de higiene e preços.
A bica do DER fica a cerca de oito quilômetros de Planaltina, próximo à Rodovia DF-230. Antes da bica, às margens da mesma rodovia, localizava-se a Lagoa Joaquim Medeiros muito bonita e procurada por banhistas da região. Na época chuvosa, o seu volume de águas costumava aumentar, mas na época de seca a lagoa ficava muito rasa. Entretanto, era um lugar agradável e muito bonito. Hoje, essa lagoa está seca, por diversos fatores, porém para sua revitalização bastaria tubular a água desperdiçada da bica do DER.
SUGESTÕES: Com criatividade, dá para revitalizar a lagoa, tornando-a volumosa em águas, mais extensa e mais bonita, propícia, inclusive para prática de esportes aquáticos. Basta tubular a água desperdiçada da Bica do DER para a lagoinha. A tubulação passaria por debaixo do asfalto. Na lagoinha, poderia se fazer uma tubulação para o alto, para se instalarem novas bicas, embaixo das quais far-se-ia calçamento.
A Administração Regional de Planaltina se incumbiria de arborizar o local e dota-lo de infraestrutura para visitação: bancos de concreto, churrasqueira, etc.
A distância entre a Bica do DER e a lagoinha é pequena, portanto os custos seriam baixos. A própria Administração Regional, em ação conjunta com a SEMARH, CAESB e Secretaria de Turismo, poderia executar o projeto.
Se tal empreendimento fosse concretizado, ganhariam não só os chacareiros da região, como também os moradores da área urbana e os visitantes. Os primeiros porque teriam água em quantidade suficiente para abastecer suas terras durante todo ano. Os últimos porque teriam mais uma área para o esporte e o lazer.
A SEMARH poderia desenvolver no local um sistema de criação de peixes, para que a pesca amadora e esportiva pudesse ser incentiva. A população poderia ser motivada a praticar ali esportes como o remo, a natação, etc. Tudo isso sem contar com os banhos e o contato direto com um ambiente bonito e agradável.
Outra opção é a instalação de um balneário público na própria bica do DER. Basta represar a água que cai das bicas, fazendo uma espécie de pequena lagoa ou piscina de água corrente. Em torno da piscina, criar-se-ia um parque ecológico e vivencial, que abrangeria a mata e área de cerrados adjacentes, que seriam unidades de preservação do ambiente natural.
2.11 - MUSEU HISTÓRICO E ARTÍSTICO
Situa-se na Praça Salviano Monteiro, nº 24, em uma casa de estilo colonial, construída no final do século XIX. O museu foi criado pelo Decreto n° 2.452, de 29 de novembro de 1973, tombado pelo Decreto n° 6.939, de 19 de agosto de 1982. Fotos, documentos históricos e móveis antigos fazem parte do seu acervo.
Parte do mobiliário pertencente á família que residia na própria casa integra o acervo do museu e retrata o ambiente das antigas residências goianas. Além da finalidade primordial de preservar o passado, contextualizando-o ao presente, o museu objetiva incentivar a produção cultural, utilizando sues espaços para exposições de obras artísticas, apresentações de peças teatrais, feiras de artesanato, etc.
SUGESTÃO: Como o acervo do referido museu é exíguo, sugerimos que se constitua um acervo mais rico, tanto em qualidade quanto em quantidade, remontando na história da cidade e seu povo. Esta sugestão poderá ser implementada pela própria Administração Regional através de sua Divisão de Cultura.
2.12 - IGREJINHA DE SÃO SEBASTIÃO
Situada na Praça São Sebastião, é um típico exemplar da arquitetura do fim do século, também tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Distrito Federal.
Antiga Igreja Matriz da Paróquia de São Sebastião, hoje abriga mais as missas. Mantém fielmente seus traços originais, através da fiel conservação de sua pintura e imagens sacras.
Apesar do seu tombamento, hoje pouco se faz pela sua preservação e divulgação. A construção, por suas características, é bastante suscetível à deterioração, tendo perdido até a cruz de madeira que havia no topo de sua fachada.
SUGESTÃO: Sugerimos que, todos os anos, se façam obras de manutenção da estrutura física da igrejinha e retoque da sua pintura. Além disso, que se mantenha serviço de vigilância no local, para evitar o depredamento ou o uso da igrejinha como abrigo para vadios e aventureiros.
2.13 - FESTA DO DIVINO E FOLIA DA ROÇA
Há muito tempo, a Festa do Divino era realizada em Planaltina, com número reduzido de fiéis e uma pequena organização – as bandeiras e a coroa do Imperador, a fim de abençoar as casas e seus moradores no cumprimento de suas promessas e recolher os donativos. O dono de casa retribuía com café, bolo de mandioca, biscoitos caseiros típicos da região e outras guloseimas.
Com o tempo, a Igreja Católica apoiou e participou da iniciativa. A festa se mantém essencialmente como evento religioso, uma homenagem e um culto de agradecimento ás bênçãos do Divino Espírito Santo, com um desdobramento profano expresso nas manifestações dos foliões.
