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Decreto Estadual de Minas Gerais nº 10.821 de 29 de abril de 1933

Publicado por Governo do Estado de Minas Gerais

Palácio da Presidência, em Belo Horizonte, 29 de abril de 1933.


I

— Teoria celular. A célula: funções da célula viva — metabolismo, reprodução, irritabilidade, motilidade. Diferenciação celular, especialização de funções. Tecidos, órgãos e aparelhos. Funções da vida vegetativa e da vida de relação. Plano geral da organização do corpo humano.

II

— Aparelho de locomoção. Os ossos em geral. Esqueleto humano. Articulações. Sistema muscular, principais músculos do corpo humano. Articulações. Sistema muscular, principais músculos do corpo humano.

III

— O sistema nervoso. Tecido nervoso. O Neurônio. Estudo sucinto do cérebro, medula, cerebelo, protuberância e pedúnculos cerebrais. Atos reflexos. Localizações cerebrais. Os nervos. Nervos cranianos e raqueanos. O "g" simpático. IV. — Os órgãos dos sentidos. Estudos mais particularizados da audição e visão. Sentido muscular. V. — A fonação e a linguagem. VI. — Os alimentos. O aparelho digestivo. Fermentos digestivos. A digestão. Absorção intestinal. VII. — O aparelho circulatório: coração, artérias, capilares e veias. A grande e a pequena circulação. A circulação porta. Os vasos e os gânglios linfáticos. O sistema lacunar. O sangue e a linfa. VIII. — A respiração. O aparelho respiratório Fenomenos mecânicos e químicos da respiração. Respiração interna e externa. IX. — Funções de excreção. Os rins e as glândulas sudoríparas. X. — Síntese das funções de nutrição, o metabolismo alimentar. Calorimetria animal. XI. — Noções sucintas das principais glândulas de secreção interna: tireoide, hipófise, pâncreas, fígado, supra renais. Observações:

a

O ensino desta disciplina deve ser eminentemente intuitivo. O professor fará acompanhar as suas preleções de observações de peças, modelos, gráficos, estampas, desenhos, quadros, projeções luminosas. Sempre que possível, deverão ser realizadas pequenas experiências de laboratório para mostrar as diferenças entre ar inspirado e expirado, ação dos fermentos digestivos, observações ao microscópio de preparações histológicas, etc.

b

O professor não deverá perder de vista a posição da cadeira dentro do quadro do ensino normal, procurando tirar as conclusões pedagógicas que cada assunto comportar. HIGIENE ESCOLAR I. — Introdução. Higiene. Importância social do assunto. Objetivos da Higiene; sua divisão. Higiene escolar. Saúde e doença. Condições gerais e especiais de saúde Agravos à saúde e meios de os evitar. Diferença entre medicina e higiene. II. — Dos meios naturais,

a

O solo. Noções de geologia aplicadas à higiene. Contaminação e saneamento do solo Micróbios e parasitos do solo.

b

A água. Água potável e de abastecimento. Poluição das águas. Depuração natural e artificial das águas. A água como vetor de doenças.

c

O ar atmosférico. Composição química e propriedades físicas do ar. Poeiras e micróbios. Ar confinado. Regeneração do ar. Vantagens da vida ao ar livre. III. — Higiene da nutrição. Composição dos alimentos. Alimentos de origem animal, vegetal e mineral. Leite, carnes, ovos e peixes; legumes, verduras e frutas. Água e sais minerais. Vitaminas, Rações alimentares. Toxinfecções alimentares. IV. — Higiene individual. O vestuário. O asseio corporal. O trabalho e a fadiga. O repouso, o sono. Exercícios físicos. V. – Higiene da habitação. Localização, orientação e construção dos edifícios. Tipos de habilitação. iluminação, ventilação. Abastecimento domiciliar de água. Remoção dos dejetos humanos e o lixo. Latrinas e fossas. Parasitos das habitações — ratos, pulgas, moscas, percevejos, baratas, o barbeiro, escorpiões. VI. — O prédio escolar. Os anexos da escola. O material escolar. VII. — Os alunos são. O crescimento físico da criança. Antropometria escolar. A acuidade auditiva e visual. Alimentação do escolar. Asseio corporal do aluno. Higiene dentária. Educação física. VIII. — O aluno doente. As doenças escolares propriamente ditas. Defeitos ortopédicos. Vegetação adenoide. Cáries e infecções dentárias As doenças contagiosas e nervosas da idade escolar. Tuberculose. Verminoses. IX. — Higiene intelectual. O trabalho intelectual. Fadiga e estafa X. — A organização da assistência médico dentária aos alunos, em Minas Gerais. XI. — Higiene dos professores. XII. — Noções de puericultura. Higiene do recém-nascido. Alimentação. Equilíbrio e marcha. XIII. — Dentição. Ordem e época do aparecimento dos dentes. Acidentes de dentição. Superstições em torno da erupção dentária. XIV. — Vacinação. Regras. Prática. Ação sobre a criança. XV. — Desenvolvimento corporal na primeira infância: curvas de estatura e peso. Jogos infantis, recreativos e ginásticos A dança. Vida ao ar livre. XVI. — Evolução intelectual na primeira infância. Linguagem. XVII. — Disciplina na primeira infância. Hábitos higiênicos. PORTUGUÊS Instruções gerais 1.º Primeiramente, qual a finalidade do estudo de Português no curso normal? O professor primário, que esse curso se propõe a formar, irá ter no uso da língua vernácula, o principal instrumento de seu trabalho. Sem saber manejar bem o idioma prático, será impossível ao professor facultar um ensino atraente e proveitoso. 2.º O poder de expressão verbal e escrita constitui a finalidade a que nos referimos. Só é possível adquiri-lo por meio da prática diária, representada nos exercícios de elocução e de redação, no cultivo da leitora, no enriquecimento do vocabulário, no uso do dicionário, na análise léxica e lógica. 3.º A linguagem falada será de importância capital no ensino da língua Aproveite o professor as oportunidades que se oferecem, para fazer a classe exercitam-se nessa linguagem. 4.º Torne-se necessário o ensino cuidadoso da fonética e da prosódica, como condição essencial para a correta e nítida pronúncia dos vocábulos. 5.º Organizar-se-á em cada classe, sob a orientação do professor, um grêmio de língua vernácula, em cujas reuniões, indicadas no horário escolar, os alunos farão recitativos e palestras, além de outros exercícios. 6.º As palestras aludidas obedecerão às seguintes condições: serem breves, marcando-se-lhes o máximo de tempo; versam em sobre assunto escolhido e preparado pelo aluno, de acordo com o professor; não serem nem lidas e nem decoradas, porém, pronunciadas em linguagem espontânea. 7.º Recomenda-se a recitação de trechos escolhidos pelo professor e pela classe, sendo de utilidade possuir cada aluno um caderno onde recolherá páginas seletas de prosa e de poesia. 8.º Os exercícios anteriores constituem, além do mais, preparativo para os trabalhos de redação, que devem ser efetuados em aula. O professor corrigirá em casa os referidos trabalhos, comentando em aula as correções principais, de modo que a classe possa compreendê-las, a fim de evitar os erros cometidos. 9.º Convém que se funde um jornal da classe, escolhendo os alunos dentre si uma comissão especial para dirigir cada número, a fim de proporcionar a colaboração de todos. Cada turma deverá manter o seu jornal, com o mesmo título, em todo curso de Português, do primeiro ao último ano. 10. A leitura silenciosa, que tem extraordinária influência no cultivo intelectual, far-se-á nas aulas e na biblioteca. A leitura expressiva, realizada em aula, terá por fim, alcançar dos alunos dicção clara e correta. 11. Em cada um dos anos letivos adote-se um livro de texto, que há de ser inteiramente lido pela classe, e aproveitado para o ensino da língua no decorrer das aulas. 12. Cada aluno deverá ler anualmente, além do livro de texto, certo número de obras, no mínimo dez, escolhida 5 pelo professor, que tomará nota dos trabalhos lidos. 13. Releva adotar durante o curso de Português os exercícios de dramatização, dando-se todo o cuidado ao preparo e à realização dos mesmos. 14. Merece muita atenção o estudo do vocabulário, feito pelos processos de composição e derivação, assim corno pelas notas que os alunos tornarem da leitura e de outros exercícios. 15. É de toda a conveniência que cada aluno possua dicionário, aprendendo a tirar dele o máximo proveito do emprego acertado das palavras e no desenvolvimento da linguagem. 16. Mediante exercícios de análise, que deverão ser o mais possível simplificados, o ensino do vernáculo apresentará desde logo os fatos da linguagem para lhes induzir as regras gramaticais e destas deduzir, por sua vez, as construções regulares da língua. 17. Evitando a memorização literal das regras, a fim de que os alunos não percam tempo e se entediem com as aulas, o professor tornará vivo o estudo da língua, que há de se cingir à gramática expositiva, não se estendendo jamais á gramática histórica, para cuja compreensão se requer o conhecimento do latim. 18. O professor terá cuidado de dar aos alunos exercícios que tenham de ser feitos fora de classe, regularizando-os convenientemente. 19. A biblioteca, instituição complementar do ensino, será considerada com excelente auxiliar do professor, cumprindo-lhe procurar conhecer o trabalho que ali fazem seus alunos. Recomenda-se aos professores que se interessem pela biblioteca, visitando-a frequentemente. 20. Porque a classe tem na capacidade de expressão o meio de mostrar o seu aproveitamento, muito importa coordenar em torno da linguagem todas as disciplinas, para o que cabe aos professores efetuar reuniões periódicas, nas quais notem as incorreções observadas em suas aulas e tomem providências capazes de corrigi-las. CURSO DE ADAPTAÇÃO Primeiro 1.º A oração e suas partes principais: o sujeito e o predicado. O período simples. 2.º As palavras corno elementos da oração: o substantivo e o verbo, que representam, respectivamente, o sujeito e o predicado. 3.° Os pronomes pessoais, que servem para substituir os substantivos. 4.º O adjetivo e o advérbio, modificadores do substantivo e do verbo. 5.º A preposição e a conjunção. 6.º A interjeição. 7.º As contrações: ao, do, deste, dele, no, pelo, etc, 8.º As locuções Como equivalentes de palavras. 9.º Palavras, sílabas e ditongos. 10.º Sílabas tônicas e átonas. Classificação das palavras com referência ao acento tônico. Segundo ano 1.º Revisão das matérias estudadas. 2.° O período composto e as orações coordenadas. O parágrafo. 3.º Sujeito e predicado: antepostos e pospostos; claros e ocultos. Ordem direta e inversa. 4.º Classificação das palavras. 5.º Emprego da contração á. 6.º Flexões do substantivo: gênero e número. 7.º Idem do adjetivo: gênero e número. 8.º Idem dos pronomes. 9.º Conjugação dos verbos auxiliares. 10.º Idem dos verbos regulares. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Elocução. Os exercícios de elocução constituem neste curso a parte principal do estudo da língua vernácula. Aprendendo a falar com desembaraço, clareza e correção, a classe terá lançado alicerces sólidos em que basear os estudos ulteriores. Faz-se mister, antes de tudo, aperfeiçoar a linguagem falada, que representa para a classe o ponto de partida concernente à expressão do pensamento. Por meio de exercícios variados de elocução, como a palestra, a dramatização de contos e histórias, recitação de poesias, o resumo oral do trecho lido, a parte tomada em sessões literárias, terão os alunos oportunidade de exercitar-se na linguagem falada. Redação. Os exercícios de redação devem versar sobre assuntos familiares aos alunos, que realmente os interessem, como partes de seu meio social ou de seu trabalho escolar. Na escolha dos temas de redação, atenda o professor à preferência manifestada pela classe, sem que mesmo a maioria desta imponha o assunto aos alunos divergentes. Um jornal escolar, redigido pela classe e orientado pelo professor, representará excelente meio de redação. Convém lembrar que a apresentação das provas escritas, depois de corrigidas pelo professor fora do horário escolar, deverá ser aproveitada para uma aula referente às emendas feitas e ao valor das composições. Leitura. Cumpre que a classe se exercite na arte de ler, conforme as Instruções Gerais deste programa. Para esse fim, ela preparará em casa a leitura, marcada com antecedência, procurando compreendê-la bem, verificando a pronúncia exata dos vocábulos, imprimindo à voz as inflexões necessárias evitando toda e qualquer afetação, tornando o dizer tão natural quanto expressivo. Adote-se em cada ano, como livro de texto, uma obra apropriada, sendo recomendáveis o "Livro de Leitura", de Bilac e Bonfim, e "Céu, Terra e Mar", por Alberto de Oliveira. A leitura silenciosa, além de ser feita na biblioteca, indicando o professor as obras que têm de ser lidas, também se fará na aula, completada pela respectiva dramatização. Ditado. Os exercícios precedentes levarão os alunos a falar, redigir e ler corretamente, ao mesmo tempo, que, servindo-se do ditado, eles aprenderão a grafar as palavras. Devidamente preparado, como deve ser, de modo que a classe conserve de memória e grafia dos vocábulos pela leitura atenta do trecho escolhido, o ditado será exercido útil para a aprendizagem da ortografia. Os exercícios de elocução, firmados na pronúncia clara e correta, influirão muito no bom êxito do ditado. O aluno, que pronuncia bem as palavras, naturalmente irá escrevê-las com acerto. Vocabulário — No Curso de Adaptação não se pode fazer o estudo sistematizado do vocabulário, porque isso requer o conhecimento dos processos de composição e derivado. Entretanto, será enriquecido o vocabulário da classe, aproveitando-se as ocasiões, que oferecem os outros exercícios, para o ensino de propriedade no dizer de sinônimos e antônimos, de termos correlativos, usuais, de neologismos, indispensáveis, de expressões atinentes às relações sociais, etc. Releva aconselhar o uso do dicionário como livro de consulta, próprio para resolver casos duvidosos. Análise. Os exercícios de análise devem circunscrever-se à classificação e às flexões das palavras, bem como à distinção entre sujeitos e predicados, de sorte que as regras gramaticais acompanhem os fatos da linguagem. Convém limitar ao estritamente necessário as divisões e subdivisões da matéria. CURSO PREPARATÓRIO OU NORMAL Primeiro ano 1. Recapitulação das matérias estudadas. 2. O período simples e o período composto. Estudo dos conectivos. 3. As cláusulas e sua classificação: forma oracional que apresentam, e função que tem de exprimir ideias. 4. Os diversos modos de representar o sujeito. 5. Os adjuntos e sua classificação. 6. Graus dos substantivos e dos adjetivos. 7. Conjugação dos verbos irregulares. 8. Vozes do verbo. Verbos passivos e pronominais. 9. Narrações de fonética e de prosódia. 10. Sinais ortográficos. Regras de ortografia. Segundo ano 1. Revisão das matérias dadas. 2. Período simples e composto. 3. Construção de cláusulas. 4. Estudo comparativo dos adjuntos. Aposto e vocativo. 5. Orações interferentes e elípticas. 6. Particípios duplos e formas nominais do verbo. 7. Advérbios e locuções adverbiais. 8. Principais regras de pontuação. 9. Palavras simples e compostas. Prefixação e justaposição. 10. Palavras primitivas e derivadas. Sufixos mais usados. Terceiro ano 1. Recapitulação dos pontos anteriores. 2. O radical e os afixos. Estudo comparativo dos prefixos vernáculos, latinos e gregos mais em uso. 3. Estudo dos compostos por justaposição. 4. Derivação própria e imprópria. Sufixos mais usados. 5. Principais regras de concordância do verbo com o sujeito. 6. Concordância do adjetivo e do adjunto predicativo. 7. Ordem e regência. Colocação dos pronomes. 8. Figuras de sintaxe e vícios de linguagem mais comuns. 9. Particularidades sintáticas. Verbo haver, infinito pessoal, funções de palavras que, pronome se, etc. 10. A gramática e sua divisão. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Primeiro ano Elocução. Neste ano os exercícios de elocução devem constar principalmente de palestras e dramatizações realizadas pelos alunos no grêmio de língua vernácula. Servir-lhe-ão de tema fatos da vida escolar, acontecimentos familiares ou locais, festas a que os alunos tenham assistido, histórias lembradas por eles descrição de gravuras expressivas, narrações de casos interessantes, comentários de notícias lidas, etc .Ainda para assunto das palestras podem os alunos servir-se das outras matérias que estudam, dando impressões sobre as mesmas ou falando deste ou daquele tópico que mais os interessa. O que se quer é desenvolver a capacidade oral da classe, fazê-la falar com desembaraço e sem afetação habituá-la a uma atitude correta, dar-lhe uma dicção clara e pura, torná-la compenetrada do valor desses exercícios. Redação. Os exercícios anteriores preparam os trabalhos de redação, para os quais cumpre aproveitar outros temas úteis e interessantes, que forem lembrados pelo professor e pela classe, não se exigindo para cada composição na uniformidade de assunto, pois é natural que este varie conforme o modo de pensar dos alunos. Não há exagero em dizer que o alvo principal no ensino da língua vernácula é fazer a classe redigir com facilidade, clareza e correção. De grande utilidade será, pois, a fundação de um jornal escolar, redigido pelos alunos sob a direção do professor. Leitura. A classe terá na leitura constante de seus conhecimentos, para o que muito lhe importa aprender a tirar desse exercício o maior proveito possível. Na biblioteca e em casa haverá oportunidade para os alunos lerem com atenção, obras escolhidas, das quais devem extrair apontamentos. Convém notar, entretanto, que a leitura pode transformar-se em vício, se serve apenas de passa tempo. Não basta, pois, ler quaisquer obras, porém aplicar-se a leituras convenientes, que elevem o espírito e façam compreender a vida, cabendo ao professor guiar a classe na escolha dos livros. A leitura silenciosa deverá abranger o número de obras consignado nas Instruções Gerais. Também em aula far-se-á leitura silenciosa com a respectiva dramatização. Além disso, haverá o livro de texto, destinado aos vários exercícios didáticos, concernentes à análise, bem como ao estudo do vocabulário e da gramática Para livro de texto poder-se-á escolher neste ano o trabalho de Arnaldo Barreto, "Vários Estilos". Vocabulário. Sempre que se apresentar a ocasião, o professor ensinará aos alunos, novas palavras necessárias à linguagem atual, convindo que eles formem listas le termos relativos aos seguintes assuntos: mãos, olho, dentes, vestuário, calçado; nomes de parentesco e apelidos familiares; flores, frutos; casa de morada, jardim, pomar ; meios de transporte; divisões do tempo; nomes de cores; instrumentos musicais; vozes dos animais e sons das cousas; nomes de profissões, etc. Análise. Por meio da análise lógica e léxica, feita no livro de texto, estudar-se-ão os pontos de gramática consignados neste programa Mas, a prática da análise não há de consistir numa longa nomenclatura, que torna mecânico e fastidioso o interesse da classe pelo estudo da língua. O ponto de partida da análise está na determinação do sujeito e do predicado. Isso pode parecer fácil, porém, tal não sucede, sendo que ainda existem casos controversos sobre o assunto. Em relação à análise léxica, fácil será recapitular, no livro de texto, as matérias já estudadas e ao mesmo tempo acompanhar o estudo que se vai fazendo. Os próprios pontos do programa orientarão o ensina pelo livro de texto, onde serão observados: os sons vogais e consoantes, os grupos vocálicos e consonantais, a tonicidade e a grafia das palavras, as abreviaturas, a pontuação; os substantivos, os pronomes, os adjetivos e os verbos com as suas classificações e flexões, as palavras invariáveis, as locuções, as cláusulas. 2.º ano Elocução. Continuando os exercícios do primeiro ano, acrescentar-lhes-á um novo aspecto de elocução. Pode-se dizer que é uma sessão, onde se faculte aos alunos a necessária liberdade para tratar de seus interesses. Desenvolver-se-á, produzindo outros meios de trabalho. Por que não se hão de introduzir na aula a palavra pela ordem e a inscrição para falar? Reservem-se para esse fim os cinco primeiros minutos. Suponhamos, por exemplo, que o aluno deseje dar uma explicação, fazer um aviso, prestar uma informação ou, justificar-se de qualquer falta. Isso dará lugar a um exercício de elocução, o qual, se tiver sido bem-feito merecerá uma nota, e em caso contrário, não será julgado. Figuremos mais uma hipótese. O aluno está descontente com a média obtida, da qual dependerá como se sabe, a sua promoção. Quer melhorá-la e resolve valer-se do costume ora introduzido. Pede a palavra ou se inscreve para falar, e em cinco minutos, praticando um exercício ótimo, conseguirá elevar a média. Redação. Sem de forma alguma interromper o plano adotado, poder-se-á tirar proveito do seguinte programa que se transcreve de uma gramática: observar para descrever; ouvir para reproduzir; informar se para noticiar; lembrar-se para narrar; relacionar-se para cartear-se; conversar para dialogar; ler para apreciar; estudar para dissertar; imaginar para produzir. Bastam estes exemplos para explicar o referido programa : descrição exata de uma praça da localidade escolar, baseada nas notas que extraírem, quando a observarem para esse fim ; reprodução de uma pequena história, que acabou de ser ouvida em aula ; notícia para o jornal da classe, de um fato, sobre o qual os alunos procuram informar-se; narração de um acontecimento lembrado pelo aluno ou em que êle tenha tomado parte escrever uma carta amistosa ou responder uma missiva que se recebeu; redigir em forma de diálogo urna conversa que o aluno tenha tido ou haja ouvido ; fazem apreciação de um conto que leu em casa ou na biblioteca; resumir o assunto de uma poesia ou de um artigo dissertação sobre um dos pontos da língua vernácula que houver estudado; redação de uma história que tenha imaginado. Como nos anos precedentes a classe manterá um jornal com as principais secções usadas na imprensa diária. Leitura. A leitura silenciosa, seguida de dramatização sempre que possível, prevalecerá nas aulas sobre a leitura em voz alta, sem contudo excluí-la. Relembre-se que durante o ano os alunos hão de ler, na biblioteca e em casa, o número de obras consignado nas Instruções Gerais, convidando que se entreguem também à leitura de jornais e revistas. Para livro de texto a escolha poderá recair em "Páginas Seletas", por Henrique Coelho. Vocabulário. O estudo do vocabulário conte principalmente sobre as palavras compostas e derivadas. Note-se que mais de dois terços do nosso léxico procedem de vocábulos formados no seio da língua pelos processos de composição eruditos provenientes das fontes grega e latina. Os alunos farão coleções de vocábulos, registrando-os em seus cadernos, de modo a conhecer a força criativa dos referidos processos. Entre muitos outros, registrem-se, por exemplo, os compostos do verbo pôr, que são os seguintes: entrepor, apor, compor, contrapor, decompor, depor, entrepor, expor, extrapor, impor, indispor, interpor, justapor, opor, pospor, predispor sobrepor, soto-pôr, subpor, superpor, supor, transpor. Sejam também consignados nos cadernos dos alunos vocábulos derivados, como estes, carrada, carrear, carreiro, carreta, carrete, carreteiro, carretel, carretelzinho, carretilha, carreto, carril, carrinho, carroça, carroçada, carroção, carroçável, carroceiro, carruagem. Análise. A análise servirá neste ano para proporcionar à classe conhecimento claro da construção dos períodos. Feitos os exercícios de modo atraente, sem classificações difusas e cansativas, conforme sucedia outrora, quando a análise representava o fim do ensino da língua e não o meio de interpretá-la, ter-se-á reabilitado tão importante estudo. Mediante a análise assim compreendida, a parte teórica deste programa tornar-se-á realmente proveitosa à prática da língua vernácula. 3.º ANO Elocução. Devem constar de palestras os exercícios de locução efetuados neste ano. Além do mais, eles visam desenvolver os alunos para as palestras que terão de realizar no Curso de Aplicação sobre assunto pedagógico. Convém que cada aluno faça, pelo menos, uma palestra por trimestre aos condiscípulos. Não serão longos tais exercícios, a fim de que todos os alunos possam levá-los a efeito em número suficiente de vezes. O assunto será literário, extraído do livro de texto adotado no ano precedente ou das obras indicadas para leitura neste ano. Recomenda-se aos alunos que preparem um sumário para facilitar o exercício, evitando se as palestras lidas ou reproduzidas de memória. Redação. Para os exercícios de redação cumpre atender às recomendações apresentadas no segundo ano. A correspondência e a escrituração escolar ocuparão neste ano grande parte dos trabalhos escritos, de modo que a classe fique sabendo redigir ofícios, requerimentos, atestados, etc. A prova escrita mensal poderá versar o referido assunto ou outro qualquer. A classe publicará, como já se tem dito, um jornalzinho que ficará sob a direção do professor. Este explicará em aula como se faz num grande órgão da imprensa diária, mostrando números de jornais do nosso país e do estrangeiro. Leitura. Servirá de livro de texto no presente ano a "Antologia Contemporânea", de Cláudio Brandão. A leitura silenciosa cingir-se-á de preferência à obra "Galeria de Grandes Homens", por Álvaro Guerra, formada de vários volumes contendo biografias de literatos brasileiros. Equivale a uma iniciação no estudo da literatura, que o aluno mais tarde procurará conhecer amplamente. Vocabulário. A leitura, o uso do dicionário e os demais exercícios representam outros tantos meios de aumentar o vocabulário dos alunos, trazendo-lhes novas ideias e novas formas de expressão. Por séries baseadas na lei dos contrastes poder-se-á fazer igualmente o estudo do vocabulário. Os exemplos nesse sentido dariam um verdadeiro dicionário de curiosidades úteis. Apresentemos apenas dois. 1.º — Termos referentes a escritos e dizeres breves: abreviatura, anexim, assinatura, bilhete, charada, data, dedicatória, divisa, endereço, epígrafe, inscrição, letreiro, monograma, recado, rótulo, rubrica, título, verso. 2.º — Nomes concernentes à aviação: aeródromo, aeronauta, aeronáutica, aeronave, aeroplano, aeroporto, aeroposta, amerissar, aterrar, aterrissagem, aviador, avião, aviplano, biplano, dirigível, hidroavião, mono piano, zepelin. Análise. Na análise léxica far-se-á o estudo regular da estrutura dos vocábulos. Cabe dar exemplos, em que se empreguem prefixos vernáculos, latinos e gregos, comparando-os entre si, conforme se vê: benquisto benévolo; bensoante, eufônico. Notem-se os prefixos expletivos: abaixar ou baixar; descascar ou cascar; enumerar ou numerar. Analisem-se os compostos por justaposição, e estude-se igualmente a derivação própria e imprópria. Na análise lógica aplicar-se-ão as principais regras de concordância, de colocação e de regência, algumas particularidades e figuras de sintaxe. Observações importantes sobre os exercícios de análise, neste e nos anos precedentes: não serem escritos os exercícios, porém sempre orais; serem progressivos, não abrangendo a gramática inteira e não repisando noções sabidas. PROGRAMA DE MÚSICA E CANTO CORAL NAS ESCOLAS NORMAIS Música e canto coral Sem o intuito de formar artistas, tem a música, na escola, um fim todo educativo, como agente pedagógico de grande relevância. Além de desenvolver a memória auditiva e o senso rítmico, é de influência precípua e decisiva na formação do caráter, na cultura da inteligência e dos sentimentos. Fator de alegria, auxiliar poderoso de disciplina, concorre, através das estrofes das canções e hinos pátrios, para despertar o amor à natureza e ao trabalho bem como o sentimento de fraternidade e o culto à terra. Corrigindo e melhorando as vozes no canto de um hino ou de uma canção, esquecem-se das desigualdades de condição e, vibrando a mesma emoção de alegria e de entusiasmo, sentem-se irmanados no mesmo afeto e no mesmo ideal. "Cantar é útil porque é agradável, porque desafoga o sentimento, suaviza o trabalho, dissipa a tristeza". INSTRUÇÕES A orientação dada ao presente programa deve preencher, diretamente e com justeza, os fins principais que se têm em vista: preparar os órgãos produtores e receptores do som; habituar o aparelho respiratório a uma ginástica benéfica ao organismo; amenizar o ensino, descansando os alunos de estudos que exijam esforço intelectual e, acima de tudo, trazer alegria às classes. 1.º — Quer no Curso de Adaptação, quer no Preparatório, serão tomadas inicialmente melodias simples, com o objetivo de procurar deduzir das mesmas o ensino teórico, de conhecimento exclusivamente necessário à boa leitura musical e à sua interpretação. Conviria que se aproveitassem, nos primeiros passos, para dedução da teoria, trechos conhecidos ou motivos locais. Não é aconselhável começar o curso pelo ensino das notas, antes que tenham os alunos adquirido um pouco de gosto pela música. 2 — Tomando uma canção conhecida, o professor escreverá no quadro a melodia. Exemplo: O ritmo e o andamento são marcados pelo professor; a clave, que pode também não estar aí simbolicamente representada, será indicada pela nota inicial dada pela voz ou no instrumento. Pela observação, percebem os alunos que os sinais representam os sons que a forma das figuras varia segundo a duração dos sons; que os sons sobem em entoação à medida que se elevam as figuras musicais que partem da primeira linha inferior da pauta e descem na ordem inversa, etc. A proporção que essas frases melódicas aparecem vão os alunos conhecendo a teoria que elas encerram. 3 — Os elementos que, em conjunto, formam o senso musical são: o ouvido, a voz, o senso tonal e o senso rítmico. Dentre esses, o mais perceptível é o senso rítmico (isto é, a ordem nos movimentos) que é quase instintivo. Cumpre apenas regulá-lo, torná-lo consciente, ao passo que a voz, o ouvido e o senso tonal reclamam exercício e educação especial. O ritmo parece-nos, pois, ser a base da educação musical. 4 — Muito delicado e sensível, o aparelho de fonação deve ser utilizado com bastante cautela. E pois, aconselhável que os alunos cantem sempre com naturalidade, sem violência e sem esforço, não gritem nunca o que cantam, antes o façam com a maior suavidade e expressão. Para isto, cumpre que nunca ultrapassem o limite natural de suas vozes. 5 — Salvo raras exceções, todas as vozes são aproveitáveis. Boa ou má, forte ou fraca, afinada ou não, todos, enfim, têm uma voz, isto é, a faculdade de emitir sons de caráter musical. Dificilmente se poderá encontrar uma aluna inteiramente desprovida de voz, incapaz de emitir os seguintes sons: Ninguém pôde criar a voz, diz Lavingnac; este é um dom natural, que depende inteiramente da conformação do aparelho vocal; mas podemos favorecer o trabalho da natureza: e é abstendo-nos de opor obstáculos a esse trabalho, e, por outro lado, removendo com inteligência as pequenas imperfeições e defeitos notados, que conseguiremos reunir elementos aproveitáveis num coro orfeônico. 6. A boa respiração é indispensável no canto. Para os exercícios iniciais das aulas, deverão os alunos habituar-se a fazer a inspiração e a expiração aconseIhadas pelos autores, e pelo maestro Vila-Lobos e resumidas nos seguintes itens:

