JurisHand AI Logo

Informativo do STF 1034 de 22/10/2021

Publicado por Supremo Tribunal Federal


1 INFORMATIVO

O Informativo, periódico semanal de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), apresenta, de forma objetiva e concisa, resumos das teses e conclusões dos principais julgamentos realizados pelos órgãos colegiados – Plenário e Turmas –, em ambiente presencial e virtual. A seleção dos processos noticiados leva em consideração critérios de relevância, novidade e con temporaneidade da temática objeto de julgamento.

1.1 Plenário

DIREITO CONSTITUCIONAL – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Fiscalização normativa abstrata para apuração de ilícitos penais ou violações funcionais - ADPF 686/DF Resumo: Ação de controle concentrado de constitucionalidade não pode ser utilizada como sucedâneo das vias processuais ordinárias. A natureza jurídica dos processos de índole objetiva não se mostra compatível com a análise aprofundada de fatos envolvendo supostas práticas ilícitas, atos de improbidade administrativa ou infrações criminais imputadas a particulares, servidores públicos ou autoridades políticas (1). A jurisdição constitucional prestada por meio do processo de controle concentrado de constitucionalidade tem por objeto, única e exclusivamente, a validade formal ou material de leis e atos administrativos dotados dos atributos da generalidade, impessoalidade e abstração, por isso o seu caráter objetivo. Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, não conheceu de arguição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada em face de discursos, pronunciamentos e comportamentos, ativos e omissivos, atribuídos ao Presidente da República, a ministros de Estado e a integrantes do alto escalão do Poder Executivo federal. Vencidos os ministros Ricardo Lewandowski e Edson Fachin. (1) Precedentes:

ADI 5.353 ; ADI 1.523 ; ADI 466 MC ; ADPF 390 ; ADPF 555 . ADPF 686/DF, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 18 .10.2021 (segunda-feira), às 23:59

Produção e venda de medicamentos anorexígenos - ADI 5779/DF

Resumo: É incompatível com a Constituição Federal (CF) ato normativo que, ao dispor sobre a comercialização de medicamentos anorexígenos, dispense o respectivo registro sanitário e as demais ações de vigilância sanitária. A liberação da produção e comercialização de qualquer substância que afete a saúde humana deve ser acompanhada de medidas necessárias para garantir a proteção suficiente do direito à saúde. As competências desempenhadas pela Anvisa decorrem do próprio texto constitucional e visam assegurar a efetividade do direito à saúde. Ademais, a atividade estatal de controle de medicamento é indispensável para a proteção do mencionado direito fundamental (1). Embora não seja, em tese, obstado ao Poder Legislativo regulamentar a comercialização de determinada substância destinada à saúde humana, é preciso que, sob pena de ofensa à proibição de retrocesso, haja minudente regulamentação, indicando, por exemplo, formas de apresentação do produto, disposições relativas a sua validade e condições de armazenamento, dosagem máxima a ser administrada, entre outras. Nesse sentido, o ato impugnado, ao deixar de dispor sobre as mesmas garantias de segurança por quais passam os demais produtos destinados à saúde humana, padece de inconstitucionalidade material, ante a proteção insuficiente do direito à saúde. Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta, declarando a inconstitucionalidade da Lei 13.454/2017, que autoriza a produção, venda e consumo, sob prescrição médica no modelo B2, dos remédios para emagrecer sibutramina, anfepramona, femproporex e mazindol, nos termos do voto do ministro Edson Fachin. (1) Precedente:

ARE 639.337 ADI 5779/DF, relator Min. Nunes Marques, redator do acórdã o Min. Edson Fachin, julgamento em 14.10.2021