Anualmente, são sorteados o Imperador, os Foliões da Rua e da Roça, os Mordomos (do Largo, da Barraca, da Fogueira, do Mastro), o Procurador da Sorte e os Juízes da missa. O imperador, símbolo do poder terreno, representa o povo submisso e devoto ao Divino e deve sua Sapiência aos dons do Espírito Santo que o cercam e o fazem Imperador por um ano.
Nove dias antes do Domingo de Pentecostes, começa a Novena que cada dia tem o patrocínio de grupos da comunidade paroquial e é celebrada nos vários núcleos paroquiais. Após a missa, o povo sai em procissão pelas ruas até a casa de uma família para orações e confraternização. Nos nove dias da novena, ás seis horas da manhã, há o repicar dos sinos, com foguetes: é a alvorada.
Nos três últimos dias da novena, na Praça da Igrejinha Matriz, instalam-se as barraquinhas, onde são adquiridos quitutes típicos da região.
No último dia da novena, é festejada a “Folia do Divino”, também chamada de “Folia de Rua”, Às primeiras horas da manhã, ouvem-se os foguetes, o repicar dos sinos e a banda de música, com a participação do povo. Populares acompanham o Folião de Rua, que vai á frente, carregando a Bandeira do Divino. O café matinal é servido na casa do Folião e, em seguida, a Folia percorre várias ruas e casas da cidades, onde é servido café, com biscoitos característicos da região e frutas.
À noite, queima-se uma grande fogueira na praça da matriz e ergue-se o Mastro com a bandeira e a efígie da Pomba, que simboliza o Espírito Santo.
Igualmente à “Via Sacra”, a Festa do Divino teve seu reconhecimento ao integrar o Calendário Oficial de Eventos do Distrito Federal, através do Decreto nº 15.624, de 5 de maio de 1994, baixado pelo Governador Joaquim Roriz. A Folia da Roça é um desdobramento da Festa do Divino e “alvora” nove dias antes do dia de Pentecostes em uma fazenda da região, de preferência na do Folião da Roça. Esta alvorada é precedida de reza, cantoria, jantar, apresentação de danças típicas e festança em geral (“forró”). No dia seguinte, após o café da manhã, preparam-se os cavalos, juntam-se as tralhas, serve-se o almoço e os foliões do Divino seguem sua jornada em mais oito pousos, onde se repete o mesmo cerimonial até chegar à rua.
No sábado, antes do almoço do Folião de Rua e do Imperador há o “encontro” da Folia de Rua com a Folia da Roça, em frente à Igreja da Matriz. Este acontecimento é um dos pontos mais significativos e emocionantes da Festa do Divino.
No domingo de manhã, há missa do Folião da Roça, após o café da manhã. Em seguida, saem “girando” pela cidade a cavalo e param nas casas, onde são feitas orações e pedidos, pagam-se promessas, encerrando-se ao meio-dia com o almoço.
No domingo á noite, há a procissão solene do Imperador até a Igreja Matriz, onde acontece a Missa solene e a transmissão dos cargos para a próxima Festa do Divino.
SUGESTÕES: Que a Festa do Divino tenha maior dinamismo e participação popular. Que se realizem, na praça da Igreja Matriz, apresentações como catira, shows sertanejos, danças típicas, etc., como eventos paralelos à festa religiosa, a fim de dar um colorido todo especial à cidade nesta época festiva. Com esse objetivo apresentamos a Moção nº 375/95, em 4 de maio de 1995.
2.14 - FOLIA DE REIS
A Folia de Reis surgiu, em Planaltina, no início do século, na Rua da Palha, hoje Rua Piauí, para relembrar a caminhada dos Reis Magos até o local onde Jesus havia nascido. Essa festa religiosa ficou algum tempo sem ser realizada, até que um grupo da cidade resolveu ressuscitá-la. Inicia-se dia 26 de dezembro com o denominado “giro da folia” e termina no dia 6 de janeiro. O “giro” é feito de casa em casa pelo “alferes” (responsável pela “alvorada” e “giro da folia”), seguido pelos foliões.
Durante o “giro”, canta-se nas “lapinhas” ou “presépios” o Nascimento de Cristo, com modas de viola e ladainhas em seu louvor. A folia, a cada noite, é recebida por uma família da comunidade para o “pouso”, Nessas casas, há rezas, cantos e ladainhas. Depois da parte religiosa, oferece-se um jantar e dança-se a “catira” em agradecimento ao anfitrião.
2.15 - CRUZADA EVANGÉLICA
Realizada anualmente pela comunidade evangélica congregando os seus diversos segmentos religiosos, a Cruzada Evangélica tem por objetivo a integração da Igreja com a sociedade, através de apresentações bíblicas e artístico-evangélicas.
A Cruzada é realizada, normalmente, em espaço público amplo, podendo ser até mesmo ao ar livre, desde que apresente as condições mínimas de segurança e conforto para os participantes.
2.16 - ARTESANATO
Algumas pessoas cultivam em Planaltina a produção de flores ornamentais, bordado, tapeçaria, tecelagem, etc. Essa produção artesanal destina-se muitas vezes ao comércio, mas, em alguns casos, mantém a tradição e preserva as raízes.