a

respiração imperceptível, em atitude correta e natural

b

inspiração pelo nariz e expiração pela boca em ritmo ternário: 1.º tempo — inspiração; 2.º e 3.º — expiração;

c

inspiração pelo nariz e expiração emitindo brandamente a vogal "A", em ritmo binário : 1.º tempo — inspiração; 2.º — expiração;

d

o mesmo exercício, mais prolongado em ritmo ternário; 1.º tempo, inspiração; 2.º e 3.º — expiração;

e

repetir o mesmo exercício, com interrupção repentina da voz ;

f

inspiração pelo nariz e expiração pela boca, ao emitir o "A" como um suspiro profundo que lembre um glissando, em ritmo ternário 2.º e 3.º — expiração.

g

vocalização da mesma nota (com o auxílio do diapasão). Logo no início das aulas, este exercício denuncia desafinados que irão instituir, temporariamente, a chamada "classe dos ouvintes".

h

o mesmo exercício, em conjunto, com todas as vogais, em ritmo quaternário, seguindo a escala, e dentro da tessitura das vozes. Ao entoar-se um hino ou canção, o ato respiratório não será tão profundo como na ginástica respiratória; deve ser simples e natural apenas um pouco mais regulado; entretanto, o próprio trecho musical guiará a respiração. Se se exige que o aluno, ao cantar, se preocupe com a respiração, naturalmente cantará mal e respirará mal. Cumpre, entretanto, aduzir sobre isso algumas considerações:

a

que os alunos respirem silenciosa e tranqüilamente;

b

que a respiração seja regulada principalmente pelo texto;

c

que para a respiração sejam aproveitadas as pausas musicais:

d

que se recomende a inspiração antes de uma série de notas ligadas e de notas longas. Em geral, a inspiração não deve interromper nem o texto, nem a sequência da melodia. Convém, pois, não respirar no decurso de uma palavra, depois de um artigo, de uma conjunção copulativa ou de um adjetivo, quando este vier antes de um substantivo. Havendo dois ou mais adjetivos sucessivos, podem eles ser separados por uma inspiração. Todavia, em se tratando de notas de longo duração, é bem visto que estas indicações nem sempre poderão ser observadas. 7.º — Nos exercícios de vocalização, sem o menor esforço de garganta, os alunos entoarão as notas da escala, primeiro em sua ordem natural e com bastante duração em cada uma delas e depois em diversas combinações melódicas, em compasso determinado e emitindo o som com as vogais, começando a entoação do "dó" e chegando até o "dó" ou "ré" da quarta linha. Nas notas mais agudas as vogais empregadas devem ser de preferência o "o" e o "a". 8. — A formação do ouvido se processará insistentemente pela percepção da tonalidade, por meio de acordes, arpejos e escalas referentes aos trechos educados. 9.º A escolha do repertório. O canto deve, certamente, obedecer a um conjunto de condições ou requisitos indispensáveis, na música como na poesia. Assim:

a

deve ser, no princípio, simples e curto, fácil de guardar, para desenvolver o sentido da imitação dos sons e a memória dos sons;

b

deve ser agradável, sensível, pois a música que não delícia o ouvido, que não canta, não oferece, no princípio, o indispensável atrativo;

c

deve ser distribuído de acordo com a idade e a capacidade dos alunos, por forma a cultivar, progressivamente, a afeição pela arte;

d

deve interpretar convenientemente o sentido do texto, pois, irmãs que são, a poesia, e a música, hão de auxiliar-se mutuamente, ajustando-se a completando-se pelo sentimento;

e

cumpre haver correspondência entre o ritmo musical e o ritmo poético, isto é, os tempos fortes da música e as acentuações tônicas dos versos devem coincidir sempre;

f

não basta oferecer aos alunos a música de seu agrado, que lisonjeia o ouvido, mas a música cantante e sonora, simples e graciosa, de contorno harmônico e delicado e que sirva de estímulo sempre para o belo e para o bem. 10. Desde o início, deve o professor interessar-se em desenvolver o gosto estético do aluno, desvelando-se porque este selecione e intérprete convenientemente os trechos musicais, ampliando gradualmente a sua capacidade de escutar músicas progressivamente mais difíceis, de acordo com o desenvolvimento e o apuro da voz. Canto coral O canto coral, de tão grande valor educativo, se estenderá do Curso de Adaptação ao Curso de Aplicação, c deve ser organizado o mais cuidadosamente possível, sob o ponto de vista técnico e artístico, observando-se:

a

a classificação das vozes;

b

a atitude dos orfeonistas e as circunstâncias cm que devam, ou não, cantar;

c

os exercícios respiratórios e os de vocalização;

d

o solfejo cuidadoso das partes musicais pelas diferentes vozes;

e

a análise da composição e a interpretação consciente dos alunos;

f

o equilíbrio do conjunto quando se tratar a execução geral;