Orçamento impositivo e ECs 86/2015 e 100/2019 - ADI 5274/SC

Resumo: É inconstitucional norma estadual que tenha criado impositividade da lei orçamentária antes do advento das Emendas Constitucionais (ECs) 86/2015 e 100/2019 (1). Inexiste no sistema jurídico brasileiro a figura da constitucionalidade superveniente, de modo que norma estadual, com previsão de orçamento de execução obrigatória e editada antes do advento das ECs 86/2015 e 100/2019, contraria o princípio da separação dos Poderes e o caráter meramente formal da lei orçamentária. Ademais, embora o art. 24, I, da Constituição Federal (CF) (2) estabeleça a competência legislativa concorrente sobre direito financeiro, as normas sobre processo legislativo são de observância obrigatória pelos estados-membros, aplicando-se o princípio da simetria (3). Assim, reveste-se de inconstitucionalidade material a norma estadual que fixe limites diferentes daqueles previstos na CF para emendas parlamentares impositivas em matéria orçamentária. Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado em ação direta, para declarar a inconstitucionalidade dos arts. 120-A e 120-B da Constituição do Estado de Santa Catarina (CE/SC) (4) (5). (1) Precedentes: ADI 6.308 MC-Ref ; ADI 6.670 MC . (2) CF: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;” (3) Precedentes: ADI 2.680 ; ADI 422 ; ADI 2.079 . (4) CE/SC: “Art. 120-A. Recebidos os projetos do Plano Plurianual e da Lei Orçamentária Anual e constatado não haverem sido integralmente contempladas as prioridades estabelecidas nas audiências públicas regionais, a Assembleia Legislativa as incluirá como emenda da competente comissão técnica permanente, no texto legislativo a ser submetido à deliberação do Plenário.” (5) CE/SC: “Art. 120-B. É de execução impositiva a programação constante da Lei Orçamentária Anual relativa às prioridades estabelecidas nas audiências públicas regionais, nos termos da lei complementar. § 1º A Lei de Diretrizes Orçamentárias fixará, anualmente, o valor destinado às prioridades eleitas nas audiências públicas regionais, com base na receita corrente líquida efetivamente realizada no exercício anterior. § 2º A comissão técnica permanente a que se refere o art. 122 estabelecerá o indicador que será utilizado na distribuição regional dos recursos de que trata o § 1º deste artigo. § 3º As dotações referentes às prioridades eleitas nas audiências públicas regionais poderão ser contingenciadas na forma da lei complementar de que trata o art. 163 da Constituição Federal.”

ADI 5274/SC, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 18.10.2021 (segunda-feira), às 23 : 59

Majoração de alíquota de contribuição previdenciária de servidor público - ARE 875958/GO ( Tema 933 RG)

Tese fixada: “1. A ausência de estudo atuarial específico e prévio à edição de lei que aumente a contribuição previdenciária dos servidores públicos não implica vício de inconstitucionalidade, mas mera irregularidade que pode ser sanada pela demonstração do déficit financeiro ou atuarial que justificava a medida. 2. A majoração da alíquota da contribuição previdenciária do servidor público para 13,25% não afronta os princípios da razoabilidade e da vedação ao confisco.” Resumo: A falta de estudo atuarial específico e prévio não inviabiliza o aumento da alíquota da contribuição previdenciária dos servidores. O que a Constituição Federal (CF) exige como pressuposto para o aumento da contribuição previdenciária é a necessidade de fazer frente ao custeio das despesas do respectivo regime (CF, art. 149, § 1º) (1). A majoração da alíquota de 11% para 13,25% não afronta os princípios da razoabilidade e da vedação ao confisco. Conforme o disposto no art. 7º, II, da Lei 8.134/1990 (2), o valor correspondente à contribuição previdenciária deve ser deduzido da base de cálculo do imposto de renda. Desse modo, se o servidor sofre um aumento na tributação dos seus rendimentos pela contribuição previdenciária, também se beneficia de redução do montante pago a título de imposto de renda. Nesse contexto, o acréscimo de 2,25% na exação, cujo impacto é reduzido pela dedução da base de cálculo do imposto de renda, não parece comprometer a sobrevivência digna dos servidores públicos. Com base nesses entendimentos, ao julgar o Tema 933 da repercussão geral, o Plenário deu provimento a recurso extraordinário, para declarar a constitucionalidade da Lei Complementar 100/2012 do Estado de Goiás. (1) CF: “Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.” (2) Lei 8.134/1990: “Art. 7º Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda, poderão ser deduzidas: (...) II - as contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;”

ARE 875958/GO, relator Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 18.10.2021 (segunda-feira), às 23:59