Alguns artesãos da cidade se organizam e trabalham no Centro de Artesanato de Planaltina, situado à Av. Marechal Deodoro, 1.038, no prédio da antiga Cadeia Pública.
Além do Centro de Artesanato, cumpre destacar a “Tapeçaria Planaltina”, sediada na casa Missionária e Educacional Maria Assunta. O surgimento dessa produção se deu em 1977, com o apoio da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, da UNESCO e de Embaixadas de vários países.
Cor, beleza, diversidade de formas e dimensões, aliados à promoção humana, formam o conjunto de elementos responsáveis pela tradição do “tapete Planaltina”, que é uma das mais representativa expressões do artesanato do Distrito Federal.
SUGESTÃO: Que o governo dê mais apoio à atividade dos artesãos de Planaltina e que se realize exposições dos seus trabalhos com ampla divulgação, dentro e fora do Distrito Federal, para atrair visitantes à cidade.
2.17 – MÚSICAS E DANÇAS TÍPICAS
Em Planaltina, preservam-se as danças tradicionais goianas. Acrescidas a elas temos hoje uma riqueza de danças e ritmos trazidos das diversas partes do país pelos migrantes, que chegaram durante e depois da construção de Brasília. Destacam-se a quadrilha, a catira, o samba de roda, o pagode, o forró (herança cultural nordestina), o repente, a capoeira.
A catira é uma dança característica de várias regiões do Brasil e muito difundida em Planaltina. Apesar de ser originariamente dançada apenas por homens, em Planaltina foi criado um grupo só de moças.
A sua origem remonta à cultura indígena, daí o seu nome (em outros estados é conhecida como “cateretê”). Essa dança tem elementos fixos apresentando variações na música e na coreografia: duas filas, uma adiante da outra, fazem evoluções ao som de palmas e bate-pés, guiados pelo violeiro que dirige o bailado. As figuras são diversas e há tradição de bons dançarinos, especialmente na hora do sapateado. A moda de viola é tocada para o descanso dos dançadores.
A quadrilha tem ligação com as danças palacianas do século XIX na Europa. É uma dança típica de todo o Brasil, presente nas nossas festas juninas. Com movimentos rítmicos e alegres, é dançada por casais, liderados por um marcador que dança juntamente com o grupo de 12 ou 16 casais.
Por ocasião dos festejos juninos, a população enfeita algumas ruas da cidade que são interditadas para se dançar a quadrilha e ou “forró”. Alguns jovens têm apresentado inovações na quadrilha, sobretudo com a introdução de novos ritmos e comandos.
SUGESTÃO: Que sejam estimuladas as “festas juninas de rua” mediante a instituição dos concursos de “enfeite de rua”, “de forró”, “de quadrilha” e “de catira”, ocasião em que serão premiados, além da rua melhor enfeitada, os grupos de quadrilhas, os grupos de catira e as duplas de forró, que apresentarem mais criatividade e desenvoltura nessas danças típicas.
3 – CONCLUSÃO E SUGESTÕES GERAIS
Planaltina é dotada de ambiente natural tão belo quanto rico em espécimes vegetais e animais, além de possuir recursos hídricos em abundância. Cidade moderna e bem estruturada, ainda conserva exemplares da arquitetura colonial do século passado e cultivas as raízes e tradições herdadas sobretudo da secular cultura goiana.
Por ser a mais antiga cidade satélite de Brasília, poderia exigir do governo local uma maior atenção sobretudo nas áreas de turismo e lazer, que são os aspectos geralmente menosprezados pela ação governamental.
Desta forma, acrescentamos às sugestões já apresentadas as seguintes, de caráter geral:
- Criação de um projeto de desenvolvimento turístico em Planaltina, sobretudo do turismo ecológico, que combina com os tempos modernos em que se preconiza muito a preservação da natureza, bem como a reaproximação do homem ao ambiente natural e ecologicamente equilibrado.
- Instituição da “Festa Urbano-Rural de Planaltina”, a ser realizada, todos os anos, na época do aniversário da cidade (mês de agosto), com exposições agropecuárias, rodeios, shows, espetáculos teatrais, gincanas, jogos, festas típicas (nas ruas, nas praças e em lugares fechados), concursos de músicas e danças, apresentações de grupos folclóricos da cidade e de outras localidades do Distrito Federal e Entorno. Para as gincanas, jogos e competições, far-se-iam convites a equipes das outras cidades do DF e de cidades goianas e mineiras, tais como Planaltina de Goiás, Formosa, Valparaíso e Unaí.
- Desenvolvimento de ações no sentido de promover a divulgação e marketing em torno do potencial turístico e eventos da cidade, a fim de atrair turistas para a localidade.
- Realização de obras que possam dotar a cidade de uma melhor estrutura e de equipamentos capazes de tornar a localidade mais atrativa em termos de turismo e lazer.
- Que a iniciativa privada seja atraída e incentivada para atuar no local, nas áreas de turismo e lazer.
- Que se faça uma maior e mais eficaz fiscalização e rígido controle das áreas de preservação ambiental da localidade e se criem novas unidades de conservação da natureza que permitam o acesso a visitantes e a realização do turismo ecológico.