g

a organização do repertório, que deverá abranger diversas épocas e diversos gêneros. Para classificação das vozes, obedecerá especificação Vila-Lobo, que é a seguinte: Acompanha o presente programa uma lista de canções e hinos já adaptados e selecionados. O professor, de acordo com o critério já estabelecido, escolherá, livremente, dentro da relação apresentada, as peças que tiver de adotar na Escola. O mesmo fará quanto aos livros a serem usados. SOLFEJOS Curso de Adaptação João Baptista Julião — Melodias Escolares, Vol. I Fabiano Losano — Alegria das Escolas. Danhauser — Solfejo 1 A. Curso Preparatório João Baptista Julião — Melodias Escolares Vol. II. Celeste Jaguaribe — Solfejo especial para Orfeão. Danhauser — Solfejo 1 B, 6 A e 6 B. João Gumes de Araujo — Método de Orfeão. Georges Brun Lições de solfejo (3 vozes). BIBLIOTECA PARA O PROFESSOR Storia della Musica nel Brasile – Vicenzo Cumicchiaro. La Musique, ses lois, son évolution — Jueles Combarieu. Histoire de Ia Musique. — Lavignac. L'éducation methodique de l'oreille — André Gédalge. Metodologia — A. Carbonele Migal. La voix professionelle — Pierre Bonnier. Memoires ou Essais sur Ia Musique — Gretry. O Canto nas Escolas — Branca de Carvalho Vasconcelos (Revista do Ensino — 1926-1933). Aulas de Música — João Gomes Junior, Theorie de Ia Musique — Danhauser Pontos de Música — J. Octaviano. O Canto Escolar — Fred. Bieri. História da música brasileira — Renato de Almeida, Notions scolaires (de musique — A. Lavignac. OBRAS CORAIS DE CANTO ORFEÔNICO PARA O CURSO DE ADAPTAÇÃO A uma voz Hino Nacional — Francisco Manoel. Brasil Unido (hino) — Plinio Barreto. Hino à Bandeira — Francisco Braga. Hinos nacionais estrangeiros — Luiza Ruas. Reloginho, reloginho — Francisco Braga. Cantos escolares — João Bernfeld. Marcha, soldado. ou Vamos, crianças, Despertar, Ciranda, cirandinha, Nosso recreio e Hino ao sol do Brasil — Lucilia G. Villa-Lobos. Tão doce luz — Sylvio Salema. Seis canções brasileiras — V. Lima e S. Rossi. Estudai, estudai — J. F. de Freitas. Dona Sancha — Ceição de Barros. Alvorada (60 cantos) — Fabiano Lozano. Na roça — João Gumes Junior. Sinos — Armando Lesse. Ciranda, cirandinha, (coleção) — João Gomes Júnior e J. B. Julião. Hino às árvores — João Gomes Junior. Hino à noite — Beethoven e Ceição de Barros. A duas vozes Orfeão escolar — Celeste Jaguaribe. Alvorada (60 cantos) — Fabiano Losano. Juventude — Tebaldini. Bilac (hino) — João Gomes Junior. Acalentando — Sylvio Salema. Les contes d’Hauffmann — Offenbach. Terra natal — Mozart e H. Villa-Lobos. Risonha madrugada — Haydn e II. Vila-Lobos. O tamborzinho (em dó menor) — Raineau e H. Vila-Lobos. Nossa música (6 canções para o orfeão a 1 e 2 vozes) — João Gomes Junior. Seis canções infantis — João Gomes Junior. Hino-Nacional — Francisco Manuel e H. Vila-Lobos. Hino à Bandeira — Francisco Braga e H. Vila-Lobos. Oração e recompensa — Celeste Jaguaribe. Canções brasileiras: A madrugada, o Sabiá, Nal, Festa na roça, Pescador, Pequeno pescador e Pirolito — João Gomes Junior. A três vozes Marcha, soldado. ou Vamos, crianças, Despertar Ciranda, cirandinha — Lucilia G. Vila-Lobos. Nosso recreio — Armando Lessa. Sinos — Celeste Jaguaribe. Orfeão escolar — Beethoven. Hino à noite — Ceição de Barros. Juventude — Tebaldini. Alvorada (60 cantos) — Fabiano Losano. Acalentando — Sylvio Salema. Terra natal — Haydn e H. Vila-Lobos. Risonha madruga — Haydn e H. Vila-Lobos. O tamborzinho (em dó menor) — Rameau e H. Vila-Lobos. O ferreiro — Antolisei. Além do cancioneiro e Hinário oficiais. OBRAS CORAIS DE CANTO ORFEÔNICO PARA O CURSO PREPARATÓRIO E O DE APLICAÇÃO Vozes selecionadas e classificadas: A uma voz Hino Nacional — Francisco Manoel A Marselhesa — Rouget de Lisle. Hino à Bandeira — Francisco Braga Ruas. Hinos nacionais e estrangeiros (coleção) — Luiza Ruas. O coração e os olhos, Gondoleiro do amor, Saudades — João Gomes Junior A duas vozes Hino Nacional — Francisco Manoel e H. Vila-Lobos Hino à Arte — Dr. Carlos de Campos. Hino à Bandeira — Francisco Braga e H. Vila-Lobos A canção da noviça — Antolisei. Canção do amor — A. Nepomuceno. Poema Piranga — J. Gomes de Araujo. Canção sertaneja, As rolas — M. Lima. Não me deixes — J. B. Julião. Batuque em São Paulo — Ed. Souto. Orfeão escolar (3 séries) — João Gomes Junior. Sinos — Armando Lessa. O ferreiro — Antolisei. Dorme — Gomes de Araujo. A juventude — Tobaldini. Hino a Santa Cecília — Gounod. Canção do marceneiro — H. Vila-Lobos. Hino Normalista — J. B. Julião. Acalentando —- Sylvio Salema. Canção do exílio — João Gomes Junior. Hino à noite — Beethoven. Hino à noite — Beethoven e Ceição de Barros. Invocação à Cruz — Alberto Nepomuceno. Cantiga sertaneja — J. Gomes Junior. Brasil — J. Gomes de Araujo. Laudi alla Vergine — Verdi. A três e quatro vozes Orfeão escolar (3 séries) — João Gomes Junior. Os moinhos e Minha Mãe — Dr. Carlos de Campos. Canção da saudade — H. Vila-Lobos. Fonte dos amores — João Gomes Junior. Hino ao trabalho — Duque Bicalho. Noturno — Paulo Florence. Pra frente, ó Brasil — H. Vila-Lobos. Andorinhas — João Gomes Junior. As costureiras, Cantiga de roda — H. Vila-Lobos. O Rio — Dogliani. Hino a Santa Cecília — Gounod. A Paz — Barroso Netto. Lenda do Rio-Negro — João Gomes Junior. O ferreiro — Barroso Netto. Cantigas — João Gomes Junior. Baile na flor — Alberto Nepomuceno. La Boscainola (a sertanejo) e Canções escolares (3 séries) — João Gomes Junior. Tango Brasileiro — Alex. Levy. Orfeão escolar — Celeste Jaguaribe. Suspiros (canções brasileiras) — João Gomes Junior. Noturno — Paul Florence. Canções do exílio e Barcarola — João Gomes Junior. Sylvia (Pizzicato Scherzettino) — L. Delibes e João Gomes Junior. Reverie — Schumann e H. Vila-Lobos. Na risonha madrugada — Haydin e H. Vila-Lobos. Férias, Primavera do Brasil, Oração, contos cantados, História complicada, Canção sem palavras e Minueto — Barroso Netto. Moderato — Haydn. Terra natal — Mozart. O contratador de diamantes — F. Mignoni. O tamborzinho — Rameau. Adágio — Mendelsshon. Fuga (sem paIavra) — Barroso Netto. A marcha das rosas e Cantos escolares — H. Faustino. Além do Cancioneiro e Hinário oficiais. Coro misto Padre Nosso — Clauco Velasquez. Mottetto — Palestrina. Kirei — José Maurício. Iphigenie in Aulis — G. G. Gluck. Festiva — Beethoven. História complicada — Barroso Netto. Fuga n. 1 — Barroso Netto. Prelúdio 22 — G. S. Boile. Pátria — Villa-Lobo. Elegie — Massenet. MÚSICA E CANTO CORAL Curso de Adaptação Primeiro ano Exercícios de respiração. Exercícios fáceis e curtos de vocalização, a uma e duas vozes. Exercícios curtos de respiração e vocalismo simultâneos. Exercícios de manossolfa. Classificação, seleção e colocação de vozes, segundo Vila-Lobos. Atitude dos orfeonistas. Afinação orfeônica. Efeitos de timbres diversos. Exercícios de orfeão a uma e duas vozes (orientação Vila-Lobos). Canções e marchas escolares, a uma e duas vozes. Canções curtas e fáceis a três vozes. Hinos patrióticos: Hino Nacional, Hino à Bandeira, da Independência, da República, da Confraternização Americana. Entoação de melodias conhecidas. Deduzir das mesmas: sons médios, agudos e graves; tempos fracos e fortes; compassos; figuras que entram na composição dos compassos — formas e duração das diversas figuras; seu valor relativo; figuras simples e compostas; pausas; pauta; linhas suplementares; clave; nome das notas. Exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas em compasso binário 2|4. — Análise e exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas, em compasso quaternário C. ou 4|4. — Análise e exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas, em compasso ternário, 3|4. — Análise e exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas e desconhecidas a urna e duas vozes, em compasso quaternário. — Observações sobre ligadura. Observações sobre stacatto. Solfejo de melodias conhecidas em compassos simples. — Emprego dos sinais acessórios (sustenidos). Solfejo de melodia conhecidas, em compasso simples. — Emprego dos sinais acessórios (bemois e bequadros). Solfejo de melodias conhecidas, e desconhecidas, a uma e duas vozes, em compasso binário. — Indicação das escalas que deram origem às melodias (dó maior e lá menor). Segundo ano Recapitulação do programa do primeiro ano, continuando sempre os exercícios de respiração e vocalização. Solfejo de melodias conhecidas, e desconhecidas, em, compasso quaternário, ternário e binário, observando-se os intervalos ascendentes, descendentes, conjuntos e disjuntos, simples e compostos; a extensão da melodia e as notas que serviram de base para a composição completa da melodia. Solfejo de melodias conhecidas e desconhecidas, sempre em compassos simples, com aplicação das alterações musicais. Solfejo de melodias conhecidas e desconhecidas, nos compassos simples, a uma e duas vozes. — Correspondência entre compassos simples e compostos. Transformações dos compassos simples em compostos e vice-versa. Solfejo e análise de melodias conhecidas e desconhecidas, a uma e duas vozes, nas tonalidades de dó e sól maiores e nas relativas menores; de ré e lá maiores e nas relativas menores; de fá e si b maiores e suas relativas menores. Tons e semitons. Armadura. Nomenclatura dos diversos graus das escalas que serviram para a composição dessas melodias. Estudo mais apurado do Hino Nacional, Hino à Bandeira, etc. Preparo de novas peças para o orfeão. MÚSICA E CANTO CORAL Curso preparatório 1.º Ano Breve palestra sobre a origem e a evolução da música. Principais vultos da música brasileira. A música como elemento nas grandes comemorações cívicas, festas Populares, etc. , desde os povos antigos. Importância e finalidade do canto coral, seu valor na educação cívica e artística e como fator de disciplina. Exercício de respiração. Exercícios de vocalização, a uma, duas e três vozes. Exercícios de respiração e vocalismo simultâneos. Exercícios de manossolfa. Classificação, seleção e colocação de vozes, segundo Vila-Lobos. Atitudes dos orfeonistas. Afinação orfeônica. Efeitos de timbres diversos. Exercícios de orfeão (orientação Vila-Lobos). Recapitulação do programa do Curso de Adaptação, com variedade de exercícios vocais e escritos. Solfejo de melodias desconhecidas, a urna e duas vozes, em tonalidades e compassos diversos, empregando-se na armadura, os sustenidos. Solfejo de melodias desconhecidas, a uma e duas vozes, em tonalidades e compassos diversos, empregando-se, na armadura, os bemóis. Solfejo e análise de melodias em que entrem grupos alterados, sinais de expressão, sincopas, ornamentos e andamentos. Metrônomo. Solfejo e análise de melodias em compassos e tonalidades diversas a duas e três vozes. Recapitulação das noções dadas anteriormente. Solfejo e análise de melodias maiores e menores. Regras mais importantes de modalidade e tonalidade, com variedades, de exercícios. Partindo de uma melodia dada, escrita em clave de sol, salientar a necessidade de outras claves. Estudo das claves. Revisão e desenvolvimento do estudo das escalas diatônicas, modos e suas divisões; suas notas diferenciais, comuns, modais e tonais. Acordes de 3 sons (noções elementares), verificados com auxílio do manossolfa e aplicados em melodias dadas. Solfejo de melodias e canções diversas já dadas. — Fazendo-se a abstenção do compasso, tonalidade e modalidades, determinar os seus ritmos e escalas. Recapitular, em melodias dadas, as tonalidades observadas e analisar os intervalos naturais e alterados que aparecem, o efeito de sinais acessórios nesses intervalos, os tons e semitons, os intervalos consonantes e dissonantes, com suas resoluções. Intervalos enharinonicos. Mostrar, em melodias dadas, que elas variam em gênero, desde que se varie o compasso. Estudo mais desenvolvido das canções e hinos já estudados, por grupos, separadamente, e depois, por todo o conjunto. Estudo de novas peças de canto. Segundo ano Exercícios de respiração. Exercícios de vocalização, a uma, duas e três vozes, em notas stacattas e longas. Exercícios de vocalização por audição, em notas longas e sustentadas de um pianíssimo a um fortíssimo, e vice-versa. Efeitos de timbre no orfeão. Exercícios de vocalização a duas e três vozes, em notas longas e filadas. Exercícios de respiração em melodias clássicas e livres. Exercícios desenvolvidos de irianossolfa, a duas vozes, com efeitos de timbres, em notas curtas e longas. Execução, em conjunto, dos Hinos Nacional, à Bandeira, etc., e das canções já estudadas. Preparo de novas canções e peças outras de diferentes estilos e de maior desenvolvimento, a duas, três e quatro vozes. Por meio de melodias em diversos compassos e tonalidades, recapitular as noções dadas no ano anterior. Solfejo de melodias desconhecidas, a duas e três vozes, em compassos simples e compostos, em que haja alguma dificuldade rítmica. Esse exercício será feito diariamente e de conformidade com o adiantamento dos alunos. Modulação para o tom de sol maior de uma melodia escrita em dó maior, fazendo descobrir a escala que corresponde à tonalidade de sol maior. Dada uma melodia em sol maior, analisá-la, tratando especialmente da armadura da clave e do motivo por que o primeiro sustenido vem assinalado na 5.º linha da pauta da clave de sol. Dada uma melodia em Ia menor, fazer uma modulação para mi menor. Explicar essa transformação e fazer determinar a escala relativa de mi menor. Escrever uma melodia em mi menor e analisá-la. Fazer observar em análises de melodias dadas, as tonalidades: ré maior, lá maior, mi maior, e suas relativas menores. Solfejo de melodias em diversas tonalidades e em compassos simples e compostos. Observar os semitons diatônicos e cromáticas, ascendentes e descendentes, em melodias cromáticas. Solfejo de melodias desconhecidas, em compassos compostos e em tonalidades diversas. Solfejo de melodias em compassos simples e compostos, dadas as melodias nos tons de mi, si, fá e dó maiores; analisá-Ias e determinar suas tonalidades relativas menores. Solfejo de melodias, a uma e duas vozes, com tonalidades diversas. Análise de melodias que facilitem a recapitulação das noções musicais dadas. Dadas melodias nos tons de mi, lá, ré, sol e dó maiores, analisá-las e determinar suas tonalidades relativas. Observar as formas das escalas menores melódicas e harmônicas. Tons sinônimos e melodias adequadas. Observar, em melodias dadas, os intervalos maiores e menores, aumentados e suas inversões. Explicação, em melodias apropriadas, dos grupos alterados, salientando a sua função e aplicação. Sincapeas. Em melodias dadas em compassos compostos, mostrar que o gênero de cada melodia varia de conformidade com o compasso. Solfejo de melodias a três vozes, em compassos simples e compostos Recapitulação das noções sobre claves, tratando especialmente da clave de fá. Instrumentos e vozes em que se usa a clave de fá. Dadas melodias em tons diversos, transportá-las para tons diferentes. Explicação das vantagens dessa operação musical. Exercícios de transposição. Problemas de transposição subordinados aos casos : dada uma melodia, pedir a sua transposição, e dada a transposição e os elementos que a determinaram, descobrir a melodia transportada. Solfejos de melodias em compassos simples e compostos em diversos tons. Fazer observar os andamentos e os sinais de expressão em melodias solfejadas. Recapitulação dos graus alterados, ornamentos, apogiaturas, trinados, mordente, portamento, arpejo, em melodias solfejadas e analisadas. Execução mais apurada das peças cantadas durante o ano. Terceiro ano Este ano é destinado especialmente à prática do Orfeão. Folclore nacional; sua utilidade ligada à música e à história das artes. É neste período que se torna mais suave e atraente, para mestres e alunos, o ensino da Música. Os primeiros Iruem, na facilidade relativa com que os segundos interpretam as peças musicais, a compensação ao labor dos anos anteriores. Apertam-se mais os elos de compreensão mútua, que se estabeleceram no decorrer de uma convivência mantida em atmosfera de tranqüilas emoções estéticas. Atinge-se o limiar da arte pura: Palestrina, Rameau, Mozart, Beethoven, Shumnann, Nepomuceno, Vila-Lobos. Nas sessões dos Grêmios musicais, estes nomes já foram pronunciados, mas com significação vaga e relativa. Agora o trabalho lento e paciente já produz seus frutos, e os nomes dos mestres cujos retratos ornam as paredes da Sala de Música, desenhados pelas alunas, tornam-se mais familiares. É conveniente, pois, dar maior vida ao Grêmio Musical, promovendo audições repetidas, durante as quais se estudam mais detalhadamente, as biografias, o histórico das peças, (quando possível), e, sobretudo, se apura o ouvido na diferenciação das escalas pelas afinidades que aproximam os compositores. Estes, pelas suas tendências, definirão mais claramente para as alunas, no futuro, os períodos em que viveram, sofrendo a fatalidade das transformações sociais e a sugestão da literatura. É, pois, conveniente introduzir no repertório do 3.º ano, peças de autores filiados a todas as escolas, mas de acordo com a capacidade dos membros do orfeão. Ainda agora se deverá manter a orientação dos anos anteriores. Porque os alunos são capazes de cantar trechos musicais com relativa facilidade, não é razoável que se ponha de parte a Teoria que lhes facilita isto. É bom deduzi-las sempre das peças, ainda que seja a título de recapitulação. Também não serão esquecidos os exercícios de vocalização, mais ampliados do que nos anos anteriores, deduzidos das canções e feitos a duas, três e mais vozes. Todas as vezes que se estuda uma composição musical, deve-se predispor favoravelmente os alunos, discorrendo sobre o compositor e os característicos de sua obra. Chamar-se-á, também, a atenção para a beleza da peça e a coerência dos pensamentos que tanto a letra como a música sugerem. A interpretação deverá ser insinuada ou a justeza e a originalidade, necessárias para despertar no coro o desejo imediato de realizá-la. Habituar-se-á o Orfeão a fazer sempre, antes de cantar, um exercício respiratório de disciplina ("respiração imperceptível" de que se trata nas Instruções gerais) que estabelece silêncio absoluto e permite a concentração precisa para uma execução, o mais possível, perfeita. MÚSICA E CANTO CORAL Curso de Aplicação Noções da história da música em geral e, especialmente, da música nacional. Análise e crítica de trechos musicais para observação das regras estéticas da música. Espécies e gêneros de música. Notícias sobre os grandes compositores. Característicos e beleza da música nacional. Óperas de músicos nacionais. Traços biográficos com ilustração de compositores brasileiros de nomeada. Formação do orfeão no Curso de Aplicação. Estudo de músicas ele diversos estilos e de valor artístico. Análise da composição que vai ser executada pelo orfeão, quanto à espécie e ao gênero da música, de modo a ser interpretada conscientemente. Distribuição das partes pelas diversas vozes, depois marcadas as frases musicais para o efeito do ritmo. Solfejo das partes musicais, respectivamente pelos sopranos, meio sopranos e contraltos. Estudos dessas partes com respectiva letra, cada uma em separado para serem depois contadas em conjunto. Execução geral, procurando-se obter, no conjunto, uma harmonia bem exercitada, afinada e medida. Apuração das obras de arte executadas, até se conseguir que as vozes se combinem na harmonia necessária para dar a esta fôrma do canto em conjunto, Concepção e vivo caráter artístico. Nota: Para a conveniente audição de óperas e músicas clássicas, proporcionarão os grêmios escolares a vinda à Escola, de artista e virtuosi, para se fazerem ouvir. Poderão utilizar-se, também, das vantagens de uma vitrola. Prática profissional: É essa urna parte importante que, por si, justifica a inclusão da música no Curso de Aplicação, por isso que tem por objeto a aquisição, por parte dos alunos, da técnica metodológica e aplicável ao ensino primário. Prática profissional: É essa urna parte importante que, por si, justifica a inclusão da música no Curso de Aplicação, por isso que tem por objeto a aquisição, por parte dos alunos, da técnica metodológica e aplicável ao ensino primário. Complemento educativo — (Para ser realizado se se oferecerem oportunidades, através dos grêmios e de outras instituições, e feito por audição). Canções populares — nacionais, portuguesas, espanholas, italianas, francesas, alemãs, russas, inglesas. Educação rítmica do ouvido – marchas valsas, polcas, mazurcas, schottischs. Estudos dos timbres e da tessitura das vozes — baixo, barítono, tenor, contralto meio soprano, soprano. Música de uma e mais partes: solos duetos tercetos, etc. Gêneros de música: fantasias sinfonias músicas descritivas marchas fúnebres músicas sacras líricas bufas cômicas zarzuelas. óperas e operetas em diversas escolas nacionais e estrangeiras: Danças antigas: gavota minueto tarantela pavana giga allemande sarabanda passi-caille chaconne. Gênero clássico: Beethoven Mozart Pasielo Haydn Bach Scarlatti Marcello Cherubini. Gênero romântico: Wagner Chopin Mendelsshon Schumann Brahms Verdi Carlos Gomes Donizetti Bellini FRANCÊS O estudo do Francês no curso normal tem por finalidade proporcionar aos novos professores um excelente instrumento de aquisição de conhecimentos. A pobreza de nossa literatura, principalmente de nossa literatura pedagógica, que, conquanto haja progredido muito nos últimos tempos, ainda se mostra deficiente e falha, faz com que necessário se torne procurar no estrangeiro o que não conseguimos ainda produzir. Demais, a França, além de incontestável valor em todos os ramos da ciência, procura sempre enriquecer a sua literatura, traduzindo todos os livros recomendados que surgem nos outros países, de sorte que através do Francês, chegarão até nós as boas obras inglesas americanas, alemãs, etc. Longe, pois, de ser apenas um ornamento, como à primeira vista poderia parecer, o conhecimento do Francês é necessário, é indispensável a todos aqueles que desejam ilustrar seu espírito e muito particularmente aos que se destinam ao professorado. O ideal será que, ao terminar o curso normal, estejam as alunas perfeitamente aparelhadas para a exata compreensão dos bons autores. Assim sendo, adquirirão preciosos conhecimentos e poderão com mais segurança resolver todos os problemas alimentes à instrução, à educação. Deve, pois, ser tratado com o máximo desvelo a parte do programa que se refere ao estudo do Francês. O objetivo, já ficou dito acima, é dar às alunas a capacidade para a compreensão, à primeira vista mesmo dos trechos mais difíceis. Como, porém, não se chegará a tal resultado sem o conhecimento perfeito da índole da linguagem, procurar-se-á fazer um estudo metodizado de suas anomalias, de suas peculiaridades, dos fatos mais interessantes da sintaxe francesa, dos casos de divergência entre o Português e o Francês, procurando-se estabelecer sempre o confronto entre os dois idiomas. Todos os casos importantes devem ser abordados, porém por processos práticos e intuitivos, de molde a despertar o interesse das alunas. Concretizar sempre, procurar nos limites do possível, evitar as abstrações e as regras dogmáticas. A parte prática da linguagem, os exercícios de conversação não serão esquecidos, mesmo porque não se compreende o estudo de determinado idioma exclusivamente teórico. Além disso, quem se sente incapaz de expressar-se em qualquer idioma, será também incapaz de bem compreendê-lo. Que todas as alunas falem, e isso a partir da primeira lição. Aprenderam cinco ou seis palavras, apenas? Não importa que a conversação gire em torno dessas palavras. As alunas falarão, movimentar-se-ão, agirão, obedecendo a ordens que lhes serão transmitidas em francês, pelo professor. Esforçar-se-á este por tornar alegres, agradáveis e atraentes as suas lições, praticando a verdadeira escola nova e não se esquecendo de que é esse o único meio de êxito, mormente tratando-se da transmissão de conhecimentos de uma língua estrangeira, estudo que se não for feito com habilidade, com entusiasmo, com devotamento, por parte do professor, se tornará monótono, pesado e, por isso mesmo, improfícuo. CURSO DE ADAPTAÇÃO Primeiro ano Durante os primeiros meses não se adotará compêndio algum: as lições se constituirão de frases muito fáceis e de uso frequente, como: J'ai une maison, Ia maison est jolie; maison a deux fenêtres, etc.; uma, duas frases para cada lição. A sentença escrita no quadro será lida pelo professor e em seguida pelas alunas, exigindo-se a máxima correção de pronúncia. Depois de bem sabidas as frases, serão estudadas separadamente cada uma das palavras que formaram as sentenças. As alunas devem saber ler, escrever e compreender perfeitamente uma lição, antes que se lhe dê outra. Note-se que as frases dadas devem ter entre si urna certa sequência, uma certa relação, para que se possa estabelecer a conversação com as alunas. A tradução também só se fará em último caso, sendo de grande conveniência que o nome francês ocorra na imaginação das alunas sem ser precedido do nome português. As alunas devem acostumar-se a pensar em francês, evitando o processo longo e defeituoso de pensar em português e fazer mentalmente a versão para o francês. Como conseguir isso? é a pergunta que surge logo, pois à primeira vista parece tarefa muito difícil ensinar o francês sem dar a tradução das palavras. Nada mais simples: o desenho, as gravuras, os próprios objetos que a palavra representa, virão em nosso auxílio. O processo a ser empregado será pouco mais ou menos o seguinte: O professor mandará que cada aluna traga, feito a lápis de cor sobre cartolina ou papel adequado, o desenho de uma casa. Dirá que as casas poderão ser de qualquer côr, de qualquer formato, ter uma ou mais portas, uma ou mais janelas, um ou mais andares, ter ou não alpendre, cortinas, etc. Na aula seguinte haverá uma grande variedade de cores e de estilos: aparecerão casas antigas, sobrados, casebres, bangalôs, etc., cada qual com seu formato. A primeira lição se comporá apenas disto: La maison. Ma maison. Votre maison. C'est la maison. C'est ma maison C'est votre, maison. J'ai une maison. Nous avons une maison. La voi ci. Apresentando o desenho de uma casa que ele próprio terá trazido, dirá em voz clara e inteligível: La maison. Depois, apontando sucessivamente ora o seu, ora o desenho das alunas, dirá: Ma Maison, votre maison, repetindo até que compreenda pela atitude das alunas que das já perceberam a diferença entre ma votre. Então, fará repetidas vezes a pergunta: Qu'esl ce que c'esl? E responderá ele próprio, continuando a indicar os desenhos: C'esl ma maison, c'est votre maison. Dentro em pouco, as alunas responderão sem hesitar C'est ma maison, c'est votre maison. Este exercício será repetido, devendo ser argüidas todas as alunas, uma aqui, outra ali, outra mais adiante, de modo que todas se interessem pela argüição. Em seguida o professor escreverá no quadro as sentenças: C'est Ia maison, c'est ma maison, c'est votre maison. Explicará o som aí e mostrará que o ce ou c' que precede a palavra est é um pronome que não se traduz em português. As alunas copiarão cuidadosamente em seus cadernos as frases do quadro e em seguida o professor passará à segunda parte da lição. O professor ensinará, agora, as frases: Oui, j'ai une maison; nous avons une maison; la voici. Aqui será conveniente escrever as frases no quadro à proporção que as for anunciando. Aparecem formas verbais, elisão, mais dificuldades, enfim, do que na primeira parte da lição. Ocorre, também, que não se poderá evitar a tradução das expressões j'ai une maison; nous avons une maison, Ia voici. Ao passo que o professor as for escrevendo, irá dando a tradução. Escreverá oui, 1 a une maison e dirá: Sim, eu tenho uma casa; nous avons une, maison, nós temos uma casa; Ia voici, ei-la aqui. Lerá uma, duas vezes, explicará a diferença entre je e j'ai, bem corno os sons ou e oi, e procederá à argüição, dirigindo-se ora a urna aluna, ora a todas englobadamente, para obter as respostas: Oui, j'ai une maison; nous avons une maison; Ia voici. Finda a arguição, as alunas copiarão mais estas frases em seus cadernos. O professor recomendará o estudo cuidadoso da grafia das palavras e, na aula seguinte, fará este exercício: designando os desenhos, irá interrogando, sendo que a aluna arguida deverá dar as respostas por escrito, no quadro. Esta arguição pode ser geral: neste caso as respostas serão escritas nos cadernos de classe. A primeira lição se constituirá, pois do seguinte: Qu'est-ce que c'est ? C'est Ia maison C'est ina maison C'est notre maison. — Avez-vous une maison? (Oui, j'ai une maison (Oui, nous avons une maison — Montrez.moi votre maison. La voici. Segunda lição Nesta lição serão estudados o artigo le, o artigo Ia, que já apareceram na primeira lição, e o artigo como os les, bem vocábulos porte fenêtre, toit, de e sont, sempre compreendidos em sentenças. O processo será o mesmo empregado na 1.ª lição. O professor, mostrando no desenho, o telhado, a porta, a janela, irá dizendo: Le toit, la porte, Ia fenêtre. Indicando depois ora uma ora duas ou mais casas, ora um, ora mais telhados, ora uma, ora mais portas e janelas, dirá: Voici la maison. Voici les maisons. Voici le toit. Voici les bus. Voici Ia porte. Voici les portes. Voici Ia fenêtre. Voici les fenétres. A arguição se fará assim: — Montrez-moi le bit de votre maison. —Montrez-moi la fenêtre. Montrez-moi les portes. As alunas responderão empregando naturalmente, conforme o caso, te, Ia ou les: Le voici, Ia voici, les voici. É claro que, neste caso, empregarão elas pronomes pessoais, em vez de artigos, porém, não haverá nisso inconveniente algum, visto como o que se quer é que aprendam as variações de gênero e número e estas são perfeitamente idênticas entre os artigos definitos e as variações pronominais em questão. Após este exercício, o professor, indicando a princípio uma, depois duas casas, portas ou janelas, dirá: C'est la maison. Ce sont les maisons. C'est Ia porte. Ce sont les portes. C'est Ia fenétre. Ce sont les fenêtres. Arguirá depois assim, sempre indicando os desenhos Qu'est-ce que c'est? Qu'est-ce que ce sont? As respostas serão: C'est Ia porte de Ia maison. Ce sont les fenêtres de ma maison. C'est te bit de votre maison, etc. Como na primeira lição, as alunas copiarão em seus cadernos as novas frases aprendidas e ser-lhes-á recomendado o estudo da grafia das palavras. Já aqui o professor poderá determinar, como exercício de casa, a construção de sentenças fáceis para emprego do vocabulário aprendido. Antes de terminar a lição, explicará que não se pronunciam as consoantes finais, com raras exceções, bem como o e final não acentuado. Falará sobre o ê das palavras fenêtre e sôbre e agudo, (é) deixando bem claro o valor de cada mm. Terceira lição Esta lição tem por objetivo o ensino do nome das cores. Para isso o professor levará e pedirá que as alunas levem, também, pedacinhos de cartolina, de papel, ou de fita, de cores variadas. A' proporção que as apresentar à classe, irá dizendo e escrevendo no quadro: Rose, bleu, vert, rouge, blanc, noir, jeune, gris, marron, beije, lilas, or, mauve, bleu-ciel, violette, bois de rose, fraise, vermeil, etc. Explicará que a palavra foncé junto a um nome de côr, indica que o tom dessa cor é escuro: bleu-foIicé azul marinho; rouge foncé, vermelho escuro. Depois de ler várias vezes esta lista, escreverá: Toit noir — Maison noire — Toit gris — Fenêtre — grise — Livre bleu — Maison bleu — Livre blanc — Malson blanche (Havendo necessidade,,o professor recorrerá a qualquer termo fácil, estranho à lição, como livre, no presente caso). Mandará que as alunas observem a mudança de forma e explicará que, em francês, a letra característica do feminino é o e mudo. A conversação agora já torna mais interessante. O professor terá cuidado em movimentar a classe, argüindo a todos e designando ora um, ora outro, para outro desenho, prendendo a atenção de todas as alunas. Questões que poderão ser formuladas: Avez-vous une maison? Montrez_moi vos inaisons. Montrez_jnoi te toit de votre maison. Qu'est_ce que c'est (indicando os desenhos). Quelie-est Ia couleur de votre maison? Quelie est Ia couleur div bit de Ia maison de Maria? Quelle est Ia couler de Ia porte de votre maison? As respostas devem ser: Oui, nous avons une mui-son. La voici. C'est te bit, c'est Ia porte, ce sont les fenêtre de ma maison. Ma maison est marron. Le bit de Ia maison de Maria est gris. Evitar que as alunas empreguem nas respostas a palavra couleur, o que tornaria enfadonha a conversação, pela repetição forçada dessa palavra. Evitar também o emprego dos artigos indefinitos que ainda não foram estudados. Nota — Não se faça a versão dos nomes das alunas, é desnecessário e mesmo incorreto far-se-á mais tarde o estudo dos nomes de pessoas. Constará esta lição do estudo dos adjetivos numerais de um a dez e da palavra a (verbo avoir). No quadro ficará isto: Un. (1), deax (dois), trois (3) quatre ('quatro), cinq (5), six (seis), sept (sete), huil' (oito), neuf (nove), dix (dez). Indicando as portas, as janelas das casas, e, se for preciso, os cadernos, os livros, os dedos, as carteiras, etc. dirá: Une porte, deux fené Ires, trois portes, qualre livres, cinq Inaisons, SIX, sept cahters, lvii, neuf, diz doigts. Depois de ensinar a significação de a (verbo) estabelecerá a palestra da forma que se segue: Combien de portes votre maison a-t-elle? Combien de fenêtres a la maison de Laura a-t.-elle? O professor poderá simplificar a forma da interrogação, empregando: Combien de portes a votre maison? Combien de feriê ires a Ia maison de Laura? Não é sintaxe rigorosa, porém é muito usada na prática, essa construção. O processo será o mesmo das lições anteriores. As lições seguintes obedecerão ao mesmo critério, sendo que estes exercícios continuarão mesmo depois de adotado o livro indicado. Não haverá pressa de passar ao livro, o que só se fará depois que a classe haja compreendido bem o mecanismo da leitura. Serão estas as ideias centrais para os exercícios: o jardim, as flores, a horta, os legumes, instrumentos usados para jardinagem; a família; as frutas, os alimentos, as peças de vestuário, os móveis, a escola, os brinquedos as refeições, as horas, etc. Os mapas de gravuras usados para o estudo da língua pátria, poderão ser empregados na aplicação deste método. Durante o primeiro ano de adaptação deverão ser estudados os verbos avoir, être e os regulares das quatro conjugações. Estudados, porém, assim, através da palestra e sempre de modo intuitivo e prático. Livro indicado — Método preliminar do Curso de Francês, de Aimé Ruch. Segundo ano Para os exercícios práticos, para a aprendizagem das diversas conjugações, para a conversação, será adotado o mesmo sistema aconselhado no primeiro ano. Os exercícios serão os mesmos, ampliados gradativamente e de acordo com o adiantamento da classe. O assunto para a conversação será tirado dos mapas de gravuras já mencionados, de quaisquer outras gravuras que a isso se prestem e da própria lição de leitura. Aproveitando palavras e construções encontradas no trecho lido, o professor promoverá palestras sobre o mesmo, procurando obter que as alunas revelem, dando as respostas sempre em francês, a compreensão do que leram. Entretanto, depois desse exercício, convém que se faça a tradução. Se assim não for, as alunas se guiarão apenas pelo sentido, vários termos passarão despercebidos, o que será prejudicial, atenta a finalidade do estudo do Francês, no curso normal. Esta tradução é necessária e recomendada, ao contrário do que ficou dito relativamente aos exercícios de conversação. As questões gramaticais serão estudadas à proporção que forem aparecendo nos textos lidos, em forma conversa, abstraindo-se ainda, por completo, pelo menos por enquanto, a ideia de quaisquer fórmulas ou regras. Ao professor compete, se quiser metodizar suas explicações, escolher para a leitura trechos que se prestem ao seu objetivo, isto é, dará trechos em que se encontrem adjetivos qualificativos, logo depois escolherá para a leitura capítulos em que apareçam demonstrativos, depois os possessivos, os numerais e assim por diante. Nesta série serão estudadas pelo modo já indicado, os verbos auxiliares, os regulares das quatro conjugações, alguns irregulares de uso comum, tais como dire, faire, vertir, sortir, alter, envoger, mettre, mourir, etc. bem como as categorias de palavras. Livros aconselhados: "Primeira Série", de Gastão Ruch. De quando em vez o professor recorrerá á biblioteca da Escola, escolhendo bons livros a alcance da turma. Passará para o quadro negro fragmentos desse livro, fará com que as alunas os copiem e sôbre essa cópia versará a lição. Determinará, além disso, a leitura de determinado livro, para estudo nas horas destinadas à biblioteca. Na aula determinará ao exercício de interpretação e verificará quais os termos procurados no dicionário. Quanto mais livros, quanto mais autores, quanto mais estilos ficarem conhecendo as alunas, tanto melhor. CURSO PREPARATÓRIO Primeiro ano Ainda aqui continuarão os exercícios práticos, a conversação. Continuarão a ser empregados os mapas de gravuras sobre os motivos dos quadros as alunas poderão compor historietas muito simples, a princípio em redação oral e depois escrita. Assim por exemplo: Cetie enfant s'appelle Marie; elle ets três jolie; ses cheveux sont noirs et ses geux sont bleux. Marie a une robe rouge, un chapeau et des souliers blancs. Elle attend sa maman qui n'est pas encorre revenue de san travail. Auxiliadas pelo professor as alunas farão isso muito facilmente e poderão organizar o seu caderno de composições. Cada uma será autora de um livrinho de histórias, cartas, descrições, tudo muito simples, de acordo com a capacidade de cada uma. De quando em vez, a classe escreverá sob ditado trechos estudados com antecedência Quanto ao estudo de leitura e tradução, proceder-se-á como no 2.º ano de adaptação. Nos exercícios de conversação serão introduzidas as formas verbais negativas e interrogativas, os casos especiais de preposição do sujeito, de sujeito pleonástico, as diversas formas de negativa reforçada e os casos de supressão das negativas pas e point, o emprego dos auxiliares uvoir e être nos tempos compostos, (quando se deve empregar um ou outro) os casos mais interessantes do particípio passado, etc. Além dos verbos já conhecidos, estudar-se-ão boire, êcrire, mou cair, offrir, pleuvoir, servir, dormir, savoir, croire, paraitre, e outros que se apresentem, conforme a orientação dada aos exercícios práticos. Livros aconselhados: "Segunda Série" de Gastão Ruch e "Primeiro ano" de conversação francesa, por Julien Fauvel. Note-se que a Segunda Série aqui indicada, é um trabalho de leitura e não o método prático para aprender a língua francesa, de Henrique Monat e Gastão Ruch; este não convém para o curso normal. Há vários livros interessantes que as alunas poderão ler durante o ano. Qualquer um dos dois acima indicados será o livro de todos os dias, porém, o professor frequentemente escreverá no quadro, trechos de outros livros para que as alunas observem a variedade de linguagem e de estilo. São excelentes livros os da Condessa de Ségur, de Mmc. de Stoltz, de Mile. Julie Courand, etc. Segundo ano Nesta altura do curso, devem estar as alunas em condições de arcar com maior responsabilidade. No exercício de leitura e tradução, o professor não se esquecerá de ir incluindo, aos poucos, os princípios mais necessários da gramática. A parte prática não ficará em olvido. O professor continuará a usar os exercícios de conversação recomendados até aqui. O motivo para essa conversação será tirado do trecho marcado para o dia. O professor tentará, a princípio, obter das alunas a reprodução, com as suas próprias palavras, do trecho lido. Caso não obtenha resultado, irá formulando perguntas, de modo a abranger os pontos fortes da lição. Dentro em pouco as alunas estarão preparadas a fazer o que, a princípio, lhes parecia difícil: a interpretação do trecho lido. Poderá também o professor aproveitar, para a conversa, qualquer fato ocorrido na classe, na escola, ou na cidade. Narrá-lo-á em francês, formulará perguntas e, em seguida, fará com que as alunas exponham o que lhes foi contado. Além desse meio de aprendizagem, aconselhamos o uso de um compêndio, escrito em francês. Não se terá em vista o ensino mecânico das regras gramaticais, mas tão somente metodizar os conhecimentos já adquiridos, ao mesmo tempo que se aproveitem os numerosos exercícios dos compêndios, como o de Claude Angé, que será excelente para o caso. Para casa, serão marcados exercícios que versem sobre o estudo feito e nos quais se vejam as alunas obrigadas a empregar as regras mais importantes e necessárias. O livro aconselhado para a leitura será a "Seleta", de Rouquette, ou outro semelhante. Concomitantemente, deverão as alunas consultar obras e revistas francesas que se encontrem na biblioteca escolar. Terceiro ano No terceiro ano, continuar-se-á usando o mesmo compêndio com os seus respectivos exercícios, bem como a conversação. Como livro de leitura, seria conveniente adotar-se a seleta "Morceux Choisis" de Horácio Scrosoppi. Além de um bom dicionário português-francês e francês-português, será necessário ou mesmo sumamente proveitoso o uso de um dicionário escrito em francês, tal como o Petit Larousse. Tanto o dicionário como a gramática, escritos na língua que se estuda, são de grande alcance para familiarizar as alunas com o respectivo idioma . Além disso, tendo as definições na língua estranha, precisam fazer certa ginástica mental para encontrar o termo correspondente no vernáculo. O estudo do francês, como já foi dito, no curso normal, tem o propósito de dar às alunas conhecimentos suficientes para consulta de livros pedagógicos, bem como torná-las familiarizadas com a língua, que possam consultá-los com facilidade e com prazer. Por isso, é necessário dar-lhes o ensejo, de fazer variados exercícios de leitura. Para isso, será bom que as alunas escolham uma outra matéria do curso, de preferência História da Civilização ou a História Natural, e adquiram um tratado francês da matéria escolhida, para consultá-lo juntamente com o português. Não se dispensarão, outrossim, os exercícios de Biblioteca ou leitura em casa, acrescentando-se ao que foi dito quanto ao segundo ano, obras de viagens e biografias de varões ilustres. Em auxílio do professor, virá ainda o grêmio de francês, que organizará, de quando em quando, sessões de auditório, com discursos, declamações, palestras, comédias, etc. MÚSICA E CANTO CORAL Instruções Sem o intuito de formar artistas, tem a música, na escola, um fim todo educativo, como agente pedagógico de grande relevância. Além de desenvolver a memória auditiva e o senso rítmico, é de influência precípua e decisiva na formação do caráter, na cultura da inteligência e dos sentimentos. Fator de alegria, auxiliar poderoso de disciplina, concorre, através das estrofes das canções e hinos pátrios, para despertar entre os alunos o amor à natureza e ao trabalho, bem como o sentimento de fraternidade e o culto à terra. Corrigindo e melhorando as vozes no canto de um mesmo hino ou de uma canção, esquecendo-se das desigualdades de condição e, vibrando a mesma emoção de alegria e de entusiasmo, sentem-se irmanados no mesmo afeto e no mesmo ideal. "Cantar é útil porque é agradável, porque desafoga o sentimento, suaviza o trabalho, dissipa a tristeza". A orientação dada ao presente programa deve preencher, diretamente e com justeza, os fins principais que se têm em vista: preparar os órgãos produtores e receptores do som; habituar o aparelho respiratório a uma ginástica benéfica ao organismo; amenizar o ensino, descansando os alunos de estudos que exijam esforço intelectual e, acima de tudo, trazer alegria às classes. 1 — Quer no curso de adaptação, quer no preparatório serão tomadas inicialmente, melodias simples, com o objetivo de procurar deduzir das mesmas o ensino teórico, de conhecimento exclusivamente necessário à boa leitura musical e à sua interpretação. Conviria que se aproveitassem, nos primeiros passos, para redução da teoria, trechos conhecidos ou motivos locais. Não é aconselhável começar o curso pelo ensino das notas, antes que tenham os alunos adquirido um pouco de gosto pela música. 2 — Tomando uma canção conhecida, o professor escreverá no quadro a melodia. Exemplo: O ritmo e o andamento são marcados pelo professor, a clave, que pode também não estar aí simbolicamente representada, será indicada pela nota inicial dada pela voz ou no instrumento. Pela observação, percebem os alunos que os sinais representam os sons; que a forma da figuras variam segundo a duração dos sons; que os sons sobem em entoação á medida que se elevam as figuras musicais que partem da primeira linha inferior da pauta e descem na ordem inversa, etc. A proporção que essas frases melódicas aparecem vão os alunos conhecendo a teoria que elas encerram. 3 — Os elementos que, em conjunto, formam o senso musical são: o ouvido, a voz, o senso tonal e o senso rítmico. Dentre esses, o mais perceptível é o senso rítmico (isto é, a ordem no movimento) que é quase instintivo. Cumpre apenas regulá-lo, torná-lo consciente, ao passo que a voz, o ouvido e o senso tonal reclamam exercício e educação especial. O ritmo parece-nos, pois, a base da educação musical. 4 — Muito delicado e sensível, o aparelho de fonação deve ser utilizado com bastante cautela. E', pois, aconselhável que os alunos cantem sempre com naturalidade, sem violência e sem esforço, não gritem nunca o que cantam, antes o façam com a maior suavidade e expressão. Para isto, cumpre que nunca ultrapassem o limite natural de suas vozes. 5 — Salvo raras exceções, todas as vozes são aproveitáveis. Bôa ou má, forte ou fraca, afinada ou não, todos, enfim, têm uma voz, isto é, a faculdade de emitir sons de caráter musical. Dificilmente se poderá encontrar uma aluna inteiramente desprovida de voz, incapaz de emitir os seguintes sons: Ninguém pode criar a voz, diz Lavignac; esta é um dom natural, que depende inteiramente da conformação do aparelho vocal; mas podemos favorecer os trabalhos da natureza: e é abstendo-nos de opor obstáculos a esse trabalho, e, por outro lado, removendo com inteligência, as pequenas imperfeições e defeitos notados, que conseguiremos reunir elementos aproveitáveis num coro orfeônico. 6. A boa respiração é indispensável no canto. Para os exercícios iniciais das aulas, deverão os alunos habituar-se a fazer a inspiração e a expiração, resumidas nos seguintes itens, conforme Vila-Lobos:

a

respiração imperceptível, em atitude correta e natural;

b

inspiração pelo nariz e expiração pela boca em ritmo ternário: 1.º tempo — inspiração; 2.º e 3.º — expiração;

c

inspiração pelo nariz e expiração emitindo brandamente a vogal "A", em ritmo binário: 1.º tempo – inspiração; 2.º — expiração;

d

o mesmo exercício, mais prolongado em ritmo ternário: 1.º tempo, inspiração; 2.º e 3.º — expiração;

e

repetir o mesmo exercício, com interrupção repentina da voz;

f

inspiração pelo nariz e expiração pela boca, ao emitir o "A" como um suspiro profundo que lembre um glissando, em ritmo ternário: 1.º tempo — inspiração; 2.º e 3.º expiração.

g

vocalização da mesma nota (com o auxílio do diapasão). Logo no início das aulas, este exercício denuncia os desafinados, que irão constituir, temporariamente, a chamada "classe dos ouvintes".

h

o mesmo exercício, em conjunto, com todas as vogais, em ritmo quaternário, seguindo a escala, e dentro da tessitura das vozes. Exemplo: Ao entoar-se um hino ou canção, o ato respiratório não será tão profundo como na ginástica respiratória; deve ser simples e natural, apenas um pouco mais regulado; entretanto, o próprio trecho musical guiará a respiração. Se se exige que o aluno, ao cantar, se preocupe com sua respiração, naturalmente cantará mal e respirará mal. Cumpre, entretanto, recomendar:

a

que os alunos respirem silenciosa e tranquilamente;

b

que a respiração seja regulada principalmente pelo texto;

c

que para a respiração sejam aproveitadas as pausas musicais;

d

que se faça a inspiração antes de uma série de notas ligadas e de notas longas. Em geral, a inspiração não deve interromper nem o texto, nem a sequência da melodia. Convém, pois, não respirar no decurso de uma palavra, depois de um artigo de uma conjunção copulativa ou de um adjetivo, quando este vier antes de um substantivo. Havendo dois ou mais adjetivos sucessivos, podem eles ser separados por uma inspiração. Todavia, em se tratando de notas de longa duração, é bem visto que estas indicações nem sempre poderão ser observadas. 7 — Nos exercícios de vocalização, sem o menor esforço de garganta, os alunos entoarão as notas da escala, primeiro em sua ordem natural e com bastante duração em cada uma delas e depois em diversas combinações melódicas, em compasso determinado e emitindo o som com as vogais, começando a entoação do "do" e chegando até o "do" ou "re" da quarta linha. Nas notas mais agudas as vogais empregadas devem ser de preferência o "o" e o "a". 8 — A formação do ouvido se processará insistentemente pela percepção da tonalidade, por meio de acordes, arpejos e escalas referentes aos trechos cantados. 9 — A escolha do repertório é outra condição essencial. O canto deve, certamente, obedecer a um conjunto de condições ou requisitos indispensáveis, na música como na poesia. Assim:

a

deve ser, no princípio, simples e curto, fácil de guardar, para desenvolver o sentido da imitação dos sons e a memória dos sons;

b

deve ser agradável, sensível, pois a música que não delicia o ouvido, que não canta, não oferece, no princípio, o indispensável atrativo;

c

deve ser distribuïdo de acôrdo com a idade e a capacidade dos alunos, por forma a cultivar, progressivamente, a afeição pela arte;

d

deve interpretar convenientemente o sentido do texto, pois, irmãs que são, a poesia e a música, hão de auxiliar-se mutuamente, ajustando-se e completando-se pelo sentimento;

e

cumpre haver correspondência entre o ritmo musical e o ritmo poético, isto é, os tempos fortes da música e as acentuações tônicas dos versos devem coincidir sempre;

l

não basta oferecer aos alunos a música de seu agrado, que lisonjeia o ouvido, aias a música cantante e sonora, simples e graciosa. de contorno harmônico e delicado, e que sirva de estímulo sempre para o belo e para o bem. 10. — O canto coral de tão grande valor educativo, se estenderá do Curso de Adaptação ao Curso de Aplicação e deve ser organizado o mais cuidadosamente possível, sob o ponto de vista técnico e artístico. Desde o início, o professor procurará desenvolver o gosto estético do aluno, desvelando-se por que este interprete convenientemente os trechos musicais que lhes são dados. Gradativamente irá ampliando a sua capacidade de executar músicas mais difíceis, de acordo com o desenvolvimento e o apuro da voz. Para a perfeita execução dos coros são cuidados essenciais:

a

o exame individual de todas as vozes e a sua classificação;

b

a atitude dos orfeonistas e as circunstâncias em que devem, ou não, cantar;

c

os exercícios respiratórios e os de vocalização;

d

o solfejo cuidadoso das partes musicais pelas diferentes vozes;

e

a análise da composição e a interpretação consciente dos alunos;

f

equilíbrio do conjunto, quando se tratar da execução geral;

g

a organização do repertório, que deverá abranger diversas épocas e diversos gêneros.