2.1 Processos selecionados

JULGAMENTO VIRTUAL: 22/10/2021 a 03/11/2021

RE 1030732/SP

Relator(a): DIAS TOFFOLI

Proibição da produção e comercialização de “foie gras” por norma municipal (Tema 1080 RG) Discussão em torno da competência do município de São Paulo para legislar acerca da proibição da produção e comercialização de foie gras (patê de fígado) nos estabelecimentos comerciais. Jurisprudência:

RE 586224 , RE 729731 RE 1240999/SP

Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES

Inscrição de defensor público nos quadros da OAB para o exercício de suas funções públicas (Tema 1074 RG) Discussão em torno da obrigatoriedade de os defensores públicos se inscreverem nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para o exercício de suas funções e a consequente submissão aos regramentos éticos e disciplinares dos advogados. Jurisprudência:

RE 609517 RG ADI 5798/TO

Relator(a): ROSA WEBER

Corte no fornecimento de energia elétrica Análise da constitucionalidade da Lei 3.244/2017 do Estado do Tocantins que proíbe a suspensão do fornecimento de energia elétrica e água tratada pelas concessionárias locais, por falta de pagamento dos usuários, entre 12h da sexta-feira e 8h da segunda-feira, bem como entre 12h do dia útil anterior e 8h do dia subsequente a feriado nacional, estadual ou municipal. Jurisprudência:

ADI 3322 , ADI 3343 ADI 4377/DF

Relator(a): GILMAR MENDES

Anistia a policiais e bombeiros militares Análise da constitucionalidade da Lei federal 12.191/2010, que concedeu anistia a policiais e bombeiros militares dos Estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Roraima, Tocantins, Pernambuco, Mato Grosso, Ceará, Santa Catarina e do Distrito Federal punidos por participar de movimentos reivindicatórios.

ADPF 791/DF ADPF 792/DF

Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES

Proibição de reajuste para professores durante o enfrentamento ao novo Coronavírus ODS 3 Discussão que visa afastar as proibições da Lei Complementar 173/2020 relativas à concessão de aumentos a servidores públicos da área da educação básica em efetivo exercício durante a pandemia do novo Coronavírus. Jurisprudência:

ADPF 187 ADI 2154/DF ADI 2258/DF

Relator(a): DIAS TOFFOLI

“Lei das ADIs” (Lei 9.868/1999) ODS 16 Análise da constitucionalidade de dispositivos da Lei das ADIs (Lei 9.868/1999) que dispõe sobre análise e julgamento das ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) e das ações declaratórias de constitucionalidade (ADC) perante o Supremo Tribunal Federal. Jurisprudência:

ADI 2215 MC ADI 5647/AP

Relator(a): ROSA WEBER

Processamento e julgamento de ADIs contra leis ou atos municipais tendo como parâmetro a Constituição Federal Questionamento que visa à declaração da inconstitucionalidade da expressão “de leis ou atos normativos municipais em face da Constituição Federal”, contida no art. 133, II, m , da Constituição do Estado do Amapá, preceito que dispõe sobre o controle concentrado de constitucionalidade de leis municipais e estaduais.

ADI 4636/DF

Relator(a): GILMAR MENDES

Atendimento de pessoas jurídicas pela Defensoria Pública Questionamento sobre a constitucionalidade da Lei Complementar 132/2009, que deu nova redação ao art. 4º da Lei Orgânica da Defensoria Pública. De acordo com o dispositivo legal, a instituição tem atribuição para representar pessoas naturais e jurídicas, em processos administrativos e judiciais, em todas as instâncias. Sumário

3 INOVAÇÕES NORMATIVAS STF

Resolução 745 de 14 . 10 . 2021 - Prorroga o art. 1º da Resolução 729/2021 que dispõe sobre as medidas preventivas ao Covid-19 no Supremo Tribunal Federal. Resolução 746 de 15.10.2021 - Altera a Resolução 413, de 1º de outubro de 2009. Resolução 747 de 15.10.2021 - Estabelece diretrizes para a promoção de ações de sustentabilidade no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Sumário Supremo Tribunal Federal - STF Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação Coordenadoria de Difusão da Informação codi@stf.jus.br