OLEGARIO MACIEL Noraldino Lima BIOLOGIA I — Teoria celular. A célula: funções da célula viva — metabolismo, reprodução, irritabilidade, motilidade. Diferenciação celular, especialização de funções. Tecidos, órgãos e aparelhos. Funções da vida vegetativa e da vida de relação. Plano geral da organização do corpo humano. II — Aparelho de locomoção. Os ossos em geral. Esqueleto humano. Articulações. Sistema muscular, principais músculos do corpo humano. Articulações. Sistema muscular, principais músculos do corpo humano. III — O sistema nervoso. Tecido nervoso. O Neurônio. Estudo sucinto do cérebro, medula, cerebelo, protuberância e pedúnculos cerebrais. Atos reflexos. Localizações cerebrais. Os nervos. Nervos cranianos e raqueanos. O "g" simpático. IV. — Os órgãos dos sentidos. Estudos mais particularizados da audição e visão. Sentido muscular. V. — A fonação e a linguagem. VI. — Os alimentos. O aparelho digestivo. Fermentos digestivos. A digestão. Absorção intestinal. VII. — O aparelho circulatório: coração, artérias, capilares e veias. A grande e a pequena circulação. A circulação porta. Os vasos e os gânglios linfáticos. O sistema lacunar. O sangue e a linfa. VIII. — A respiração. O aparelho respiratório Fenomenos mecânicos e químicos da respiração. Respiração interna e externa. IX. — Funções de excreção. Os rins e as glândulas sudoríparas. X. — Síntese das funções de nutrição, o metabolismo alimentar. Calorimetria animal. XI. — Noções sucintas das principais glândulas de secreção interna: tireoide, hipófise, pâncreas, fígado, supra renais. Observações: a) O ensino desta disciplina deve ser eminentemente intuitivo. O professor fará acompanhar as suas preleções de observações de peças, modelos, gráficos, estampas, desenhos, quadros, projeções luminosas. Sempre que possível, deverão ser realizadas pequenas experiências de laboratório para mostrar as diferenças entre ar inspirado e expirado, ação dos fermentos digestivos, observações ao microscópio de preparações histológicas, etc. b) O professor não deverá perder de vista a posição da cadeira dentro do quadro do ensino normal, procurando tirar as conclusões pedagógicas que cada assunto comportar. HIGIENE ESCOLAR I. — Introdução. Higiene. Importância social do assunto. Objetivos da Higiene; sua divisão. Higiene escolar. Saúde e doença. Condições gerais e especiais de saúde Agravos à saúde e meios de os evitar. Diferença entre medicina e higiene. II. — Dos meios naturais, a) O solo. Noções de geologia aplicadas à higiene. Contaminação e saneamento do solo Micróbios e parasitos do solo. b) A água. Água potável e de abastecimento. Poluição das águas. Depuração natural e artificial das águas. A água como vetor de doenças. c) O ar atmosférico. Composição química e propriedades físicas do ar. Poeiras e micróbios. Ar confinado. Regeneração do ar. Vantagens da vida ao ar livre. III. — Higiene da nutrição. Composição dos alimentos. Alimentos de origem animal, vegetal e mineral. Leite, carnes, ovos e peixes; legumes, verduras e frutas. Água e sais minerais. Vitaminas, Rações alimentares. Toxinfecções alimentares. IV. — Higiene individual. O vestuário. O asseio corporal. O trabalho e a fadiga. O repouso, o sono. Exercícios físicos. V. – Higiene da habitação. Localização, orientação e construção dos edifícios. Tipos de habilitação. iluminação, ventilação. Abastecimento domiciliar de água. Remoção dos dejetos humanos e o lixo. Latrinas e fossas. Parasitos das habitações — ratos, pulgas, moscas, percevejos, baratas, o barbeiro, escorpiões. VI. — O prédio escolar. Os anexos da escola. O material escolar. VII. — Os alunos são. O crescimento físico da criança. Antropometria escolar. A acuidade auditiva e visual. Alimentação do escolar. Asseio corporal do aluno. Higiene dentária. Educação física. VIII. — O aluno doente. As doenças escolares propriamente ditas. Defeitos ortopédicos. Vegetação adenoide. Cáries e infecções dentárias As doenças contagiosas e nervosas da idade escolar. Tuberculose. Verminoses. IX. — Higiene intelectual. O trabalho intelectual. Fadiga e estafa X. — A organização da assistência médico dentária aos alunos, em Minas Gerais. XI. — Higiene dos professores. XII. — Noções de puericultura. Higiene do recém-nascido. Alimentação. Equilíbrio e marcha. XIII. — Dentição. Ordem e época do aparecimento dos dentes. Acidentes de dentição. Superstições em torno da erupção dentária. XIV. — Vacinação. Regras. Prática. Ação sobre a criança. XV. — Desenvolvimento corporal na primeira infância: curvas de estatura e peso. Jogos infantis, recreativos e ginásticos A dança. Vida ao ar livre. XVI. — Evolução intelectual na primeira infância. Linguagem. XVII. — Disciplina na primeira infância. Hábitos higiênicos. PORTUGUÊS Instruções gerais 1.º Primeiramente, qual a finalidade do estudo de Português no curso normal? O professor primário, que esse curso se propõe a formar, irá ter no uso da língua vernácula, o principal instrumento de seu trabalho. Sem saber manejar bem o idioma prático, será impossível ao professor facultar um ensino atraente e proveitoso. 2.º O poder de expressão verbal e escrita constitui a finalidade a que nos referimos. Só é possível adquiri-lo por meio da prática diária, representada nos exercícios de elocução e de redação, no cultivo da leitora, no enriquecimento do vocabulário, no uso do dicionário, na análise léxica e lógica. 3.º A linguagem falada será de importância capital no ensino da língua Aproveite o professor as oportunidades que se oferecem, para fazer a classe exercitam-se nessa linguagem. 4.º Torne-se necessário o ensino cuidadoso da fonética e da prosódica, como condição essencial para a correta e nítida pronúncia dos vocábulos. 5.º Organizar-se-á em cada classe, sob a orientação do professor, um grêmio de língua vernácula, em cujas reuniões, indicadas no horário escolar, os alunos farão recitativos e palestras, além de outros exercícios. 6.º As palestras aludidas obedecerão às seguintes condições: serem breves, marcando-se-lhes o máximo de tempo; versam em sobre assunto escolhido e preparado pelo aluno, de acordo com o professor; não serem nem lidas e nem decoradas, porém, pronunciadas em linguagem espontânea. 7.º Recomenda-se a recitação de trechos escolhidos pelo professor e pela classe, sendo de utilidade possuir cada aluno um caderno onde recolherá páginas seletas de prosa e de poesia. 8.º Os exercícios anteriores constituem, além do mais, preparativo para os trabalhos de redação, que devem ser efetuados em aula. O professor corrigirá em casa os referidos trabalhos, comentando em aula as correções principais, de modo que a classe possa compreendê-las, a fim de evitar os erros cometidos. 9.º Convém que se funde um jornal da classe, escolhendo os alunos dentre si uma comissão especial para dirigir cada número, a fim de proporcionar a colaboração de todos. Cada turma deverá manter o seu jornal, com o mesmo título, em todo curso de Português, do primeiro ao último ano. 10. A leitura silenciosa, que tem extraordinária influência no cultivo intelectual, far-se-á nas aulas e na biblioteca. A leitura expressiva, realizada em aula, terá por fim, alcançar dos alunos dicção clara e correta. 11. Em cada um dos anos letivos adote-se um livro de texto, que há de ser inteiramente lido pela classe, e aproveitado para o ensino da língua no decorrer das aulas. 12. Cada aluno deverá ler anualmente, além do livro de texto, certo número de obras, no mínimo dez, escolhida 5 pelo professor, que tomará nota dos trabalhos lidos. 13. Releva adotar durante o curso de Português os exercícios de dramatização, dando-se todo o cuidado ao preparo e à realização dos mesmos. 14. Merece muita atenção o estudo do vocabulário, feito pelos processos de composição e derivação, assim corno pelas notas que os alunos tornarem da leitura e de outros exercícios. 15. É de toda a conveniência que cada aluno possua dicionário, aprendendo a tirar dele o máximo proveito do emprego acertado das palavras e no desenvolvimento da linguagem. 16. Mediante exercícios de análise, que deverão ser o mais possível simplificados, o ensino do vernáculo apresentará desde logo os fatos da linguagem para lhes induzir as regras gramaticais e destas deduzir, por sua vez, as construções regulares da língua. 17. Evitando a memorização literal das regras, a fim de que os alunos não percam tempo e se entediem com as aulas, o professor tornará vivo o estudo da língua, que há de se cingir à gramática expositiva, não se estendendo jamais á gramática histórica, para cuja compreensão se requer o conhecimento do latim. 18. O professor terá cuidado de dar aos alunos exercícios que tenham de ser feitos fora de classe, regularizando-os convenientemente. 19. A biblioteca, instituição complementar do ensino, será considerada com excelente auxiliar do professor, cumprindo-lhe procurar conhecer o trabalho que ali fazem seus alunos. Recomenda-se aos professores que se interessem pela biblioteca, visitando-a frequentemente. 20. Porque a classe tem na capacidade de expressão o meio de mostrar o seu aproveitamento, muito importa coordenar em torno da linguagem todas as disciplinas, para o que cabe aos professores efetuar reuniões periódicas, nas quais notem as incorreções observadas em suas aulas e tomem providências capazes de corrigi-las. CURSO DE ADAPTAÇÃO Primeiro 1.º A oração e suas partes principais: o sujeito e o predicado. O período simples. 2.º As palavras corno elementos da oração: o substantivo e o verbo, que representam, respectivamente, o sujeito e o predicado. 3.° Os pronomes pessoais, que servem para substituir os substantivos. 4.º O adjetivo e o advérbio, modificadores do substantivo e do verbo. 5.º A preposição e a conjunção. 6.º A interjeição. 7.º As contrações: ao, do, deste, dele, no, pelo, etc, 8.º As locuções Como equivalentes de palavras. 9.º Palavras, sílabas e ditongos. 10.º Sílabas tônicas e átonas. Classificação das palavras com referência ao acento tônico. Segundo ano 1.º Revisão das matérias estudadas. 2.° O período composto e as orações coordenadas. O parágrafo. 3.º Sujeito e predicado: antepostos e pospostos; claros e ocultos. Ordem direta e inversa. 4.º Classificação das palavras. 5.º Emprego da contração á. 6.º Flexões do substantivo: gênero e número. 7.º Idem do adjetivo: gênero e número. 8.º Idem dos pronomes. 9.º Conjugação dos verbos auxiliares. 10.º Idem dos verbos regulares. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Elocução. Os exercícios de elocução constituem neste curso a parte principal do estudo da língua vernácula. Aprendendo a falar com desembaraço, clareza e correção, a classe terá lançado alicerces sólidos em que basear os estudos ulteriores. Faz-se mister, antes de tudo, aperfeiçoar a linguagem falada, que representa para a classe o ponto de partida concernente à expressão do pensamento. Por meio de exercícios variados de elocução, como a palestra, a dramatização de contos e histórias, recitação de poesias, o resumo oral do trecho lido, a parte tomada em sessões literárias, terão os alunos oportunidade de exercitar-se na linguagem falada. Redação. Os exercícios de redação devem versar sobre assuntos familiares aos alunos, que realmente os interessem, como partes de seu meio social ou de seu trabalho escolar. Na escolha dos temas de redação, atenda o professor à preferência manifestada pela classe, sem que mesmo a maioria desta imponha o assunto aos alunos divergentes. Um jornal escolar, redigido pela classe e orientado pelo professor, representará excelente meio de redação. Convém lembrar que a apresentação das provas escritas, depois de corrigidas pelo professor fora do horário escolar, deverá ser aproveitada para uma aula referente às emendas feitas e ao valor das composições. Leitura. Cumpre que a classe se exercite na arte de ler, conforme as Instruções Gerais deste programa. Para esse fim, ela preparará em casa a leitura, marcada com antecedência, procurando compreendê-la bem, verificando a pronúncia exata dos vocábulos, imprimindo à voz as inflexões necessárias evitando toda e qualquer afetação, tornando o dizer tão natural quanto expressivo. Adote-se em cada ano, como livro de texto, uma obra apropriada, sendo recomendáveis o "Livro de Leitura", de Bilac e Bonfim, e "Céu, Terra e Mar", por Alberto de Oliveira. A leitura silenciosa, além de ser feita na biblioteca, indicando o professor as obras que têm de ser lidas, também se fará na aula, completada pela respectiva dramatização. Ditado. Os exercícios precedentes levarão os alunos a falar, redigir e ler corretamente, ao mesmo tempo, que, servindo-se do ditado, eles aprenderão a grafar as palavras. Devidamente preparado, como deve ser, de modo que a classe conserve de memória e grafia dos vocábulos pela leitura atenta do trecho escolhido, o ditado será exercido útil para a aprendizagem da ortografia. Os exercícios de elocução, firmados na pronúncia clara e correta, influirão muito no bom êxito do ditado. O aluno, que pronuncia bem as palavras, naturalmente irá escrevê-las com acerto. Vocabulário — No Curso de Adaptação não se pode fazer o estudo sistematizado do vocabulário, porque isso requer o conhecimento dos processos de composição e derivado. Entretanto, será enriquecido o vocabulário da classe, aproveitando-se as ocasiões, que oferecem os outros exercícios, para o ensino de propriedade no dizer de sinônimos e antônimos, de termos correlativos, usuais, de neologismos, indispensáveis, de expressões atinentes às relações sociais, etc. Releva aconselhar o uso do dicionário como livro de consulta, próprio para resolver casos duvidosos. Análise. Os exercícios de análise devem circunscrever-se à classificação e às flexões das palavras, bem como à distinção entre sujeitos e predicados, de sorte que as regras gramaticais acompanhem os fatos da linguagem. Convém limitar ao estritamente necessário as divisões e subdivisões da matéria. CURSO PREPARATÓRIO OU NORMAL Primeiro ano 1. Recapitulação das matérias estudadas. 2. O período simples e o período composto. Estudo dos conectivos. 3. As cláusulas e sua classificação: forma oracional que apresentam, e função que tem de exprimir ideias. 4. Os diversos modos de representar o sujeito. 5. Os adjuntos e sua classificação. 6. Graus dos substantivos e dos adjetivos. 7. Conjugação dos verbos irregulares. 8. Vozes do verbo. Verbos passivos e pronominais. 9. Narrações de fonética e de prosódia. 10. Sinais ortográficos. Regras de ortografia. Segundo ano 1. Revisão das matérias dadas. 2. Período simples e composto. 3. Construção de cláusulas. 4. Estudo comparativo dos adjuntos. Aposto e vocativo. 5. Orações interferentes e elípticas. 6. Particípios duplos e formas nominais do verbo. 7. Advérbios e locuções adverbiais. 8. Principais regras de pontuação. 9. Palavras simples e compostas. Prefixação e justaposição. 10. Palavras primitivas e derivadas. Sufixos mais usados. Terceiro ano 1. Recapitulação dos pontos anteriores. 2. O radical e os afixos. Estudo comparativo dos prefixos vernáculos, latinos e gregos mais em uso. 3. Estudo dos compostos por justaposição. 4. Derivação própria e imprópria. Sufixos mais usados. 5. Principais regras de concordância do verbo com o sujeito. 6. Concordância do adjetivo e do adjunto predicativo. 7. Ordem e regência. Colocação dos pronomes. 8. Figuras de sintaxe e vícios de linguagem mais comuns. 9. Particularidades sintáticas. Verbo haver, infinito pessoal, funções de palavras que, pronome se, etc. 10. A gramática e sua divisão. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Primeiro ano Elocução. Neste ano os exercícios de elocução devem constar principalmente de palestras e dramatizações realizadas pelos alunos no grêmio de língua vernácula. Servir-lhe-ão de tema fatos da vida escolar, acontecimentos familiares ou locais, festas a que os alunos tenham assistido, histórias lembradas por eles descrição de gravuras expressivas, narrações de casos interessantes, comentários de notícias lidas, etc .Ainda para assunto das palestras podem os alunos servir-se das outras matérias que estudam, dando impressões sobre as mesmas ou falando deste ou daquele tópico que mais os interessa. O que se quer é desenvolver a capacidade oral da classe, fazê-la falar com desembaraço e sem afetação habituá-la a uma atitude correta, dar-lhe uma dicção clara e pura, torná-la compenetrada do valor desses exercícios. Redação. Os exercícios anteriores preparam os trabalhos de redação, para os quais cumpre aproveitar outros temas úteis e interessantes, que forem lembrados pelo professor e pela classe, não se exigindo para cada composição na uniformidade de assunto, pois é natural que este varie conforme o modo de pensar dos alunos. Não há exagero em dizer que o alvo principal no ensino da língua vernácula é fazer a classe redigir com facilidade, clareza e correção. De grande utilidade será, pois, a fundação de um jornal escolar, redigido pelos alunos sob a direção do professor. Leitura. A classe terá na leitura constante de seus conhecimentos, para o que muito lhe importa aprender a tirar desse exercício o maior proveito possível. Na biblioteca e em casa haverá oportunidade para os alunos lerem com atenção, obras escolhidas, das quais devem extrair apontamentos. Convém notar, entretanto, que a leitura pode transformar-se em vício, se serve apenas de passa tempo. Não basta, pois, ler quaisquer obras, porém aplicar-se a leituras convenientes, que elevem o espírito e façam compreender a vida, cabendo ao professor guiar a classe na escolha dos livros. A leitura silenciosa deverá abranger o número de obras consignado nas Instruções Gerais. Também em aula far-se-á leitura silenciosa com a respectiva dramatização. Além disso, haverá o livro de texto, destinado aos vários exercícios didáticos, concernentes à análise, bem como ao estudo do vocabulário e da gramática Para livro de texto poder-se-á escolher neste ano o trabalho de Arnaldo Barreto, "Vários Estilos". Vocabulário. Sempre que se apresentar a ocasião, o professor ensinará aos alunos, novas palavras necessárias à linguagem atual, convindo que eles formem listas le termos relativos aos seguintes assuntos: mãos, olho, dentes, vestuário, calçado; nomes de parentesco e apelidos familiares; flores, frutos; casa de morada, jardim, pomar ; meios de transporte; divisões do tempo; nomes de cores; instrumentos musicais; vozes dos animais e sons das cousas; nomes de profissões, etc. Análise. Por meio da análise lógica e léxica, feita no livro de texto, estudar-se-ão os pontos de gramática consignados neste programa Mas, a prática da análise não há de consistir numa longa nomenclatura, que torna mecânico e fastidioso o interesse da classe pelo estudo da língua. O ponto de partida da análise está na determinação do sujeito e do predicado. Isso pode parecer fácil, porém, tal não sucede, sendo que ainda existem casos controversos sobre o assunto. Em relação à análise léxica, fácil será recapitular, no livro de texto, as matérias já estudadas e ao mesmo tempo acompanhar o estudo que se vai fazendo. Os próprios pontos do programa orientarão o ensina pelo livro de texto, onde serão observados: os sons vogais e consoantes, os grupos vocálicos e consonantais, a tonicidade e a grafia das palavras, as abreviaturas, a pontuação; os substantivos, os pronomes, os adjetivos e os verbos com as suas classificações e flexões, as palavras invariáveis, as locuções, as cláusulas. 2.º ano Elocução. Continuando os exercícios do primeiro ano, acrescentar-lhes-á um novo aspecto de elocução. Pode-se dizer que é uma sessão, onde se faculte aos alunos a necessária liberdade para tratar de seus interesses. Desenvolver-se-á, produzindo outros meios de trabalho. Por que não se hão de introduzir na aula a palavra pela ordem e a inscrição para falar? Reservem-se para esse fim os cinco primeiros minutos. Suponhamos, por exemplo, que o aluno deseje dar uma explicação, fazer um aviso, prestar uma informação ou, justificar-se de qualquer falta. Isso dará lugar a um exercício de elocução, o qual, se tiver sido bem-feito merecerá uma nota, e em caso contrário, não será julgado. Figuremos mais uma hipótese. O aluno está descontente com a média obtida, da qual dependerá como se sabe, a sua promoção. Quer melhorá-la e resolve valer-se do costume ora introduzido. Pede a palavra ou se inscreve para falar, e em cinco minutos, praticando um exercício ótimo, conseguirá elevar a média. Redação. Sem de forma alguma interromper o plano adotado, poder-se-á tirar proveito do seguinte programa que se transcreve de uma gramática: observar para descrever; ouvir para reproduzir; informar se para noticiar; lembrar-se para narrar; relacionar-se para cartear-se; conversar para dialogar; ler para apreciar; estudar para dissertar; imaginar para produzir. Bastam estes exemplos para explicar o referido programa : descrição exata de uma praça da localidade escolar, baseada nas notas que extraírem, quando a observarem para esse fim ; reprodução de uma pequena história, que acabou de ser ouvida em aula ; notícia para o jornal da classe, de um fato, sobre o qual os alunos procuram informar-se; narração de um acontecimento lembrado pelo aluno ou em que êle tenha tomado parte escrever uma carta amistosa ou responder uma missiva que se recebeu; redigir em forma de diálogo urna conversa que o aluno tenha tido ou haja ouvido ; fazem apreciação de um conto que leu em casa ou na biblioteca; resumir o assunto de uma poesia ou de um artigo dissertação sobre um dos pontos da língua vernácula que houver estudado; redação de uma história que tenha imaginado. Como nos anos precedentes a classe manterá um jornal com as principais secções usadas na imprensa diária. Leitura. A leitura silenciosa, seguida de dramatização sempre que possível, prevalecerá nas aulas sobre a leitura em voz alta, sem contudo excluí-la. Relembre-se que durante o ano os alunos hão de ler, na biblioteca e em casa, o número de obras consignado nas Instruções Gerais, convidando que se entreguem também à leitura de jornais e revistas. Para livro de texto a escolha poderá recair em "Páginas Seletas", por Henrique Coelho. Vocabulário. O estudo do vocabulário conte principalmente sobre as palavras compostas e derivadas. Note-se que mais de dois terços do nosso léxico procedem de vocábulos formados no seio da língua pelos processos de composição eruditos provenientes das fontes grega e latina. Os alunos farão coleções de vocábulos, registrando-os em seus cadernos, de modo a conhecer a força criativa dos referidos processos. Entre muitos outros, registrem-se, por exemplo, os compostos do verbo pôr, que são os seguintes: entrepor, apor, compor, contrapor, decompor, depor, entrepor, expor, extrapor, impor, indispor, interpor, justapor, opor, pospor, predispor sobrepor, soto-pôr, subpor, superpor, supor, transpor. Sejam também consignados nos cadernos dos alunos vocábulos derivados, como estes, carrada, carrear, carreiro, carreta, carrete, carreteiro, carretel, carretelzinho, carretilha, carreto, carril, carrinho, carroça, carroçada, carroção, carroçável, carroceiro, carruagem. Análise. A análise servirá neste ano para proporcionar à classe conhecimento claro da construção dos períodos. Feitos os exercícios de modo atraente, sem classificações difusas e cansativas, conforme sucedia outrora, quando a análise representava o fim do ensino da língua e não o meio de interpretá-la, ter-se-á reabilitado tão importante estudo. Mediante a análise assim compreendida, a parte teórica deste programa tornar-se-á realmente proveitosa à prática da língua vernácula. 3.º ANO Elocução. Devem constar de palestras os exercícios de locução efetuados neste ano. Além do mais, eles visam desenvolver os alunos para as palestras que terão de realizar no Curso de Aplicação sobre assunto pedagógico. Convém que cada aluno faça, pelo menos, uma palestra por trimestre aos condiscípulos. Não serão longos tais exercícios, a fim de que todos os alunos possam levá-los a efeito em número suficiente de vezes. O assunto será literário, extraído do livro de texto adotado no ano precedente ou das obras indicadas para leitura neste ano. Recomenda-se aos alunos que preparem um sumário para facilitar o exercício, evitando se as palestras lidas ou reproduzidas de memória. Redação. Para os exercícios de redação cumpre atender às recomendações apresentadas no segundo ano. A correspondência e a escrituração escolar ocuparão neste ano grande parte dos trabalhos escritos, de modo que a classe fique sabendo redigir ofícios, requerimentos, atestados, etc. A prova escrita mensal poderá versar o referido assunto ou outro qualquer. A classe publicará, como já se tem dito, um jornalzinho que ficará sob a direção do professor. Este explicará em aula como se faz num grande órgão da imprensa diária, mostrando números de jornais do nosso país e do estrangeiro. Leitura. Servirá de livro de texto no presente ano a "Antologia Contemporânea", de Cláudio Brandão. A leitura silenciosa cingir-se-á de preferência à obra "Galeria de Grandes Homens", por Álvaro Guerra, formada de vários volumes contendo biografias de literatos brasileiros. Equivale a uma iniciação no estudo da literatura, que o aluno mais tarde procurará conhecer amplamente. Vocabulário. A leitura, o uso do dicionário e os demais exercícios representam outros tantos meios de aumentar o vocabulário dos alunos, trazendo-lhes novas ideias e novas formas de expressão. Por séries baseadas na lei dos contrastes poder-se-á fazer igualmente o estudo do vocabulário. Os exemplos nesse sentido dariam um verdadeiro dicionário de curiosidades úteis. Apresentemos apenas dois. 1.º — Termos referentes a escritos e dizeres breves: abreviatura, anexim, assinatura, bilhete, charada, data, dedicatória, divisa, endereço, epígrafe, inscrição, letreiro, monograma, recado, rótulo, rubrica, título, verso. 2.º — Nomes concernentes à aviação: aeródromo, aeronauta, aeronáutica, aeronave, aeroplano, aeroporto, aeroposta, amerissar, aterrar, aterrissagem, aviador, avião, aviplano, biplano, dirigível, hidroavião, mono piano, zepelin. Análise. Na análise léxica far-se-á o estudo regular da estrutura dos vocábulos. Cabe dar exemplos, em que se empreguem prefixos vernáculos, latinos e gregos, comparando-os entre si, conforme se vê: benquisto benévolo; bensoante, eufônico. Notem-se os prefixos expletivos: abaixar ou baixar; descascar ou cascar; enumerar ou numerar. Analisem-se os compostos por justaposição, e estude-se igualmente a derivação própria e imprópria. Na análise lógica aplicar-se-ão as principais regras de concordância, de colocação e de regência, algumas particularidades e figuras de sintaxe. Observações importantes sobre os exercícios de análise, neste e nos anos precedentes: não serem escritos os exercícios, porém sempre orais; serem progressivos, não abrangendo a gramática inteira e não repisando noções sabidas. PROGRAMA DE MÚSICA E CANTO CORAL NAS ESCOLAS NORMAIS Música e canto coral Sem o intuito de formar artistas, tem a música, na escola, um fim todo educativo, como agente pedagógico de grande relevância. Além de desenvolver a memória auditiva e o senso rítmico, é de influência precípua e decisiva na formação do caráter, na cultura da inteligência e dos sentimentos. Fator de alegria, auxiliar poderoso de disciplina, concorre, através das estrofes das canções e hinos pátrios, para despertar o amor à natureza e ao trabalho bem como o sentimento de fraternidade e o culto à terra. Corrigindo e melhorando as vozes no canto de um hino ou de uma canção, esquecem-se das desigualdades de condição e, vibrando a mesma emoção de alegria e de entusiasmo, sentem-se irmanados no mesmo afeto e no mesmo ideal. "Cantar é útil porque é agradável, porque desafoga o sentimento, suaviza o trabalho, dissipa a tristeza". INSTRUÇÕES A orientação dada ao presente programa deve preencher, diretamente e com justeza, os fins principais que se têm em vista: preparar os órgãos produtores e receptores do som; habituar o aparelho respiratório a uma ginástica benéfica ao organismo; amenizar o ensino, descansando os alunos de estudos que exijam esforço intelectual e, acima de tudo, trazer alegria às classes. 1.º — Quer no Curso de Adaptação, quer no Preparatório, serão tomadas inicialmente melodias simples, com o objetivo de procurar deduzir das mesmas o ensino teórico, de conhecimento exclusivamente necessário à boa leitura musical e à sua interpretação. Conviria que se aproveitassem, nos primeiros passos, para dedução da teoria, trechos conhecidos ou motivos locais. Não é aconselhável começar o curso pelo ensino das notas, antes que tenham os alunos adquirido um pouco de gosto pela música. 2 — Tomando uma canção conhecida, o professor escreverá no quadro a melodia. Exemplo: O ritmo e o andamento são marcados pelo professor; a clave, que pode também não estar aí simbolicamente representada, será indicada pela nota inicial dada pela voz ou no instrumento. Pela observação, percebem os alunos que os sinais representam os sons que a forma das figuras varia segundo a duração dos sons; que os sons sobem em entoação à medida que se elevam as figuras musicais que partem da primeira linha inferior da pauta e descem na ordem inversa, etc. A proporção que essas frases melódicas aparecem vão os alunos conhecendo a teoria que elas encerram. 3 — Os elementos que, em conjunto, formam o senso musical são: o ouvido, a voz, o senso tonal e o senso rítmico. Dentre esses, o mais perceptível é o senso rítmico (isto é, a ordem nos movimentos) que é quase instintivo. Cumpre apenas regulá-lo, torná-lo consciente, ao passo que a voz, o ouvido e o senso tonal reclamam exercício e educação especial. O ritmo parece-nos, pois, ser a base da educação musical. 4 — Muito delicado e sensível, o aparelho de fonação deve ser utilizado com bastante cautela. E pois, aconselhável que os alunos cantem sempre com naturalidade, sem violência e sem esforço, não gritem nunca o que cantam, antes o façam com a maior suavidade e expressão. Para isto, cumpre que nunca ultrapassem o limite natural de suas vozes. 5 — Salvo raras exceções, todas as vozes são aproveitáveis. Boa ou má, forte ou fraca, afinada ou não, todos, enfim, têm uma voz, isto é, a faculdade de emitir sons de caráter musical. Dificilmente se poderá encontrar uma aluna inteiramente desprovida de voz, incapaz de emitir os seguintes sons: Ninguém pôde criar a voz, diz Lavingnac; este é um dom natural, que depende inteiramente da conformação do aparelho vocal; mas podemos favorecer o trabalho da natureza: e é abstendo-nos de opor obstáculos a esse trabalho, e, por outro lado, removendo com inteligência as pequenas imperfeições e defeitos notados, que conseguiremos reunir elementos aproveitáveis num coro orfeônico. 6. A boa respiração é indispensável no canto. Para os exercícios iniciais das aulas, deverão os alunos habituar-se a fazer a inspiração e a expiração aconseIhadas pelos autores, e pelo maestro Vila-Lobos e resumidas nos seguintes itens: a) respiração imperceptível, em atitude correta e natural b) inspiração pelo nariz e expiração pela boca em ritmo ternário: 1.º tempo — inspiração; 2.º e 3.º — expiração; c) inspiração pelo nariz e expiração emitindo brandamente a vogal "A", em ritmo binário : 1.º tempo — inspiração; 2.º — expiração; d) o mesmo exercício, mais prolongado em ritmo ternário; 1.º tempo, inspiração; 2.º e 3.º — expiração; e) repetir o mesmo exercício, com interrupção repentina da voz ; f) inspiração pelo nariz e expiração pela boca, ao emitir o "A" como um suspiro profundo que lembre um glissando, em ritmo ternário 2.º e 3.º — expiração. g) vocalização da mesma nota (com o auxílio do diapasão). Logo no início das aulas, este exercício denuncia desafinados que irão instituir, temporariamente, a chamada "classe dos ouvintes". h) o mesmo exercício, em conjunto, com todas as vogais, em ritmo quaternário, seguindo a escala, e dentro da tessitura das vozes. Ao entoar-se um hino ou canção, o ato respiratório não será tão profundo como na ginástica respiratória; deve ser simples e natural apenas um pouco mais regulado; entretanto, o próprio trecho musical guiará a respiração. Se se exige que o aluno, ao cantar, se preocupe com a respiração, naturalmente cantará mal e respirará mal. Cumpre, entretanto, aduzir sobre isso algumas considerações: a) que os alunos respirem silenciosa e tranqüilamente; b) que a respiração seja regulada principalmente pelo texto; c) que para a respiração sejam aproveitadas as pausas musicais: d) que se recomende a inspiração antes de uma série de notas ligadas e de notas longas. Em geral, a inspiração não deve interromper nem o texto, nem a sequência da melodia. Convém, pois, não respirar no decurso de uma palavra, depois de um artigo, de uma conjunção copulativa ou de um adjetivo, quando este vier antes de um substantivo. Havendo dois ou mais adjetivos sucessivos, podem eles ser separados por uma inspiração. Todavia, em se tratando de notas de longo duração, é bem visto que estas indicações nem sempre poderão ser observadas. 7.º — Nos exercícios de vocalização, sem o menor esforço de garganta, os alunos entoarão as notas da escala, primeiro em sua ordem natural e com bastante duração em cada uma delas e depois em diversas combinações melódicas, em compasso determinado e emitindo o som com as vogais, começando a entoação do "dó" e chegando até o "dó" ou "ré" da quarta linha. Nas notas mais agudas as vogais empregadas devem ser de preferência o "o" e o "a". 8. — A formação do ouvido se processará insistentemente pela percepção da tonalidade, por meio de acordes, arpejos e escalas referentes aos trechos educados. 9.º A escolha do repertório. O canto deve, certamente, obedecer a um conjunto de condições ou requisitos indispensáveis, na música como na poesia. Assim: a) deve ser, no princípio, simples e curto, fácil de guardar, para desenvolver o sentido da imitação dos sons e a memória dos sons; b) deve ser agradável, sensível, pois a música que não delícia o ouvido, que não canta, não oferece, no princípio, o indispensável atrativo; c) deve ser distribuído de acordo com a idade e a capacidade dos alunos, por forma a cultivar, progressivamente, a afeição pela arte; d) deve interpretar convenientemente o sentido do texto, pois, irmãs que são, a poesia, e a música, hão de auxiliar-se mutuamente, ajustando-se a completando-se pelo sentimento; e) cumpre haver correspondência entre o ritmo musical e o ritmo poético, isto é, os tempos fortes da música e as acentuações tônicas dos versos devem coincidir sempre; f) não basta oferecer aos alunos a música de seu agrado, que lisonjeia o ouvido, mas a música cantante e sonora, simples e graciosa, de contorno harmônico e delicado e que sirva de estímulo sempre para o belo e para o bem. 10. Desde o início, deve o professor interessar-se em desenvolver o gosto estético do aluno, desvelando-se porque este selecione e intérprete convenientemente os trechos musicais, ampliando gradualmente a sua capacidade de escutar músicas progressivamente mais difíceis, de acordo com o desenvolvimento e o apuro da voz. Canto coral O canto coral, de tão grande valor educativo, se estenderá do Curso de Adaptação ao Curso de Aplicação, c deve ser organizado o mais cuidadosamente possível, sob o ponto de vista técnico e artístico, observando-se: a) a classificação das vozes; b) a atitude dos orfeonistas e as circunstâncias cm que devam, ou não, cantar; c) os exercícios respiratórios e os de vocalização; d) o solfejo cuidadoso das partes musicais pelas diferentes vozes; e) a análise da composição e a interpretação consciente dos alunos; f) o equilíbrio do conjunto quando se tratar a execução geral; g) a organização do repertório, que deverá abranger diversas épocas e diversos gêneros. Para classificação das vozes, obedecerá especificação Vila-Lobo, que é a seguinte: Acompanha o presente programa uma lista de canções e hinos já adaptados e selecionados. O professor, de acordo com o critério já estabelecido, escolherá, livremente, dentro da relação apresentada, as peças que tiver de adotar na Escola. O mesmo fará quanto aos livros a serem usados. SOLFEJOS Curso de Adaptação João Baptista Julião — Melodias Escolares, Vol. I Fabiano Losano — Alegria das Escolas. Danhauser — Solfejo 1 A. Curso Preparatório João Baptista Julião — Melodias Escolares Vol. II. Celeste Jaguaribe — Solfejo especial para Orfeão. Danhauser — Solfejo 1 B, 6 A e 6 B. João Gumes de Araujo — Método de Orfeão. Georges Brun Lições de solfejo (3 vozes). BIBLIOTECA PARA O PROFESSOR Storia della Musica nel Brasile – Vicenzo Cumicchiaro. La Musique, ses lois, son évolution — Jueles Combarieu. Histoire de Ia Musique. — Lavignac. L'éducation methodique de l'oreille — André Gédalge. Metodologia — A. Carbonele Migal. La voix professionelle — Pierre Bonnier. Memoires ou Essais sur Ia Musique — Gretry. O Canto nas Escolas — Branca de Carvalho Vasconcelos (Revista do Ensino — 1926-1933). Aulas de Música — João Gomes Junior, Theorie de Ia Musique — Danhauser Pontos de Música — J. Octaviano. O Canto Escolar — Fred. Bieri. História da música brasileira — Renato de Almeida, Notions scolaires (de musique — A. Lavignac. OBRAS CORAIS DE CANTO ORFEÔNICO PARA O CURSO DE ADAPTAÇÃO A uma voz Hino Nacional — Francisco Manoel. Brasil Unido (hino) — Plinio Barreto. Hino à Bandeira — Francisco Braga. Hinos nacionais estrangeiros — Luiza Ruas. Reloginho, reloginho — Francisco Braga. Cantos escolares — João Bernfeld. Marcha, soldado. ou Vamos, crianças, Despertar, Ciranda, cirandinha, Nosso recreio e Hino ao sol do Brasil — Lucilia G. Villa-Lobos. Tão doce luz — Sylvio Salema. Seis canções brasileiras — V. Lima e S. Rossi. Estudai, estudai — J. F. de Freitas. Dona Sancha — Ceição de Barros. Alvorada (60 cantos) — Fabiano Lozano. Na roça — João Gumes Junior. Sinos — Armando Lesse. Ciranda, cirandinha, (coleção) — João Gomes Júnior e J. B. Julião. Hino às árvores — João Gomes Junior. Hino à noite — Beethoven e Ceição de Barros. A duas vozes Orfeão escolar — Celeste Jaguaribe. Alvorada (60 cantos) — Fabiano Losano. Juventude — Tebaldini. Bilac (hino) — João Gomes Junior. Acalentando — Sylvio Salema. Les contes d’Hauffmann — Offenbach. Terra natal — Mozart e H. Villa-Lobos. Risonha madrugada — Haydn e II. Vila-Lobos. O tamborzinho (em dó menor) — Raineau e H. Vila-Lobos. Nossa música (6 canções para o orfeão a 1 e 2 vozes) — João Gomes Junior. Seis canções infantis — João Gomes Junior. Hino-Nacional — Francisco Manuel e H. Vila-Lobos. Hino à Bandeira — Francisco Braga e H. Vila-Lobos. Oração e recompensa — Celeste Jaguaribe. Canções brasileiras: A madrugada, o Sabiá, Nal, Festa na roça, Pescador, Pequeno pescador e Pirolito — João Gomes Junior. A três vozes Marcha, soldado. ou Vamos, crianças, Despertar Ciranda, cirandinha — Lucilia G. Vila-Lobos. Nosso recreio — Armando Lessa. Sinos — Celeste Jaguaribe. Orfeão escolar — Beethoven. Hino à noite — Ceição de Barros. Juventude — Tebaldini. Alvorada (60 cantos) — Fabiano Losano. Acalentando — Sylvio Salema. Terra natal — Haydn e H. Vila-Lobos. Risonha madruga — Haydn e H. Vila-Lobos. O tamborzinho (em dó menor) — Rameau e H. Vila-Lobos. O ferreiro — Antolisei. Além do cancioneiro e Hinário oficiais. OBRAS CORAIS DE CANTO ORFEÔNICO PARA O CURSO PREPARATÓRIO E O DE APLICAÇÃO Vozes selecionadas e classificadas: A uma voz Hino Nacional — Francisco Manoel A Marselhesa — Rouget de Lisle. Hino à Bandeira — Francisco Braga Ruas. Hinos nacionais e estrangeiros (coleção) — Luiza Ruas. O coração e os olhos, Gondoleiro do amor, Saudades — João Gomes Junior A duas vozes Hino Nacional — Francisco Manoel e H. Vila-Lobos Hino à Arte — Dr. Carlos de Campos. Hino à Bandeira — Francisco Braga e H. Vila-Lobos A canção da noviça — Antolisei. Canção do amor — A. Nepomuceno. Poema Piranga — J. Gomes de Araujo. Canção sertaneja, As rolas — M. Lima. Não me deixes — J. B. Julião. Batuque em São Paulo — Ed. Souto. Orfeão escolar (3 séries) — João Gomes Junior. Sinos — Armando Lessa. O ferreiro — Antolisei. Dorme — Gomes de Araujo. A juventude — Tobaldini. Hino a Santa Cecília — Gounod. Canção do marceneiro — H. Vila-Lobos. Hino Normalista — J. B. Julião. Acalentando —- Sylvio Salema. Canção do exílio — João Gomes Junior. Hino à noite — Beethoven. Hino à noite — Beethoven e Ceição de Barros. Invocação à Cruz — Alberto Nepomuceno. Cantiga sertaneja — J. Gomes Junior. Brasil — J. Gomes de Araujo. Laudi alla Vergine — Verdi. A três e quatro vozes Orfeão escolar (3 séries) — João Gomes Junior. Os moinhos e Minha Mãe — Dr. Carlos de Campos. Canção da saudade — H. Vila-Lobos. Fonte dos amores — João Gomes Junior. Hino ao trabalho — Duque Bicalho. Noturno — Paulo Florence. Pra frente, ó Brasil — H. Vila-Lobos. Andorinhas — João Gomes Junior. As costureiras, Cantiga de roda — H. Vila-Lobos. O Rio — Dogliani. Hino a Santa Cecília — Gounod. A Paz — Barroso Netto. Lenda do Rio-Negro — João Gomes Junior. O ferreiro — Barroso Netto. Cantigas — João Gomes Junior. Baile na flor — Alberto Nepomuceno. La Boscainola (a sertanejo) e Canções escolares (3 séries) — João Gomes Junior. Tango Brasileiro — Alex. Levy. Orfeão escolar — Celeste Jaguaribe. Suspiros (canções brasileiras) — João Gomes Junior. Noturno — Paul Florence. Canções do exílio e Barcarola — João Gomes Junior. Sylvia (Pizzicato Scherzettino) — L. Delibes e João Gomes Junior. Reverie — Schumann e H. Vila-Lobos. Na risonha madrugada — Haydin e H. Vila-Lobos. Férias, Primavera do Brasil, Oração, contos cantados, História complicada, Canção sem palavras e Minueto — Barroso Netto. Moderato — Haydn. Terra natal — Mozart. O contratador de diamantes — F. Mignoni. O tamborzinho — Rameau. Adágio — Mendelsshon. Fuga (sem paIavra) — Barroso Netto. A marcha das rosas e Cantos escolares — H. Faustino. Além do Cancioneiro e Hinário oficiais. Coro misto Padre Nosso — Clauco Velasquez. Mottetto — Palestrina. Kirei — José Maurício. Iphigenie in Aulis — G. G. Gluck. Festiva — Beethoven. História complicada — Barroso Netto. Fuga n. 1 — Barroso Netto. Prelúdio 22 — G. S. Boile. Pátria — Villa-Lobo. Elegie — Massenet. MÚSICA E CANTO CORAL Curso de Adaptação Primeiro ano Exercícios de respiração. Exercícios fáceis e curtos de vocalização, a uma e duas vozes. Exercícios curtos de respiração e vocalismo simultâneos. Exercícios de manossolfa. Classificação, seleção e colocação de vozes, segundo Vila-Lobos. Atitude dos orfeonistas. Afinação orfeônica. Efeitos de timbres diversos. Exercícios de orfeão a uma e duas vozes (orientação Vila-Lobos). Canções e marchas escolares, a uma e duas vozes. Canções curtas e fáceis a três vozes. Hinos patrióticos: Hino Nacional, Hino à Bandeira, da Independência, da República, da Confraternização Americana. Entoação de melodias conhecidas. Deduzir das mesmas: sons médios, agudos e graves; tempos fracos e fortes; compassos; figuras que entram na composição dos compassos — formas e duração das diversas figuras; seu valor relativo; figuras simples e compostas; pausas; pauta; linhas suplementares; clave; nome das notas. Exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas em compasso binário 2|4. — Análise e exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas, em compasso quaternário C. ou 4|4. — Análise e exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas, em compasso ternário, 3|4. — Análise e exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas e desconhecidas a urna e duas vozes, em compasso quaternário. — Observações sobre ligadura. Observações sobre stacatto. Solfejo de melodias conhecidas em compassos simples. — Emprego dos sinais acessórios (sustenidos). Solfejo de melodia conhecidas, em compasso simples. — Emprego dos sinais acessórios (bemois e bequadros). Solfejo de melodias conhecidas, e desconhecidas, a uma e duas vozes, em compasso binário. — Indicação das escalas que deram origem às melodias (dó maior e lá menor). Segundo ano Recapitulação do programa do primeiro ano, continuando sempre os exercícios de respiração e vocalização. Solfejo de melodias conhecidas, e desconhecidas, em, compasso quaternário, ternário e binário, observando-se os intervalos ascendentes, descendentes, conjuntos e disjuntos, simples e compostos; a extensão da melodia e as notas que serviram de base para a composição completa da melodia. Solfejo de melodias conhecidas e desconhecidas, sempre em compassos simples, com aplicação das alterações musicais. Solfejo de melodias conhecidas e desconhecidas, nos compassos simples, a uma e duas vozes. — Correspondência entre compassos simples e compostos. Transformações dos compassos simples em compostos e vice-versa. Solfejo e análise de melodias conhecidas e desconhecidas, a uma e duas vozes, nas tonalidades de dó e sól maiores e nas relativas menores; de ré e lá maiores e nas relativas menores; de fá e si b maiores e suas relativas menores. Tons e semitons. Armadura. Nomenclatura dos diversos graus das escalas que serviram para a composição dessas melodias. Estudo mais apurado do Hino Nacional, Hino à Bandeira, etc. Preparo de novas peças para o orfeão. MÚSICA E CANTO CORAL Curso preparatório 1.º Ano Breve palestra sobre a origem e a evolução da música. Principais vultos da música brasileira. A música como elemento nas grandes comemorações cívicas, festas Populares, etc. , desde os povos antigos. Importância e finalidade do canto coral, seu valor na educação cívica e artística e como fator de disciplina. Exercício de respiração. Exercícios de vocalização, a uma, duas e três vozes. Exercícios de respiração e vocalismo simultâneos. Exercícios de manossolfa. Classificação, seleção e colocação de vozes, segundo Vila-Lobos. Atitudes dos orfeonistas. Afinação orfeônica. Efeitos de timbres diversos. Exercícios de orfeão (orientação Vila-Lobos). Recapitulação do programa do Curso de Adaptação, com variedade de exercícios vocais e escritos. Solfejo de melodias desconhecidas, a urna e duas vozes, em tonalidades e compassos diversos, empregando-se na armadura, os sustenidos. Solfejo de melodias desconhecidas, a uma e duas vozes, em tonalidades e compassos diversos, empregando-se, na armadura, os bemóis. Solfejo e análise de melodias em que entrem grupos alterados, sinais de expressão, sincopas, ornamentos e andamentos. Metrônomo. Solfejo e análise de melodias em compassos e tonalidades diversas a duas e três vozes. Recapitulação das noções dadas anteriormente. Solfejo e análise de melodias maiores e menores. Regras mais importantes de modalidade e tonalidade, com variedades, de exercícios. Partindo de uma melodia dada, escrita em clave de sol, salientar a necessidade de outras claves. Estudo das claves. Revisão e desenvolvimento do estudo das escalas diatônicas, modos e suas divisões; suas notas diferenciais, comuns, modais e tonais. Acordes de 3 sons (noções elementares), verificados com auxílio do manossolfa e aplicados em melodias dadas. Solfejo de melodias e canções diversas já dadas. — Fazendo-se a abstenção do compasso, tonalidade e modalidades, determinar os seus ritmos e escalas. Recapitular, em melodias dadas, as tonalidades observadas e analisar os intervalos naturais e alterados que aparecem, o efeito de sinais acessórios nesses intervalos, os tons e semitons, os intervalos consonantes e dissonantes, com suas resoluções. Intervalos enharinonicos. Mostrar, em melodias dadas, que elas variam em gênero, desde que se varie o compasso. Estudo mais desenvolvido das canções e hinos já estudados, por grupos, separadamente, e depois, por todo o conjunto. Estudo de novas peças de canto. Segundo ano Exercícios de respiração. Exercícios de vocalização, a uma, duas e três vozes, em notas stacattas e longas. Exercícios de vocalização por audição, em notas longas e sustentadas de um pianíssimo a um fortíssimo, e vice-versa. Efeitos de timbre no orfeão. Exercícios de vocalização a duas e três vozes, em notas longas e filadas. Exercícios de respiração em melodias clássicas e livres. Exercícios desenvolvidos de irianossolfa, a duas vozes, com efeitos de timbres, em notas curtas e longas. Execução, em conjunto, dos Hinos Nacional, à Bandeira, etc., e das canções já estudadas. Preparo de novas canções e peças outras de diferentes estilos e de maior desenvolvimento, a duas, três e quatro vozes. Por meio de melodias em diversos compassos e tonalidades, recapitular as noções dadas no ano anterior. Solfejo de melodias desconhecidas, a duas e três vozes, em compassos simples e compostos, em que haja alguma dificuldade rítmica. Esse exercício será feito diariamente e de conformidade com o adiantamento dos alunos. Modulação para o tom de sol maior de uma melodia escrita em dó maior, fazendo descobrir a escala que corresponde à tonalidade de sol maior. Dada uma melodia em sol maior, analisá-la, tratando especialmente da armadura da clave e do motivo por que o primeiro sustenido vem assinalado na 5.º linha da pauta da clave de sol. Dada uma melodia em Ia menor, fazer uma modulação para mi menor. Explicar essa transformação e fazer determinar a escala relativa de mi menor. Escrever uma melodia em mi menor e analisá-la. Fazer observar em análises de melodias dadas, as tonalidades: ré maior, lá maior, mi maior, e suas relativas menores. Solfejo de melodias em diversas tonalidades e em compassos simples e compostos. Observar os semitons diatônicos e cromáticas, ascendentes e descendentes, em melodias cromáticas. Solfejo de melodias desconhecidas, em compassos compostos e em tonalidades diversas. Solfejo de melodias em compassos simples e compostos, dadas as melodias nos tons de mi, si, fá e dó maiores; analisá-Ias e determinar suas tonalidades relativas menores. Solfejo de melodias, a uma e duas vozes, com tonalidades diversas. Análise de melodias que facilitem a recapitulação das noções musicais dadas. Dadas melodias nos tons de mi, lá, ré, sol e dó maiores, analisá-las e determinar suas tonalidades relativas. Observar as formas das escalas menores melódicas e harmônicas. Tons sinônimos e melodias adequadas. Observar, em melodias dadas, os intervalos maiores e menores, aumentados e suas inversões. Explicação, em melodias apropriadas, dos grupos alterados, salientando a sua função e aplicação. Sincapeas. Em melodias dadas em compassos compostos, mostrar que o gênero de cada melodia varia de conformidade com o compasso. Solfejo de melodias a três vozes, em compassos simples e compostos Recapitulação das noções sobre claves, tratando especialmente da clave de fá. Instrumentos e vozes em que se usa a clave de fá. Dadas melodias em tons diversos, transportá-las para tons diferentes. Explicação das vantagens dessa operação musical. Exercícios de transposição. Problemas de transposição subordinados aos casos : dada uma melodia, pedir a sua transposição, e dada a transposição e os elementos que a determinaram, descobrir a melodia transportada. Solfejos de melodias em compassos simples e compostos em diversos tons. Fazer observar os andamentos e os sinais de expressão em melodias solfejadas. Recapitulação dos graus alterados, ornamentos, apogiaturas, trinados, mordente, portamento, arpejo, em melodias solfejadas e analisadas. Execução mais apurada das peças cantadas durante o ano. Terceiro ano Este ano é destinado especialmente à prática do Orfeão. Folclore nacional; sua utilidade ligada à música e à história das artes. É neste período que se torna mais suave e atraente, para mestres e alunos, o ensino da Música. Os primeiros Iruem, na facilidade relativa com que os segundos interpretam as peças musicais, a compensação ao labor dos anos anteriores. Apertam-se mais os elos de compreensão mútua, que se estabeleceram no decorrer de uma convivência mantida em atmosfera de tranqüilas emoções estéticas. Atinge-se o limiar da arte pura: Palestrina, Rameau, Mozart, Beethoven, Shumnann, Nepomuceno, Vila-Lobos. Nas sessões dos Grêmios musicais, estes nomes já foram pronunciados, mas com significação vaga e relativa. Agora o trabalho lento e paciente já produz seus frutos, e os nomes dos mestres cujos retratos ornam as paredes da Sala de Música, desenhados pelas alunas, tornam-se mais familiares. É conveniente, pois, dar maior vida ao Grêmio Musical, promovendo audições repetidas, durante as quais se estudam mais detalhadamente, as biografias, o histórico das peças, (quando possível), e, sobretudo, se apura o ouvido na diferenciação das escalas pelas afinidades que aproximam os compositores. Estes, pelas suas tendências, definirão mais claramente para as alunas, no futuro, os períodos em que viveram, sofrendo a fatalidade das transformações sociais e a sugestão da literatura. É, pois, conveniente introduzir no repertório do 3.º ano, peças de autores filiados a todas as escolas, mas de acordo com a capacidade dos membros do orfeão. Ainda agora se deverá manter a orientação dos anos anteriores. Porque os alunos são capazes de cantar trechos musicais com relativa facilidade, não é razoável que se ponha de parte a Teoria que lhes facilita isto. É bom deduzi-las sempre das peças, ainda que seja a título de recapitulação. Também não serão esquecidos os exercícios de vocalização, mais ampliados do que nos anos anteriores, deduzidos das canções e feitos a duas, três e mais vozes. Todas as vezes que se estuda uma composição musical, deve-se predispor favoravelmente os alunos, discorrendo sobre o compositor e os característicos de sua obra. Chamar-se-á, também, a atenção para a beleza da peça e a coerência dos pensamentos que tanto a letra como a música sugerem. A interpretação deverá ser insinuada ou a justeza e a originalidade, necessárias para despertar no coro o desejo imediato de realizá-la. Habituar-se-á o Orfeão a fazer sempre, antes de cantar, um exercício respiratório de disciplina ("respiração imperceptível" de que se trata nas Instruções gerais) que estabelece silêncio absoluto e permite a concentração precisa para uma execução, o mais possível, perfeita. MÚSICA E CANTO CORAL Curso de Aplicação Noções da história da música em geral e, especialmente, da música nacional. Análise e crítica de trechos musicais para observação das regras estéticas da música. Espécies e gêneros de música. Notícias sobre os grandes compositores. Característicos e beleza da música nacional. Óperas de músicos nacionais. Traços biográficos com ilustração de compositores brasileiros de nomeada. Formação do orfeão no Curso de Aplicação. Estudo de músicas ele diversos estilos e de valor artístico. Análise da composição que vai ser executada pelo orfeão, quanto à espécie e ao gênero da música, de modo a ser interpretada conscientemente. Distribuição das partes pelas diversas vozes, depois marcadas as frases musicais para o efeito do ritmo. Solfejo das partes musicais, respectivamente pelos sopranos, meio sopranos e contraltos. Estudos dessas partes com respectiva letra, cada uma em separado para serem depois contadas em conjunto. Execução geral, procurando-se obter, no conjunto, uma harmonia bem exercitada, afinada e medida. Apuração das obras de arte executadas, até se conseguir que as vozes se combinem na harmonia necessária para dar a esta fôrma do canto em conjunto, Concepção e vivo caráter artístico. Nota: Para a conveniente audição de óperas e músicas clássicas, proporcionarão os grêmios escolares a vinda à Escola, de artista e virtuosi, para se fazerem ouvir. Poderão utilizar-se, também, das vantagens de uma vitrola. Prática profissional: É essa urna parte importante que, por si, justifica a inclusão da música no Curso de Aplicação, por isso que tem por objeto a aquisição, por parte dos alunos, da técnica metodológica e aplicável ao ensino primário. Prática profissional: É essa urna parte importante que, por si, justifica a inclusão da música no Curso de Aplicação, por isso que tem por objeto a aquisição, por parte dos alunos, da técnica metodológica e aplicável ao ensino primário. Complemento educativo — (Para ser realizado se se oferecerem oportunidades, através dos grêmios e de outras instituições, e feito por audição). Canções populares — nacionais, portuguesas, espanholas, italianas, francesas, alemãs, russas, inglesas. Educação rítmica do ouvido – marchas valsas, polcas, mazurcas, schottischs. Estudos dos timbres e da tessitura das vozes — baixo, barítono, tenor, contralto meio soprano, soprano. Música de uma e mais partes: solos duetos tercetos, etc. Gêneros de música: fantasias sinfonias músicas descritivas marchas fúnebres músicas sacras líricas bufas cômicas zarzuelas. óperas e operetas em diversas escolas nacionais e estrangeiras: Danças antigas: gavota minueto tarantela pavana giga allemande sarabanda passi-caille chaconne. Gênero clássico: Beethoven Mozart Pasielo Haydn Bach Scarlatti Marcello Cherubini. Gênero romântico: Wagner Chopin Mendelsshon Schumann Brahms Verdi Carlos Gomes Donizetti Bellini FRANCÊS O estudo do Francês no curso normal tem por finalidade proporcionar aos novos professores um excelente instrumento de aquisição de conhecimentos. A pobreza de nossa literatura, principalmente de nossa literatura pedagógica, que, conquanto haja progredido muito nos últimos tempos, ainda se mostra deficiente e falha, faz com que necessário se torne procurar no estrangeiro o que não conseguimos ainda produzir. Demais, a França, além de incontestável valor em todos os ramos da ciência, procura sempre enriquecer a sua literatura, traduzindo todos os livros recomendados que surgem nos outros países, de sorte que através do Francês, chegarão até nós as boas obras inglesas americanas, alemãs, etc. Longe, pois, de ser apenas um ornamento, como à primeira vista poderia parecer, o conhecimento do Francês é necessário, é indispensável a todos aqueles que desejam ilustrar seu espírito e muito particularmente aos que se destinam ao professorado. O ideal será que, ao terminar o curso normal, estejam as alunas perfeitamente aparelhadas para a exata compreensão dos bons autores. Assim sendo, adquirirão preciosos conhecimentos e poderão com mais segurança resolver todos os problemas alimentes à instrução, à educação. Deve, pois, ser tratado com o máximo desvelo a parte do programa que se refere ao estudo do Francês. O objetivo, já ficou dito acima, é dar às alunas a capacidade para a compreensão, à primeira vista mesmo dos trechos mais difíceis. Como, porém, não se chegará a tal resultado sem o conhecimento perfeito da índole da linguagem, procurar-se-á fazer um estudo metodizado de suas anomalias, de suas peculiaridades, dos fatos mais interessantes da sintaxe francesa, dos casos de divergência entre o Português e o Francês, procurando-se estabelecer sempre o confronto entre os dois idiomas. Todos os casos importantes devem ser abordados, porém por processos práticos e intuitivos, de molde a despertar o interesse das alunas. Concretizar sempre, procurar nos limites do possível, evitar as abstrações e as regras dogmáticas. A parte prática da linguagem, os exercícios de conversação não serão esquecidos, mesmo porque não se compreende o estudo de determinado idioma exclusivamente teórico. Além disso, quem se sente incapaz de expressar-se em qualquer idioma, será também incapaz de bem compreendê-lo. Que todas as alunas falem, e isso a partir da primeira lição. Aprenderam cinco ou seis palavras, apenas? Não importa que a conversação gire em torno dessas palavras. As alunas falarão, movimentar-se-ão, agirão, obedecendo a ordens que lhes serão transmitidas em francês, pelo professor. Esforçar-se-á este por tornar alegres, agradáveis e atraentes as suas lições, praticando a verdadeira escola nova e não se esquecendo de que é esse o único meio de êxito, mormente tratando-se da transmissão de conhecimentos de uma língua estrangeira, estudo que se não for feito com habilidade, com entusiasmo, com devotamento, por parte do professor, se tornará monótono, pesado e, por isso mesmo, improfícuo. CURSO DE ADAPTAÇÃO Primeiro ano Durante os primeiros meses não se adotará compêndio algum: as lições se constituirão de frases muito fáceis e de uso frequente, como: J'ai une maison, Ia maison est jolie; maison a deux fenêtres, etc.; uma, duas frases para cada lição. A sentença escrita no quadro será lida pelo professor e em seguida pelas alunas, exigindo-se a máxima correção de pronúncia. Depois de bem sabidas as frases, serão estudadas separadamente cada uma das palavras que formaram as sentenças. As alunas devem saber ler, escrever e compreender perfeitamente uma lição, antes que se lhe dê outra. Note-se que as frases dadas devem ter entre si urna certa sequência, uma certa relação, para que se possa estabelecer a conversação com as alunas. A tradução também só se fará em último caso, sendo de grande conveniência que o nome francês ocorra na imaginação das alunas sem ser precedido do nome português. As alunas devem acostumar-se a pensar em francês, evitando o processo longo e defeituoso de pensar em português e fazer mentalmente a versão para o francês. Como conseguir isso? é a pergunta que surge logo, pois à primeira vista parece tarefa muito difícil ensinar o francês sem dar a tradução das palavras. Nada mais simples: o desenho, as gravuras, os próprios objetos que a palavra representa, virão em nosso auxílio. O processo a ser empregado será pouco mais ou menos o seguinte: O professor mandará que cada aluna traga, feito a lápis de cor sobre cartolina ou papel adequado, o desenho de uma casa. Dirá que as casas poderão ser de qualquer côr, de qualquer formato, ter uma ou mais portas, uma ou mais janelas, um ou mais andares, ter ou não alpendre, cortinas, etc. Na aula seguinte haverá uma grande variedade de cores e de estilos: aparecerão casas antigas, sobrados, casebres, bangalôs, etc., cada qual com seu formato. A primeira lição se comporá apenas disto: La maison. Ma maison. Votre maison. C'est la maison. C'est ma maison C'est votre, maison. J'ai une maison. Nous avons une maison. La voi ci. Apresentando o desenho de uma casa que ele próprio terá trazido, dirá em voz clara e inteligível: La maison. Depois, apontando sucessivamente ora o seu, ora o desenho das alunas, dirá: Ma Maison, votre maison, repetindo até que compreenda pela atitude das alunas que das já perceberam a diferença entre ma votre. Então, fará repetidas vezes a pergunta: Qu'esl ce que c'esl? E responderá ele próprio, continuando a indicar os desenhos: C'esl ma maison, c'est votre maison. Dentro em pouco, as alunas responderão sem hesitar C'est ma maison, c'est votre maison. Este exercício será repetido, devendo ser argüidas todas as alunas, uma aqui, outra ali, outra mais adiante, de modo que todas se interessem pela argüição. Em seguida o professor escreverá no quadro as sentenças: C'est Ia maison, c'est ma maison, c'est votre maison. Explicará o som aí e mostrará que o ce ou c' que precede a palavra est é um pronome que não se traduz em português. As alunas copiarão cuidadosamente em seus cadernos as frases do quadro e em seguida o professor passará à segunda parte da lição. O professor ensinará, agora, as frases: Oui, j'ai une maison; nous avons une maison; la voici. Aqui será conveniente escrever as frases no quadro à proporção que as for anunciando. Aparecem formas verbais, elisão, mais dificuldades, enfim, do que na primeira parte da lição. Ocorre, também, que não se poderá evitar a tradução das expressões j'ai une maison; nous avons une maison, Ia voici. Ao passo que o professor as for escrevendo, irá dando a tradução. Escreverá oui, 1 a une maison e dirá: Sim, eu tenho uma casa; nous avons une, maison, nós temos uma casa; Ia voici, ei-la aqui. Lerá uma, duas vezes, explicará a diferença entre je e j'ai, bem corno os sons ou e oi, e procederá à argüição, dirigindo-se ora a urna aluna, ora a todas englobadamente, para obter as respostas: Oui, j'ai une maison; nous avons une maison; Ia voici. Finda a arguição, as alunas copiarão mais estas frases em seus cadernos. O professor recomendará o estudo cuidadoso da grafia das palavras e, na aula seguinte, fará este exercício: designando os desenhos, irá interrogando, sendo que a aluna arguida deverá dar as respostas por escrito, no quadro. Esta arguição pode ser geral: neste caso as respostas serão escritas nos cadernos de classe. A primeira lição se constituirá, pois do seguinte: Qu'est-ce que c'est ? C'est Ia maison C'est ina maison C'est notre maison. — Avez-vous une maison? (Oui, j'ai une maison (Oui, nous avons une maison — Montrez.moi votre maison. La voici. Segunda lição Nesta lição serão estudados o artigo le, o artigo Ia, que já apareceram na primeira lição, e o artigo como os les, bem vocábulos porte fenêtre, toit, de e sont, sempre compreendidos em sentenças. O processo será o mesmo empregado na 1.ª lição. O professor, mostrando no desenho, o telhado, a porta, a janela, irá dizendo: Le toit, la porte, Ia fenêtre. Indicando depois ora uma ora duas ou mais casas, ora um, ora mais telhados, ora uma, ora mais portas e janelas, dirá: Voici la maison. Voici les maisons. Voici le toit. Voici les bus. Voici Ia porte. Voici les portes. Voici Ia fenêtre. Voici les fenétres. A arguição se fará assim: — Montrez-moi le bit de votre maison. —Montrez-moi la fenêtre. Montrez-moi les portes. As alunas responderão empregando naturalmente, conforme o caso, te, Ia ou les: Le voici, Ia voici, les voici. É claro que, neste caso, empregarão elas pronomes pessoais, em vez de artigos, porém, não haverá nisso inconveniente algum, visto como o que se quer é que aprendam as variações de gênero e número e estas são perfeitamente idênticas entre os artigos definitos e as variações pronominais em questão. Após este exercício, o professor, indicando a princípio uma, depois duas casas, portas ou janelas, dirá: C'est la maison. Ce sont les maisons. C'est Ia porte. Ce sont les portes. C'est Ia fenétre. Ce sont les fenêtres. Arguirá depois assim, sempre indicando os desenhos Qu'est-ce que c'est? Qu'est-ce que ce sont? As respostas serão: C'est Ia porte de Ia maison. Ce sont les fenêtres de ma maison. C'est te bit de votre maison, etc. Como na primeira lição, as alunas copiarão em seus cadernos as novas frases aprendidas e ser-lhes-á recomendado o estudo da grafia das palavras. Já aqui o professor poderá determinar, como exercício de casa, a construção de sentenças fáceis para emprego do vocabulário aprendido. Antes de terminar a lição, explicará que não se pronunciam as consoantes finais, com raras exceções, bem como o e final não acentuado. Falará sobre o ê das palavras fenêtre e sôbre e agudo, (é) deixando bem claro o valor de cada mm. Terceira lição Esta lição tem por objetivo o ensino do nome das cores. Para isso o professor levará e pedirá que as alunas levem, também, pedacinhos de cartolina, de papel, ou de fita, de cores variadas. A' proporção que as apresentar à classe, irá dizendo e escrevendo no quadro: Rose, bleu, vert, rouge, blanc, noir, jeune, gris, marron, beije, lilas, or, mauve, bleu-ciel, violette, bois de rose, fraise, vermeil, etc. Explicará que a palavra foncé junto a um nome de côr, indica que o tom dessa cor é escuro: bleu-foIicé azul marinho; rouge foncé, vermelho escuro. Depois de ler várias vezes esta lista, escreverá: Toit noir — Maison noire — Toit gris — Fenêtre — grise — Livre bleu — Maison bleu — Livre blanc — Malson blanche (Havendo necessidade,,o professor recorrerá a qualquer termo fácil, estranho à lição, como livre, no presente caso). Mandará que as alunas observem a mudança de forma e explicará que, em francês, a letra característica do feminino é o e mudo. A conversação agora já torna mais interessante. O professor terá cuidado em movimentar a classe, argüindo a todos e designando ora um, ora outro, para outro desenho, prendendo a atenção de todas as alunas. Questões que poderão ser formuladas: Avez-vous une maison? Montrez_moi vos inaisons. Montrez_jnoi te toit de votre maison. Qu'est_ce que c'est (indicando os desenhos). Quelie-est Ia couleur de votre maison? Quelie est Ia couleur div bit de Ia maison de Maria? Quelle est Ia couler de Ia porte de votre maison? As respostas devem ser: Oui, nous avons une mui-son. La voici. C'est te bit, c'est Ia porte, ce sont les fenêtre de ma maison. Ma maison est marron. Le bit de Ia maison de Maria est gris. Evitar que as alunas empreguem nas respostas a palavra couleur, o que tornaria enfadonha a conversação, pela repetição forçada dessa palavra. Evitar também o emprego dos artigos indefinitos que ainda não foram estudados. Nota — Não se faça a versão dos nomes das alunas, é desnecessário e mesmo incorreto far-se-á mais tarde o estudo dos nomes de pessoas. Constará esta lição do estudo dos adjetivos numerais de um a dez e da palavra a (verbo avoir). No quadro ficará isto: Un. (1), deax (dois), trois (3) quatre ('quatro), cinq (5), six (seis), sept (sete), huil' (oito), neuf (nove), dix (dez). Indicando as portas, as janelas das casas, e, se for preciso, os cadernos, os livros, os dedos, as carteiras, etc. dirá: Une porte, deux fené Ires, trois portes, qualre livres, cinq Inaisons, SIX, sept cahters, lvii, neuf, diz doigts. Depois de ensinar a significação de a (verbo) estabelecerá a palestra da forma que se segue: Combien de portes votre maison a-t-elle? Combien de fenêtres a la maison de Laura a-t.-elle? O professor poderá simplificar a forma da interrogação, empregando: Combien de portes a votre maison? Combien de feriê ires a Ia maison de Laura? Não é sintaxe rigorosa, porém é muito usada na prática, essa construção. O processo será o mesmo das lições anteriores. As lições seguintes obedecerão ao mesmo critério, sendo que estes exercícios continuarão mesmo depois de adotado o livro indicado. Não haverá pressa de passar ao livro, o que só se fará depois que a classe haja compreendido bem o mecanismo da leitura. Serão estas as ideias centrais para os exercícios: o jardim, as flores, a horta, os legumes, instrumentos usados para jardinagem; a família; as frutas, os alimentos, as peças de vestuário, os móveis, a escola, os brinquedos as refeições, as horas, etc. Os mapas de gravuras usados para o estudo da língua pátria, poderão ser empregados na aplicação deste método. Durante o primeiro ano de adaptação deverão ser estudados os verbos avoir, être e os regulares das quatro conjugações. Estudados, porém, assim, através da palestra e sempre de modo intuitivo e prático. Livro indicado — Método preliminar do Curso de Francês, de Aimé Ruch. Segundo ano Para os exercícios práticos, para a aprendizagem das diversas conjugações, para a conversação, será adotado o mesmo sistema aconselhado no primeiro ano. Os exercícios serão os mesmos, ampliados gradativamente e de acordo com o adiantamento da classe. O assunto para a conversação será tirado dos mapas de gravuras já mencionados, de quaisquer outras gravuras que a isso se prestem e da própria lição de leitura. Aproveitando palavras e construções encontradas no trecho lido, o professor promoverá palestras sobre o mesmo, procurando obter que as alunas revelem, dando as respostas sempre em francês, a compreensão do que leram. Entretanto, depois desse exercício, convém que se faça a tradução. Se assim não for, as alunas se guiarão apenas pelo sentido, vários termos passarão despercebidos, o que será prejudicial, atenta a finalidade do estudo do Francês, no curso normal. Esta tradução é necessária e recomendada, ao contrário do que ficou dito relativamente aos exercícios de conversação. As questões gramaticais serão estudadas à proporção que forem aparecendo nos textos lidos, em forma conversa, abstraindo-se ainda, por completo, pelo menos por enquanto, a ideia de quaisquer fórmulas ou regras. Ao professor compete, se quiser metodizar suas explicações, escolher para a leitura trechos que se prestem ao seu objetivo, isto é, dará trechos em que se encontrem adjetivos qualificativos, logo depois escolherá para a leitura capítulos em que apareçam demonstrativos, depois os possessivos, os numerais e assim por diante. Nesta série serão estudadas pelo modo já indicado, os verbos auxiliares, os regulares das quatro conjugações, alguns irregulares de uso comum, tais como dire, faire, vertir, sortir, alter, envoger, mettre, mourir, etc. bem como as categorias de palavras. Livros aconselhados: "Primeira Série", de Gastão Ruch. De quando em vez o professor recorrerá á biblioteca da Escola, escolhendo bons livros a alcance da turma. Passará para o quadro negro fragmentos desse livro, fará com que as alunas os copiem e sôbre essa cópia versará a lição. Determinará, além disso, a leitura de determinado livro, para estudo nas horas destinadas à biblioteca. Na aula determinará ao exercício de interpretação e verificará quais os termos procurados no dicionário. Quanto mais livros, quanto mais autores, quanto mais estilos ficarem conhecendo as alunas, tanto melhor. CURSO PREPARATÓRIO Primeiro ano Ainda aqui continuarão os exercícios práticos, a conversação. Continuarão a ser empregados os mapas de gravuras sobre os motivos dos quadros as alunas poderão compor historietas muito simples, a princípio em redação oral e depois escrita. Assim por exemplo: Cetie enfant s'appelle Marie; elle ets três jolie; ses cheveux sont noirs et ses geux sont bleux. Marie a une robe rouge, un chapeau et des souliers blancs. Elle attend sa maman qui n'est pas encorre revenue de san travail. Auxiliadas pelo professor as alunas farão isso muito facilmente e poderão organizar o seu caderno de composições. Cada uma será autora de um livrinho de histórias, cartas, descrições, tudo muito simples, de acordo com a capacidade de cada uma. De quando em vez, a classe escreverá sob ditado trechos estudados com antecedência Quanto ao estudo de leitura e tradução, proceder-se-á como no 2.º ano de adaptação. Nos exercícios de conversação serão introduzidas as formas verbais negativas e interrogativas, os casos especiais de preposição do sujeito, de sujeito pleonástico, as diversas formas de negativa reforçada e os casos de supressão das negativas pas e point, o emprego dos auxiliares uvoir e être nos tempos compostos, (quando se deve empregar um ou outro) os casos mais interessantes do particípio passado, etc. Além dos verbos já conhecidos, estudar-se-ão boire, êcrire, mou cair, offrir, pleuvoir, servir, dormir, savoir, croire, paraitre, e outros que se apresentem, conforme a orientação dada aos exercícios práticos. Livros aconselhados: "Segunda Série" de Gastão Ruch e "Primeiro ano" de conversação francesa, por Julien Fauvel. Note-se que a Segunda Série aqui indicada, é um trabalho de leitura e não o método prático para aprender a língua francesa, de Henrique Monat e Gastão Ruch; este não convém para o curso normal. Há vários livros interessantes que as alunas poderão ler durante o ano. Qualquer um dos dois acima indicados será o livro de todos os dias, porém, o professor frequentemente escreverá no quadro, trechos de outros livros para que as alunas observem a variedade de linguagem e de estilo. São excelentes livros os da Condessa de Ségur, de Mmc. de Stoltz, de Mile. Julie Courand, etc. Segundo ano Nesta altura do curso, devem estar as alunas em condições de arcar com maior responsabilidade. No exercício de leitura e tradução, o professor não se esquecerá de ir incluindo, aos poucos, os princípios mais necessários da gramática. A parte prática não ficará em olvido. O professor continuará a usar os exercícios de conversação recomendados até aqui. O motivo para essa conversação será tirado do trecho marcado para o dia. O professor tentará, a princípio, obter das alunas a reprodução, com as suas próprias palavras, do trecho lido. Caso não obtenha resultado, irá formulando perguntas, de modo a abranger os pontos fortes da lição. Dentro em pouco as alunas estarão preparadas a fazer o que, a princípio, lhes parecia difícil: a interpretação do trecho lido. Poderá também o professor aproveitar, para a conversa, qualquer fato ocorrido na classe, na escola, ou na cidade. Narrá-lo-á em francês, formulará perguntas e, em seguida, fará com que as alunas exponham o que lhes foi contado. Além desse meio de aprendizagem, aconselhamos o uso de um compêndio, escrito em francês. Não se terá em vista o ensino mecânico das regras gramaticais, mas tão somente metodizar os conhecimentos já adquiridos, ao mesmo tempo que se aproveitem os numerosos exercícios dos compêndios, como o de Claude Angé, que será excelente para o caso. Para casa, serão marcados exercícios que versem sobre o estudo feito e nos quais se vejam as alunas obrigadas a empregar as regras mais importantes e necessárias. O livro aconselhado para a leitura será a "Seleta", de Rouquette, ou outro semelhante. Concomitantemente, deverão as alunas consultar obras e revistas francesas que se encontrem na biblioteca escolar. Terceiro ano No terceiro ano, continuar-se-á usando o mesmo compêndio com os seus respectivos exercícios, bem como a conversação. Como livro de leitura, seria conveniente adotar-se a seleta "Morceux Choisis" de Horácio Scrosoppi. Além de um bom dicionário português-francês e francês-português, será necessário ou mesmo sumamente proveitoso o uso de um dicionário escrito em francês, tal como o Petit Larousse. Tanto o dicionário como a gramática, escritos na língua que se estuda, são de grande alcance para familiarizar as alunas com o respectivo idioma . Além disso, tendo as definições na língua estranha, precisam fazer certa ginástica mental para encontrar o termo correspondente no vernáculo. O estudo do francês, como já foi dito, no curso normal, tem o propósito de dar às alunas conhecimentos suficientes para consulta de livros pedagógicos, bem como torná-las familiarizadas com a língua, que possam consultá-los com facilidade e com prazer. Por isso, é necessário dar-lhes o ensejo, de fazer variados exercícios de leitura. Para isso, será bom que as alunas escolham uma outra matéria do curso, de preferência História da Civilização ou a História Natural, e adquiram um tratado francês da matéria escolhida, para consultá-lo juntamente com o português. Não se dispensarão, outrossim, os exercícios de Biblioteca ou leitura em casa, acrescentando-se ao que foi dito quanto ao segundo ano, obras de viagens e biografias de varões ilustres. Em auxílio do professor, virá ainda o grêmio de francês, que organizará, de quando em quando, sessões de auditório, com discursos, declamações, palestras, comédias, etc. MÚSICA E CANTO CORAL Instruções Sem o intuito de formar artistas, tem a música, na escola, um fim todo educativo, como agente pedagógico de grande relevância. Além de desenvolver a memória auditiva e o senso rítmico, é de influência precípua e decisiva na formação do caráter, na cultura da inteligência e dos sentimentos. Fator de alegria, auxiliar poderoso de disciplina, concorre, através das estrofes das canções e hinos pátrios, para despertar entre os alunos o amor à natureza e ao trabalho, bem como o sentimento de fraternidade e o culto à terra. Corrigindo e melhorando as vozes no canto de um mesmo hino ou de uma canção, esquecendo-se das desigualdades de condição e, vibrando a mesma emoção de alegria e de entusiasmo, sentem-se irmanados no mesmo afeto e no mesmo ideal. "Cantar é útil porque é agradável, porque desafoga o sentimento, suaviza o trabalho, dissipa a tristeza". A orientação dada ao presente programa deve preencher, diretamente e com justeza, os fins principais que se têm em vista: preparar os órgãos produtores e receptores do som; habituar o aparelho respiratório a uma ginástica benéfica ao organismo; amenizar o ensino, descansando os alunos de estudos que exijam esforço intelectual e, acima de tudo, trazer alegria às classes. 1 — Quer no curso de adaptação, quer no preparatório serão tomadas inicialmente, melodias simples, com o objetivo de procurar deduzir das mesmas o ensino teórico, de conhecimento exclusivamente necessário à boa leitura musical e à sua interpretação. Conviria que se aproveitassem, nos primeiros passos, para redução da teoria, trechos conhecidos ou motivos locais. Não é aconselhável começar o curso pelo ensino das notas, antes que tenham os alunos adquirido um pouco de gosto pela música. 2 — Tomando uma canção conhecida, o professor escreverá no quadro a melodia. Exemplo: O ritmo e o andamento são marcados pelo professor, a clave, que pode também não estar aí simbolicamente representada, será indicada pela nota inicial dada pela voz ou no instrumento. Pela observação, percebem os alunos que os sinais representam os sons; que a forma da figuras variam segundo a duração dos sons; que os sons sobem em entoação á medida que se elevam as figuras musicais que partem da primeira linha inferior da pauta e descem na ordem inversa, etc. A proporção que essas frases melódicas aparecem vão os alunos conhecendo a teoria que elas encerram. 3 — Os elementos que, em conjunto, formam o senso musical são: o ouvido, a voz, o senso tonal e o senso rítmico. Dentre esses, o mais perceptível é o senso rítmico (isto é, a ordem no movimento) que é quase instintivo. Cumpre apenas regulá-lo, torná-lo consciente, ao passo que a voz, o ouvido e o senso tonal reclamam exercício e educação especial. O ritmo parece-nos, pois, a base da educação musical. 4 — Muito delicado e sensível, o aparelho de fonação deve ser utilizado com bastante cautela. E', pois, aconselhável que os alunos cantem sempre com naturalidade, sem violência e sem esforço, não gritem nunca o que cantam, antes o façam com a maior suavidade e expressão. Para isto, cumpre que nunca ultrapassem o limite natural de suas vozes. 5 — Salvo raras exceções, todas as vozes são aproveitáveis. Bôa ou má, forte ou fraca, afinada ou não, todos, enfim, têm uma voz, isto é, a faculdade de emitir sons de caráter musical. Dificilmente se poderá encontrar uma aluna inteiramente desprovida de voz, incapaz de emitir os seguintes sons: Ninguém pode criar a voz, diz Lavignac; esta é um dom natural, que depende inteiramente da conformação do aparelho vocal; mas podemos favorecer os trabalhos da natureza: e é abstendo-nos de opor obstáculos a esse trabalho, e, por outro lado, removendo com inteligência, as pequenas imperfeições e defeitos notados, que conseguiremos reunir elementos aproveitáveis num coro orfeônico. 6. A boa respiração é indispensável no canto. Para os exercícios iniciais das aulas, deverão os alunos habituar-se a fazer a inspiração e a expiração, resumidas nos seguintes itens, conforme Vila-Lobos: a) respiração imperceptível, em atitude correta e natural; b) inspiração pelo nariz e expiração pela boca em ritmo ternário: 1.º tempo — inspiração; 2.º e 3.º — expiração; c) inspiração pelo nariz e expiração emitindo brandamente a vogal "A", em ritmo binário: 1.º tempo – inspiração; 2.º — expiração; d) o mesmo exercício, mais prolongado em ritmo ternário: 1.º tempo, inspiração; 2.º e 3.º — expiração; e) repetir o mesmo exercício, com interrupção repentina da voz; f) inspiração pelo nariz e expiração pela boca, ao emitir o "A" como um suspiro profundo que lembre um glissando, em ritmo ternário: 1.º tempo — inspiração; 2.º e 3.º expiração. g) vocalização da mesma nota (com o auxílio do diapasão). Logo no início das aulas, este exercício denuncia os desafinados, que irão constituir, temporariamente, a chamada "classe dos ouvintes". h) o mesmo exercício, em conjunto, com todas as vogais, em ritmo quaternário, seguindo a escala, e dentro da tessitura das vozes. Exemplo: Ao entoar-se um hino ou canção, o ato respiratório não será tão profundo como na ginástica respiratória; deve ser simples e natural, apenas um pouco mais regulado; entretanto, o próprio trecho musical guiará a respiração. Se se exige que o aluno, ao cantar, se preocupe com sua respiração, naturalmente cantará mal e respirará mal. Cumpre, entretanto, recomendar: a) que os alunos respirem silenciosa e tranquilamente; b) que a respiração seja regulada principalmente pelo texto; c) que para a respiração sejam aproveitadas as pausas musicais; d) que se faça a inspiração antes de uma série de notas ligadas e de notas longas. Em geral, a inspiração não deve interromper nem o texto, nem a sequência da melodia. Convém, pois, não respirar no decurso de uma palavra, depois de um artigo de uma conjunção copulativa ou de um adjetivo, quando este vier antes de um substantivo. Havendo dois ou mais adjetivos sucessivos, podem eles ser separados por uma inspiração. Todavia, em se tratando de notas de longa duração, é bem visto que estas indicações nem sempre poderão ser observadas. 7 — Nos exercícios de vocalização, sem o menor esforço de garganta, os alunos entoarão as notas da escala, primeiro em sua ordem natural e com bastante duração em cada uma delas e depois em diversas combinações melódicas, em compasso determinado e emitindo o som com as vogais, começando a entoação do "do" e chegando até o "do" ou "re" da quarta linha. Nas notas mais agudas as vogais empregadas devem ser de preferência o "o" e o "a". 8 — A formação do ouvido se processará insistentemente pela percepção da tonalidade, por meio de acordes, arpejos e escalas referentes aos trechos cantados. 9 — A escolha do repertório é outra condição essencial. O canto deve, certamente, obedecer a um conjunto de condições ou requisitos indispensáveis, na música como na poesia. Assim: a) deve ser, no princípio, simples e curto, fácil de guardar, para desenvolver o sentido da imitação dos sons e a memória dos sons; b) deve ser agradável, sensível, pois a música que não delicia o ouvido, que não canta, não oferece, no princípio, o indispensável atrativo; c) deve ser distribuïdo de acôrdo com a idade e a capacidade dos alunos, por forma a cultivar, progressivamente, a afeição pela arte; d) deve interpretar convenientemente o sentido do texto, pois, irmãs que são, a poesia e a música, hão de auxiliar-se mutuamente, ajustando-se e completando-se pelo sentimento; e) cumpre haver correspondência entre o ritmo musical e o ritmo poético, isto é, os tempos fortes da música e as acentuações tônicas dos versos devem coincidir sempre; l) não basta oferecer aos alunos a música de seu agrado, que lisonjeia o ouvido, aias a música cantante e sonora, simples e graciosa. de contorno harmônico e delicado, e que sirva de estímulo sempre para o belo e para o bem. 10. — O canto coral de tão grande valor educativo, se estenderá do Curso de Adaptação ao Curso de Aplicação e deve ser organizado o mais cuidadosamente possível, sob o ponto de vista técnico e artístico. Desde o início, o professor procurará desenvolver o gosto estético do aluno, desvelando-se por que este interprete convenientemente os trechos musicais que lhes são dados. Gradativamente irá ampliando a sua capacidade de executar músicas mais difíceis, de acordo com o desenvolvimento e o apuro da voz. Para a perfeita execução dos coros são cuidados essenciais: a) o exame individual de todas as vozes e a sua classificação; b) a atitude dos orfeonistas e as circunstâncias em que devem, ou não, cantar; c) os exercícios respiratórios e os de vocalização; d) o solfejo cuidadoso das partes musicais pelas diferentes vozes; e) a análise da composição e a interpretação consciente dos alunos; f) equilíbrio do conjunto, quando se tratar da execução geral; g) a organização do repertório, que deverá abranger diversas épocas e diversos gêneros. PROGRAMAS I CURSO DE ADAPTAÇÃO Primeiro ano Exercícios de respiração. Exercícios de respiração simultaneamente com as notas da escola. Exercícios fáceis e curtos de vocalização, a uma e duas vozes. Exercícios curtos de respiração e vocalismo simultâneos. Emissão de sons prolongados fortes, meio fortes. fortíssimos, piano, meio piano e pianíssimo. Exercício de solfejo por meio do método de manossolfa, a fim de educar a atenção do aluno. Classificação; seleção e colocação de vozes. Atitude dos orfeonistas. Afinação orfeônica. Efeitos de timbres diversos. Exercícios de orfeão a uma e duas vozes (Orientação Vila-Lobos). Canções e marchas escolares, a uma e duas vozes. Canções curtas e fáceis a três vozes. Hinos patrióticos: Hino Nacional, Hino à Bandeira, da Independência, da República, da Confraternização Americana. Entoação de melodias conhecidas. Deduzir das mesmas: Sons médios, agudos e graves; tempos fracos e fortes; compassos; figuras que entram na composição dos compassos —- formas e duração das diversas figuras; seu valor relativo; figuras simples e compostas; pausas; pauta; linhas suplementares; clave; nome das notas. Exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas, em compasso ternário 2|4. — Análise e exercícios, correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas, em compasso quaternário C. ou 4|4. — Análise e exercícios correspondentes. Solfejo de melodias conhecidas, em compasso ternário, 3|4. — Análise e exercícios correspondentes. Solfejos de melodias conhecidas e desconhecidas a urna e duas vozes, em compasso quaternário. Observação sobre ligadura. Observação sobre stacatto. Solfejo de melodias conhecidas, em compassos simples. — Emprego dos sinais acessórios (sustenidos) Solfejo de melodias conhecidas, em compasso simples. — Emprego dos sinais acessórios (bemois e bequadros). Solfejo de melodias conhecidas e desconhecidas, a urna e duas vozes, em compasso binário. — Indicação das escalas que deram origem às melodias (dó maior e lá menor). Segundo ano Recapitulação do programa do primeiro ano, continuando sempre os exercícios de respiração e vocalização. Solfejo de melodias conhecidas, e desconhecidas, em compasso quaternário, ternário e binário, observando-se os intervalos ascendentes, descendentes, conjuntos e disjuntos, simples e compostos; a extensão da melodia e as notas que serviram de base para a composição completa de melodia. Solfejo de melodias conhecidas e desconhecidas, sempre em compassos simples, com aplicação das alterações musicais. Solfejo de melodias conhecidas e desconhecidas, nos compassos simples, a uma e duas vozes. — Correspondência entre compassos simples em compostos. — Transformações dos compassos simples em compostos e vice-versa. Solfejo e análise de melodias conhecidas e desconhecidas, a urna e duas vozes, nas tonalidades de dó e sól maiores e nas relativas menores; de ré e lá maiores e nas relativas menores; de fá e si b maiores e suas relativas menores. Tons e semitons. Armadura. Nomenclatura dos diversos graus das escalas que serviram para a composição dessas melodias. Estudo mais apurado do Hino Nacional, à Bandeira, etc. Canções de fácil interpretação musical, coros, a uma e duas vozes, de autores nacionais e estrangeiros, dando preferência ao nosso folclore. Preparo de novas peças para o orfeão. II CURSO PREPARATÓRIO Primeiro ano Breve palestra sobre a origem e a evolução da música. Principais vultos da música brasileira. A música corno elemento nas grandes comemorações cívicas, festas populares, etc., desde os povos antigos. Importância e finalidade do canto coral, seu valor na educação cívica e artística e como fator de disciplina. Exercício de respiração. Entoação da escala, dando os nomes dos respectivos sons e vocalizando-os com a vogal A. Exercícios de vocalização sobre a mesma nota, coir mudanças de vogais e também sobre sons diferentes. Exercícios de vocalização, a uma e duas vozes. Exercícios de respiração e vocalismo simultâneos. Exercícios de manossolfa. Classificação, seleção e colocação de vozes. Emissão de sons prolongados fortes, meio fortes, fortíssimos, pianos, meio pianos, pianíssimos, crescendo e diminuindo, etc. Atitude dos orfeonistas. Afinação orfeônica. Efeitos de timbres diversos. Exercícios de solfejo, primeiramente dando nome às notas, depois vocalizando-as com diferentes vogais, a fim de habituar o aluno a respirar, frasear e colorir o que lenha de cantar. Exercícios de orfeão (Orientação Vila-Lobos). Recapitulação do programa do Curso de Adaptação com variedade de exercícios vocais e escritos. Solfejo de melodias desconhecidas, a uma e duas vozes, em tonalidades e compassos diversos, empregando-se, na armadura, os sustenidos. Solfejo de melodias desconhecidas, a uma e duas vozes, em tonalidades e compassos diversos, empregando-se, na armadura, os bemois. Solfejo e análise de melodias em que entrem grupos alterados, sinais de expressão, sincopas, ornamentos e andamentos. Metrônomo. Solfejo e análise de melodias em compassos e tonalidades diversas, a duas vozes. Recapitulação das noções dadas anteriormente. Solfejo e análise de melodias maiores e menores. Regras mais importantes de modalidades e tonalidade, com variedade de exercícios. Partindo de uma melodia dada, escrita em clave de sol, salientar a necessidade de outras claves. Estudo das claves. Revisão e desenvolvimento do estudo das escalas diatônicas, modos e suas divisões ; suas notas diferenciais, comuns, modais e tonais. Acordes de 3 sons (noções elementares) verificados com auxílio do manossolfa e aplicados em melodias dadas. Solfejo de melodias e canções diversas já dadas. Fazendo-se abstenção do compasso, tonalidade e modalidades, determinar os seus ritmos e escalas. Recapitular em melodias dadas, as tonalidades, observar e analisar os intervalos naturais e alterados que aparecem, o efeito de sinais acessórios nesses intervalos, os tons e semitons, os intervalos consonantes e dissonantes, com suas resoluções. Intervalos enarmônicos. Mostrar, em melodias dadas, que elas variam em gênero, desde que se varie o compasso. Estudo mais desenvolvido das canções e hinos já estudados por grupos, separadamente, e, depois, por todo o conjunto. Estudo de novas peças de canto. Terceiro ano Exercícios de respiração. Exercícios de vocalização, a uma, duas e três vozes, em notas stacattas e longas. Exercícios de vocalização por audição, em notas longas e sustentadas de um pianíssimo a um fortíssimo, e vice-versa. Efeitos de timbres no orfeão. Exercícios de vocalização a duas e três vozes, em notas longas e filadas. Exercícios de respiração em melodias clássicas e livres. Exercícios desenvolvidos de manosólfa, a duas vozes, com efeitos de timbres, em notas curtas e longas. (Orientação Vila-Lobos). Execução, em conjunto, dos Hinos Nacional, à Bandeira, etc., e das peças já estudadas. Preparo de novas canções e peças outras de diferentes estilos e de maior desenvolvimento, a duas, três e quatro vozes. Por meio de melodias em diversos compassos e tonalidades, recapitular as noções dadas no ano anterior. Solfejo de melodias desconhecidas, a duas e três vezes, em compassos simples e compostos em que haja alguma dificuldade rítmica. Esse exercício será feito diariamente e de conformidade com o adiantamento dos alunos. Modulação para o tom de sol maior de uma melodia escrita em dó maior, fazendo-se descobrir a escala que corresponde à tonalidade de sol maior. Dada uma melodia em sol maior, analisá-la, tratando especialmente da armadura da clave e do motivo porque o primeiro sustenido vem assinalado na 5.ª linha da pauta da clave sol. Dada uma melodia em lá menor, fazer uma modulação para mi menor. Explicar essa transformação e fazer determinar a escala relativa de mi menor. Escrever uma melodia em mi menor e analisá-la. Fazer observar em análises de melodias dadas as tonalidades: ré maior, lá maior, mi menor, e suas relativas menores: fá maior, si bemol maior e suas relativas menores. Solfejo de melodias em diversas tonalidades e em compassos simples e compostos. Observar os semitons diatônicos e cromáticos, ascendentes e descendentes, em melodias cromáticas. Solfejo de melodias desconhecidas, em compassos de tonalidades diversas. Solfejo de melodias em compassos simples e compostos, dadas as melodias nos tons de mi, si, fá e dó maiores analisá-las e determinar suas tonalidades relativas menores. Solfejo de melodias, a uma e duas vozes, com tonalidades e modalidades diversas. Análise de melodias que facilitem a recapitulação das noções musicais dadas. Dadas melodias nos tons de mi, lá, ré, sol e dó maiores, analisá-las e determinar suas tonalidades relativas. Observar as formas das escalas menores melódicas e harmônicas. Tons sinônimos em melodias adequadas. Observar, em melodias dadas, os intervalos maiores e menores, aumentados e suas inversões. Explicação, em melodias apropriadas, dos grupos alterados, salientando a sua função e aplicação. Sincopas. Em melodias dadas, em compassos compostos, mostrar que o gênero de cada melodia varia de conformidade com o compasso. Solfejo de melodias a três vozes, em compassos simples e compostos. Recapitulação das noções sobre claves, tratando especialmente da clave de fá. Instrumentos e vozes em que se usa a clave de fá. Dadas melodias em tons diversos, transportá-las para tons diferentes. Explicação das vantagens dessa operação musical. Exercício de transposição. Problemas de transposição subordinados aos casos: dada uma melodia, pedir a sua transposição, e dada a transposição e os elementos que a determinaram, descobrir a melodia transportada. Solfejo de melodias em compasso simples e compostos em diversos tons. Fazer observar os andamentos e os sinais de expressão em melodias solfejadas. Recapitulação dos graus alterados, ornamentos, apogiaturas, trinados, mordente, porlamento, arpeio, em melodias solfejadas e analisadas. Execução mais apurada das peças cantadas durante o ano. Terceiro ano Este ano é destinado especialmente à prática do Orfeão. Folclore nacional; sua utilidade ligada à música e história das artes. E' neste período que se torna mais suave e atraente, para mestre e aluno, o ensino da Música. Os primeiros fruem, na facilidade relativa com que os segundos interpretam as peças musicais, a compensação ao labor dos anos anteriores. Apertam-se mais os elos de compreensão mútua, que se estabeleceram no decorrer de uma convivência mantida em atmosfera de tranqüilas emoções estéticas. Atinge-se o limiar da arte pura: Palestrina, Rameau, Mozart, Beethoven, Shumann, Nepomuceno, Vila-Lobo… Nas sessões dos Grêmios musicais, estes nomes já foram pronunciados, mas com significação vaga e relativa. Agora o trabalho lento e paciente já produz seus frutos, e os nomes dos mestres cujos retratos ornam as paredes da Sala de Música, desenhados pelas alunas, tornam-se ainda familiares. E conveniente, pois, dar maior vida ao Grêmio Musical, promovendo audições repetidas, durante as quais se estudam, mais detalhadamente, as biografias, o histórico das peças, (quando possível), e, sobretudo, se apura o ouvido na diferenciação das escolas pelas afinidades que aproximam os compositores. Estes, pelas suas tendências, definirão mais claramente para as alunas, no futuro, os períodos em que vieram, sofrendo a fatalidade das transformações sociais e a sugestão da literatura. É, pois, conveniente introduzir no repertório do 3.º ano, peças de autores filiados a todas as escolas, mas de acordo com a capacidade dos membros do Orfeão. Ainda agora se deverá manter a Orientação dos anos anteriores. Porque os alunos são capazes de cantar trechos musicais com relativa facilidade, não é razoável que se ponha de parte a teoria que lhes facilita isto. E' bom deduzi-las sempre das peças, ainda que seja a título de recapitulação. Também não serão esquecidos os exercícios de vocalização, mais ampliados do que nos anos anteriores, deduzidos das canções e feitos a duas, três e mais vozes. Todas as vezes que se estuda uma composição musical, deve-se predispor favoravelmente os alunos, discorrendo sobre o compositor e os característicos de sua obra. Chamar-se-á também, a atenção, para a beleza da peça e a coerência dos pensamentos que tanto a letra corno a música sugere. A interpretação deverá ser insinuada com a justeza e a originalidade, necessárias para despertar no côro o desejo imediato de realizá-la. Habituar-se-á o Orfeão a fazer sempre, antes de cantar, um exercício respiratório de disciplina ("respiração imperceptível" de que se trata nas instruções gerais) que estabelece silêncio absoluto e permite a concentração precisa para uma execução, o mais possível, perfeita. III CURSO DE APLICAÇÃO Noções da história da música em geral e, especialmente, da música nacional. Análise crítica de trechos musicais para observação das regras estéticas da música. Especiais em gêneros de música. Notícias sobre os grandes compositores. Característicos e beleza da música nacional. Óperas de músicos nacionais. Traços biográficos com ilustração de compositores brasileiros de nomeada. Formação do orfeão no Curso de Aplicação. Estudo de músicas de diversos estilos e de valor artístico. Análise da composição que vai ser executada pelo orfeão, quando a espécie e ao gênero da música, de modo a ser interpretada conscientemente. Distribuição das partes pelas diversas vozes, depois de marcadas as frases musicais para o efeito da respiração. Solfejo das partes musicais respectivamente pelos sopranos, meio sopranos e contraltos. Estudo dessas partes com a respectiva letra, cada uma em separado, para serem depois contadas em conjunto. Execução geral, procurando-se obter, no conjunto, uma harmonia bem exercitada, afinada e medida. Apuração das obras de arte executada, até se conseguir que as vozes se combinem na harmonia necessária para dar a forma do canto em conjunto, concepção e vivo caráter artístico. PRÁTICA PROFISSIONAL É essa uma parte importante que, por si, justifica a inclusão da música no curso de aplicação, por isso que tem por objetivo a aquisição, por parte dos alunos, da técnica metodológica aplicável ao ensino primário. Para a conveniente audição de óperas e músicas clássicas, proporcionarão os grêmios escolares a vinda à Escola, de artistas e virtuosos, para se fazerem ouvir. Poderão utilizar-se, também, das vantagens de uma vitrola. COMPLEMENTO EDUCATIVO (Para ser realizado se oferecerem oportunidades, oportunidades, através dos grêmios e de outras instituições, e feito por audição). Canções populares — nacionais, portuguesas, espanholas, italianas, alemãs, russas, inglesas. Educação rítmica do ouvido — marchas, valsas, polcas, mazurcas, schottisck. Estudos dos timbres e da tessitura das vozes — baixo, barítono, tenor, Contralto, meio soprano, soprano. Música de uma e mais partes: solos duetos tercetos, etc. Gêneros de música: fantasias sinfonias músicas descritivas marchas fúnebres músicas sacras líricas bufas cômicas zarzuelas. óperas e operetas em diversas escolas nacionais e estrangeiras. Danças antigas: gavota minueto tarantela pavana giga Allemande Sarabanda passe-caille chaconne. Gênero clássico: Beethoven Mozart Paisielo Haydn Bach Scarlatti Marcello Cherubini. Gênero romântico: Wagner Chopin Mendelsshon Schumann Brahms Verdi Carlos Gomes Donizetti Bellini. BIBLIOGRAFIA Acompanham o presente programa uma lista de canções e hinos já adotados e selecionados e uma relação de livros e obras para consulta. O professor, de acordo com o critério já estabelecido, escolherá, livremente, dentro da relação apresentada, as peças que tiver de adotar na Escola. O mesmo fará quanto aos livros a serem usados. SOLFEJOS Curso de adaptação João Baptista Julião — Melodias Escolares, Vol. I. Fabiano Losano — Alegria das Escolas. Fabiano Losano — Antologia Musical. (1.ª parte) Danhauser — Solfejo 1 A. Curso preparatório João Baptista Julião — Melodias Escolares — Vol II. Celeste Jaguaribe — Solfejo especial para orfeão. Danhauser — Solfejo 1 E, 6 A e 6 B. João Gomes de Araujo — Método de Orfeão. Fabiano Losano — Analogia Musical. (2.ª parte). Georges Braun — Lições de Solfejo (3 vozes). OBRAS CORAIS DE CANTO ORFEÔNiCO PARA O CURSO DE ADAPTAÇÃO A uma voz Hino Nacional — Francisco Manoel. Brasil Unido (Hino) — Plínio Barreto. Hino à Bandeira — Francisco Braga. Hinos nacionais e estrangeiros — Luiza Ruas. Reloginho, reloginho — Francisco Braga. Cantos escolares — João Berfield. Marcha, soldado... ou Vamos, crianças, Despertar, Ciranda, cirandinha, Nosso recreio e Hino ao sol do Brasil — Lucilia G. Villa-Lobos. Tão dôce luz — Sylvio Salema. Seis canções brasileiras — V. Lima e S. Ross Estudai, estudai — F. de Freitas. Dona Sancha — Ceição de Barros. Alvorada (60 cantos escolares) — Fabiano Losano. Na roça — João Gomes Junior. Sinos — Armando Lessa. Ciranda, cirandinha (coleção) — João Gomes Junior e J. B. Julião. Hino às árvores — João Gumes Junior. Hino á noite — Beethoven, arr. de Ceição de Barros A duas vozes Orfeão escolar — Celeste Jaguaribe. Alvorada (60 cantos) — Fabiano Losano. Juventude — Tebaldi. Bilac (hino) — João Gomes Junior. Acalentando — Sylvio Salema. Les contes d'Hauffmann — Offenbach. Terra natal — Mozart, arr. de H. Vila-Lobos. Bisonha madrugada — Haydin, arr. de Vilia-Lobos. O tamborzinho (em dó menor) — Rameau, arr. de H. Vila-Lobos Nossa música (6 canções para orfeão a 1 e 2 vozes) — João Gomes Junior. Seis canções infantis — João Gomes Junior. Hino Nacional — Francisco Manoel e H. Vila-Lobos Hino Nacional — Francisco Manoel, arr. de Barroso Netto. Hino à Bandeira — Francisco Braga, arr. de H. Villa-Lobos. Oração e Recompensa — Celeste Jaguaribe. Canções brasileiras: (A madrugada, o Sabiá, Natal, Festa na roça, Pescador, Pequeno pescador e Pirolito) — João Gomes Junior. A três vozes Marcha, soldado.. ou Vamos, crianças, Despertar e Ciranda cirandinha; Nosso recreio — Lucília G. Vila-Lobos. Orfeão Escolar — Albuquerque da Costa e Otávio Bevilacqua. Sinos — Armando Lessa. Orfeão escolar — Celeste Jaguaribe. Hino à noite — Beethoven, arr. de Ceição de Barros Juventude — Tebaldini. Alvorada (60 cantos) — Fabiano Losano. Acalentando — Sylvio Salema. Terra natal — Haydn, arr. de H. Villa-Lobos. Risonha madrugada — Haydin, arr. de H. Vila-Lobos. O tamborzinho (em dó menor) — Rameau, arr. de H. Vila-Lobos. O ferreiro — Antolisei. Além do cancioneiro e Hinário oficiais. OBRAS CORAIS DE CANTO ORFEÔNICO PARA O CURSO PREPARATÓRIO E O DE APLICAÇÃO Vozes selecionadas e classificadas: A uma voz Hino Nacional — Francisco Manoel. A marselhesa Rouget de Lisle. Hino à Bandeira — Francisco Braga. Hinos nacionais e estrangeiros (coleção — Luiza Ruas. O coração e os olhos, Gondoleiro do amor, Saudades — João Gomes Junior. Quem sabe? — Carlos Comes. A duas vozes Hino Nacional — Francisco Manoel, arr. de H. VilIa-Lobos. Hino Nacional — Francisco Manoel, arr. de Barroso Netto. Hino à arte — Dr Carlos de Campos. Hino à Bandeira — Francisco Braga, arr. de H. Vila-Lobos. A caução da noviça — Antolisei. Canção do amor — A. Nepomuceno. Coema Piranga — J. Gomes de Araujo. Canção sertaneja, As rolas — M. Lima. Não me deixe — J. B. Julião. Batuque em São Paulo — Ed. Souto. Orfeão escolar (3 séries) — João Gomes Junior. Sinos — Armando Lessa. O ferreiro — Antolisei. Dorme — Gomes de Araujo. A juventude — Tebaldini. Hino à Santa Cecília — Gounod. Canção do marceneiro — H. Vila-Lobos. Elmo Normalista — J. B. Julião. Acalentando — Sylvio Salema. Canção do exílio — João Gomes Junior. Hino à noite — Beethoven, arr. de Ceição de Barros. Invocação à Cruz — Alberto Nepomuceno. Cantiga sertaneja — J. Gomes Junior. Brasil — J. Gomes de Araujo. Landi alia Vergini — Verdi. A três e quatro vozes Orfeão escolar (3 séries) — João Gomes Junior. Os moinhos e Minha Mãe — Beethoven. Hino à Arte — Dr. Carlos de Campos. Canção da saudade — H. Villa-Lobos. Fonte dos amores — João Gomes Júnior Hino ao trabalho — Duque Bicalho. Adeus ! — Schubert, arr. de Albuquerque da Costa e Otávio Belivacqua. Noturno — Paulo Florence. P'ra frente, ó Brasil — H. Vila-Lobos. Andorinhas — João Gomes Junior. As costureiras, Cantiga de roda — H. Villa-Lobos. O Rio — Dogliani. Hino à Santa Cecília — Gounod. Hino á noite — Beethoven, arr. de Albuquerque da Costa e Otávio Bevilacqua. A Paz — Barroso Netto. A Lenda do Rio Negro — João Gomes Junior O ferreiro — Barroso Netto. Cantigas — João Gomes Junior. Baile na flor — Alberto Nepomuceno. La Boscaiuola (A sertaneja), Canções escolares (3 séries) — João Gomes Junior. Tango Brasileiro — Alex. Levy. Orfeão escolar — Celeste Jaguaribe. Suspiros (canção brasileira) — João Gomes Junior. Noturno — Paul Florence. Canção do exílio e Barcarola — João Gomes Junior. Sylvia (Pizzaciato Scherzettino) — L. Delibes arr. de João Gomes Junior. Reverie — Schumann, arr. de H. Villa Lobos. Na risonha madrugada — Haydn, arr. de H. Villa Lobos. Férias, Primavera do Brasil, Oração, Contos cantados, História complicada, Canon sem palavras e Minuetto, Barroso Netto. Moderato — Haydn. Terra natal — Mozart. O contratador de diamantes — F. Mignoni. O tamborzinho — Rameau. Adagio — Mendelsshon. Fuga (sem palavras) — Barroso Netto. O murchar das rosas e cantos escolares — H. Faustino. Além do Cancioneiro e Hinário oficiais. Côro misto Padre Nosso — Glauco Velasquez. Reverie — Schumann, arr. de Vila-Lobos. Mottetto —- Palestrina. Kirie — José Maurício. Iphigenie in Aulis — G. G. Gluk. Festiva — Beethoven. História complicada — Barroso Netto. Fuga n. 1 — Barroso Netto. Prelúdio 22 — G. S. Boile. Pátria — Villa Lobos. Elegie — Massenet. Livros para consulta Storie della Musica nel Brasile — Vicenzo Cumicchiaro. La Musques, ses lois, son évolution — Jules Combarieu. Histoire de Ia Musique — Lavignac. História do Canto Coral — Octavio Bevilacqua. L'éducation methodique de l'oreille — André Gédalge. Metodologia — A. Carbonelle Migal. La voix profissionelle — Pierre Bonnier. Memoires ou Essais sur Ia Musique — Gretry. O Canto nas Escolas — Branca de Carvalho Vasconcellos (Revista do Ensino — 1926 e 1933) Aulas de Música — João Gomes Junior. Theorie de Ia Musique — Danhauser. Pontos de Música — J. Octaviano. O canto escolar — Fred. Bieri. História da música brasileira — Renato de Almeida. Notions scolaires de Ia musique —- A. Lavignac.

Decreto Estadual de Minas Gerais nº 10.821 de 29 de abril de 1933